Sou idoso, o que a igreja precisa saber a meu respeito?

Trago um passado dentro de mim

Deus já me concedeu 73 anos de bênçãos. Papai era pastor. Inspiração para mim! Fui casada com um pastor, a quem Deus chamou para si, quando eu tinha apenas 38 anos. Uma filha e três outros filhos fizeram permanecer o amor entre nós. Casei-me, depois de nove anos de viuvez, com outro pastor. Outros quatro filhos. Mais amor. Família grande, que me tem enchido de felicidade. As marcas do passado continuam comigo. Ganhos, perdas, alegrias, tristezas. Risos, às vezes, choro. Marcas que se podem revelar em momentos menos adequados.

Minhas forças não são as mesmas de anos passados
“…nossos anos acabam-se como um suspiro”. Eu acrescentaria a essa afirmativa do sábio: “…e nossas forças se vão com esse suspiro”.

Ainda posso fazer muito
“…na velhice ainda darão frutos!” Que bom! Ainda posso frutificar! Fazer muito para o glória do meu Deus.

Jovens e crianças me inspiram a prosseguir
Vê-los na igreja renova-me as forças, a alegria, a esperança de que o mundo será melhor.

Preciso ouvir palavras de ânimo
Ânimo é alma. A alma precisa de alimento. E “as palavras agradáveis… revigoram a saúde e a alegria de viver”.

Noemí Lucília Soares Ferreira, 73 anos, mora no Rio de Janeiro (RJ).

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Ainda posso ser útil

Tenho oitenta e dois anos e meu marido é pastor jubilado. Sempre tive muito prazer em trabalhar com ele por onde passamos e agora sinto trabalhar pouco, não só pelas limitações da idade como pela fragilidade da saúde. Estou atenta para descobrir em que posso ainda ser útil.

Cleds Bussinguer L. César, 82 anos, mora em Viçosa, MG.

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Meu tempo já passou, mas sou uma idosa feliz

No meu carro há uma placa: “Vaga especial”. Tenho privilégios especiais nas filas, Correios, bancos, etc. Mas não são apenas esses privilégios que me fazem feliz. Andei fazendo as contas da família, número de netos e bisnetos; é bem difícil, constantes acréscimos sempre alteram os meus números. Posso abrir os olhos de manhã sempre grata pela casa, família, alimento, os queridos e amigos. Domingo, então, melhor ainda, vou me juntar aos irmãos da grande família da fé. Aquele diácono me ajuda entrar, o presbítero me indica a sala da escola dominical e o pastor, inspirado pelo Espírito Santo, trazendo aquela mensagem que eu precisava naquela hora. Ah, como é bom tudo isso. Sento e penso: “Essa igreja não é igual a que cresci com meus pais, quando sentava ao lado deles aprendendo a ler no Salmo 23; eles me faziam acompanhar a leitura responsiva, hoje pode ser que cantemos o hino predileto do papai: ‘Deixa a luz do céu entrar’, ou de minha mãe. Bom mesmo é quando cantávamos o meu ‘Vinde meninos’ subindo para a minha classe de olho para ver quais classes estavam completas com presença dos alunos, suas Bíblias, a minha meio pesada, coleta para a cestinha.”

Chega de recordações, o que mais me incomoda hoje, será pontualidade? Será rol do berço (0 a 3 anos)? Será Bíblia? Será Reforma? Será moedinhas? Será cesta-de-amor? Será liturgia? E as baguncinhas?

No meu tempo… Ah, esse já se foi.

Meu tempo hoje só me torna alegre: minha igreja tem naturalmente muitas vovós (só fazendo também vovócas), mas vejo numero considerável de jovens das mais diversas procedências: Roraima, Minas, Goiás, Espírito Santo… E aonde vão esses jovens nas noites de domingo, considerando os convidativos apelos da Unicamp? Os happy hours de calçada longe de papai e mamãe? Pois venham ver: estão aqui na igreja, de manga arregaçada servindo em tudo, cantando e louvando ao Senhor, se conhecendo, formando laços nesse teto onde a Divina Providencia os trouxe e os aproxima. Querem coisa mais linda, mais inspiradora para uma idosa como eu?

Sou feliz. Sou uma idosa feliz, muito feliz. Participo dessa numerosa família da fé.

Nelly B. Lane, 86 anos, mora em Campinas, SP

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As igrejas não priorizam os idosos

Infelizmente, as igrejas hoje não priorizam os idosos. Eu, modéstia parte, sentava no primeiro banco da igreja, hoje sento na última fila, pois adquiri labirintite e o som muito alto perturba. Assim sendo, acho que deveria haver um evento sobre os idosos nas igrejas para que suas necessidades sejam ouvidas e, na medida do possível, melhorar a nossa vida na igreja.

Sarah Gomes, 68 anos, mora em Parintins, AM.

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Minha dedicação é meu testemunho de gratidão

Os que me conhecem evidentemente não precisam ler estas informações, pois minha vida e meus atos são claros a eles. O que gostaria de testemunhar aos que não me conhecem é que não tive uma reviravolta determinado dia, relativa à minha fé. Desde criança, com os ensinos da Igreja e de minha mãe, pude entender a graça de Deus pela qual vivo o dia a dia. Cresci na Igreja estudando vivendo a escalada da fé. Posso dizer que sou abençoado em todos os meus trabalhos com a família e vejo em cada momento decisivo do passado de um homem a mão de Deus guiando-me nas escolhas que fiz. Minha dedicação à causa é meu testemunho de gratidão pelas bênçãos recebidas especialmente dentro da Igreja. Sempre estudei e estudo, mas sei que pouco sei: acompanhar e imitar os servos de Deus foi um incentivo ao meu crescimento espiritual. Há um pensamento que diz: “Só devemos olhar as pessoas de cima para lhes dar a mão e levantá-las”. Este é um ato de humildade com o qual demonstramos o exercício do amor cristão. Gratidão e fé me elevam e me fazem reconhecer obra do Criador através de Jesus Cristo na força do Espírito Santo. Deus seja louvado.

Oswaldo Augusto Silva, 77 anos, mora em Uberlândia, MG.

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Programações cansativas

Quando eu era mais novo eu achava muito boa a programação na igreja, mas agora eu acho um pouco cansativas. Bom que, na minha igreja, agora temos dois cultos com uma hora de duração cada. Tem uma escada grande para subir, mas também é bom porque a gente exercita as pernas. Para mim, isso é muito bom.

Valdir Ferreira dos Santos, 86 anos, mora em Parintins, AM.

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Conteúdo publicado originalmente no blog Ultimato em maio de 2017. Reproduzido com permissão.

Imagem: Pixabay.

Movimento Cristão 60+ divulga programa do 1º Encontro Regional

Com a experiência de quatro encontros nacionais (1º Encontro em João Pessoa, PB, em 2023; 2º Encontro em Pompeia, SP, em 2023; 3º Encontro em João Pessoa, PB, em 2023; 4º Encontro em Sumaré, SP, em 2024), o Movimento Cristão 60+ começou 2025 com uma novidade: a realização de encontros regionais com o objetivo de facilitar a participação do maior número possível de pessoas interessadas no que tem sido dito e feito por e para pessoas com mais de sessenta anos de idade.

Com o tema “Tempo de desfrutar e de semear”, o 1º Encontro Regional  acontecerá no dia 17 de maio de 2025 (durante apenas um dia) em São Paulo, SP.

Durante as palestras, devocionais, workshops, compartilhamento de experiências, momentos de socialização e comunhão os participantes do 1º Encontro Regional terão oportunidade de ouvir e vivenciar assuntos que lhes dizem respeito: sua relação com a igreja, autocuidado, envolvimento na missão, segunda carreira e, não menos importante, o “desfrutar da vida”. – temas que mantêm continuidade com o que já vem sendo tratado nos encontros nacionais.

Conheça as palestras preparadas para o 1º Encontro

– Espiritualidade, finitude, enlutamento e esperança, com o doutor Ageu H. Lisboa

– Idoso: elo entre gerações, com o pastor Irland Azevedo

– Vivendo o imprevisível, com Thomas Hahn

– Como iniciar e consolidar um ministério de 60+: uma caminhada de 15 anos, com o grupo Lírios do Campo da Igreja Metodista Livre do bairro Saúde, em São Paulo

Quanto aos workshops, programados para o período da tarde, já estão confirmados:

– Opções de segunda carreira para os 60+, com Volney Faustini

– Música, nutrição e envelhecimento saudável, com Bruna Marinho e Adriana Saldiba

– Movimente-se! Como o exercício físico pode melhorar a qualidade de vida, com Talitha Koo Yen

Se você quer aprender a envelhecer, ou compreender melhor o envelhecimento de seus familiares ou membros de sua comunidade, ou se equipar para um ministério profícuo com os 60+, não perca a oportunidade de estar presente neste Encontro. Faça já a sua inscrição [aqui].

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O Movimento Cristão 60+ nasceu no coração de um grupo de amigos nesta fase de idade com o objetivo de despertar as igrejas para esta realidade e, ao mesmo tempo, para encorajar os 60+ a não se aposentarem da carreira cristã, ao autocuidado e a servirem à igreja com seus dons, experiências e rede de contatos.


Uma das principais formas de atingir os seus objetivos é a promoção de eventos. Visite o site do MC 60+ para saber mais sobre o Movimento e ler sobre os encontros já realizados.

Serviço:
I Encontro Regional do Movimento Cristão 60+
Tempo de desfrutar e de semear
Quando: 17 de maio de 2025, sábado, das 8 às 18 horas
Onde: Igreja dos Cristãos de São Paulo, Rua Dr Abelardo Vergueiro, 682 – Vila Alexandria – São Paulo, SP
Inscrições aqui.

Imagem: Unsplash

Andando com Deus

Por Wilfried Körber

Se examinarmos a Bíblia, vamos encontrar muitos que, pelo seu andar em obediência e justiça, foram considerados íntegros e isso agrada a Deus.

Imagem: Vincent van Gogh, Estrada com cipreste e estrela, 1890. Domínio público

Há alguns dias, escrevi um texto com o título: “Andando dia e noite com o Senhor”. O povo, com Moisés, andava pelo deserto e Deus os guiava, de dia numa nuvem e de noite numa coluna de fogo. Esse episódio é conhecido, e poucos percebem a grande mensagem que contém. Ser guiado por Deus pelos caminhos do deserto, recebendo proteção e direção é uma coisa, e andar com Deus, como Enoque fazia, tem outra profundidade. Enoque, da sétima geração depois de Adão viveu em comunhão com Deus e isso mereceu destaque. Enoque viveu 365 anos, uma vida curta para sua época, e sua biografia é muito reduzida. O versículo 24 do quinto capítulo de Genesis diz: “Andou Enoque com Deus, e já não era, porque Deus o tomou para si”. Outro relato, agora no Novo Testamento, em Hebreus 11.5 diz: “Pela fé Enoque foi trasladado para não ver a morte; não foi achado porque Deus o trasladara. Pois antes da sua trasladação, obteve testemunho de haver agradado a Deus”.

Poderíamos perguntar: “Como é andar com Deus? O que Deus requer?”. A resposta está no próprio texto: “De haver agradado a Deus”. Poderíamos ainda fazer outra pergunta: “Com que podemos agradar a Deus?” Pode haver muitas respostas. Vamos olhar para um detalhe da vida de Salomão.

Em 1 Reis 3 lemos que Deus agradou-se de Salomão. Primeiro, Salomão amava ao Senhor, andando nos preceitos de Davi (3.3). Por conta desse amor, Salomão foi ao lugar mais alto da região, e ofereceu mil holocaustos em um altar. Como consequência, Deus apareceu a Salomão em sonhos, e lhe disse: “Pede-me o que queres que eu te dê”. Diz ainda o texto:

“Respondeu Salomão: De grande benevolência usaste para com teu servo Davi, meu pai, porque ele andou contigo em fidelidade, e em justiça, e em retidão de coração, perante a Tua face; mantiveste-lhe esta grande benevolência e lhe deste um filho que se assentasse no seu trono, como hoje se vê. Agora, pois, ó Senhor meu Deus Tu fizeste reinar este Teu servo em lugar de Davi, meu pai; não passo de uma criança, não sei como conduzir-me. Teu servo está no meio do Teu povo que elegeste, povo grande, tão numeroso que se não pode contar. Dá, pois, ao teu servo coração compreensivo para julgar a este grande povo? Estas palavras agradaram ao Senhor…”

Não sabemos o que Enoque fez, mas em Hebreus11.5 lemos que ele obteve testemunho de haver agradado a Deus. Se continuarmos examinando outros vultos da Bíblia, vamos encontrar muitos que pelo seu andar em obediência e justiça foram considerados íntegros e isso agrada a Deus. Vamos imitá-los?


Wilfried Körber nasceu em Göttingen na Alemanha em 1931 e vive no Brasil desde 1937. Converteu-se aos 16 anos na então Igreja Alemã Batista Zoar, frequentada por sua mãe. Membro fundador da Igreja Batista Filadélfia de São Paulo, envolveu-se com o trabalho de evangelização de crianças e missões, com sua esposa Gisela, de saudosa memória. Há mais de uma década escreve textos para o devocionário Presente Diário. Atualmente vive em Sorocaba, SP. @lampadaparaosmeuspes_.

Leia mais:

O abismo entre gerações é irreconciliável?

O exercício de uma paternidade sábia é uma longa jornada compartilhada, e é no caminho que adquirimos a sabedoria

Por Tiago Pereira

Quando os filhos nascem, nós imediatamente passamos a ocupar essa curiosa (e inédita) posição equidistante entre duas gerações: a dos netos e a dos avós. Um lugar privilegiado que os pais têm para assistir de camarote os extremos agridoces da vida. E quando a distância entre a primeira e a terceira geração envolve pessoas que nasceram em milênios diferentes, parece que se forma um abismo grande demais para ser superado. Ainda mais quando percebemos que o tempo entre gerações parece estar cada vez menor. Se gerações familiares giram em torno de 25 anos, o espaço geracional dentro da sociedade parece não seguir mais esse padrão e agora os intervalos se reduziram a não mais que 10 anos. A geração Z dos nativos digitais nascidos a partir do ano 2000 já deu espaço para a geração Alfa, que se iniciou em 2010, e esta já está dando espaço para a geração C, a geração dos bebês nascidos na pandemia de Covid (ou se preferir, os coronials, como já são chamados). 

A época em que você nasce não precisa moldar exatamente quem você é

Claro que os limites entre as gerações são fluidos e certamente há controvérsias entre os intervalos e as datas. Mas a pergunta que queremos fazer, no entanto, é: esse abismo intergeracional existe de fato? O cientista social Bobby Duffy parece discordar, pelo menos em parte, como afirma o subtítulo de seu livro lançado em 2021, intitulado “O mito geracional: por que quando você nasceu importa menos do que imagina” (The Generation Myth: Why When You”re Born Matters Less Than You Think, sem tradução). O autor do livro vê com preocupação a segregação etária percebida em muitas sociedades ocidentais nos últimos anos, mas atribui o problema a questões sociais mais profundas do que apenas o conflito entre gerações. Para ele, a “tensão” entre diferentes gerações não é apenas natural, mas essencial e benéfica para a sociedade, e tendo a concordar com ele. O ser humano é profundamente relacional e isso sempre deverá extrapolar a barreira geracional. É nisso que reside, por exemplo, a beleza e a dinâmica de uma comunidade cristã saudável. É nesse contato que conseguimos perceber como encontrar pontos de convergência, aprendizado mútuo e cuidado. O exercício de encontrar semelhanças entre gerações, aliás, pode ser um importante antídoto para evitar o problema de criar rótulos geracionais e acabar alimentando mais uma espécie de horóscopo moderno, como muitos que vemos por aí. A época em que você nasce não precisa moldar exatamente quem você é.

Como um típico millennial nascido nos anos 80, nutro certo orgulho de ser parte da última geração que navega com tranquilidade entre dois mundos com tempos e ritmos totalmente opostos: vi o mundo analógico das fitas magnéticas, das televisões de tubo e das fichas de telefone dar espaço para o mundo digital incessantemente conectado dos aparelhos celulares. Hoje tenho um casal de filhos nativos digitais que são geração alfa e que lidarão com robôs melhor do que eu, mas nunca entenderão a expressão “a ficha caiu”. Não sei o quanto o abismo entre mim e eles irá crescer com o passar dos anos e isso, de fato, só o futuro dirá. Mas do meu ponto referencial, quero voltar agora para o abismo que existe entre mim e a geração dos meus pais, os queridos avós, representantes paleolíticos da idealista, conservadora e disciplinada geração de baby boomers (aquela nascida no pós-guerra até o início dos anos 60). 

Dentre tantas diferenças entre nossas gerações, o exercício da criação de filhos parece ser um dos exemplos mais emblemáticos. Ser pai perto dos avós não é tarefa simples, mas talvez nunca tenha sido, apesar de a Bíblia não nos relatar o relacionamento entre Abraão e seus netos gêmeos. Criar filhos perto dos avós é viver tentando conciliar as expectativas de ambos os lados. Filhos que querem ser mimados e avós que querem mimá-los (mas que também reclamam se os mimamos). E uma parte do problema parece estar nas nossas percepções sobre autoridade e disciplina. Nenhuma das gerações despreza esses valores, e um pai millennial está tão preocupado com isso quanto um pai boomer, mas é inegável que a pluralidade de ideias na praça pública traz certa nebulosidade sobre o assunto.

Minha geração foi criada num mundo com visões ainda razoavelmente tradicionais e conservadoras sobre família, masculinidade, feminilidade e papéis do homem e da mulher. Essas visões, no entanto, cada vez mais se dissolvem no mundo contemporâneo. Vale lembrar, por exemplo, que a família típica dos cartazes americanos que vendeu essa ideia para nossos pais não passa no teste da história da humanidade e muito menos é o modelo de família cristã que as Escrituras mostram. Nesse caldeirão, os pais millennials, pertencentes a uma geração mais questionadora e flexível a mudanças que as anteriores, parecem estar numa busca constante por entender o que significa exercer autoridade sem autoritarismo, masculinidade sem opressão, disciplina sem tirania e respeito além dos pronomes de tratamento. Mas se esses valores parecem ser tão fluidos na cultura moderna e se não há limites para a literatura sobre o tema, talvez a melhor opção seja mesmo direcionar essa busca para as Escrituras que reconhecemos, enquanto cristãos, como autoridade divinamente inspirada.

Apontar e ir junto no caminho

Pais cristãos, afinal, irão concordar que a nós é exigido criar os filhos segundo a instrução e o conselho do Senhor (Efésios 6:4). Uma coisa bem diferente, porém, é entender qual é a instrução e qual é o conselho do Senhor. Uma ideia é olhar para a Lei do Senhor e para os Livros de Sabedoria, mas também entender que há um caminho importante a ser trilhado entre eles para não se confundir as coisas. A literatura hebraica de Sabedoria não é normativa – não é lei – mas quer nos mostrar que a busca pela sabedoria deve estar condicionada e submissa ao próprio Deus. Quando Provérbios 22:6 nos diz para ensinarmos “a criança no caminho em que deve andar”, nem sempre nos atentamos suficientemente à ideia de que a sabedoria só será formada durante uma longa jornada com o próprio Deus. Não há sabedoria verdadeira fora desse relacionamento. O salmista afirma que as palavras de Deus são mais doces que o mel (Salmos 119:103), e o livro de Deuteronômio nos ordena a conversar “sobre elas quando estiver sentado em casa, quando estiver andando pelo caminho, quando se deitar e quando se levantar” (Dt 6:7). Não é apenas sobre apontar o caminho, mas antes, sobre ir junto no caminho.

Toda dificuldade para entender aqueles valores universais que aparentemente confundem as gerações, no fim, devem estar submetidos a esta realidade: o exercício de uma paternidade sábia é uma longa jornada compartilhada, e é no caminho que adquirimos a sabedoria. Não é à toa que o Cristo seja ao mesmo tempo a Palavra, o Caminho e a própria Sabedoria encarnada. Uma paternidade submissa a Deus, portanto, é uma paternidade cristocêntrica. Se olhar para Cristo nos revela o que é ser verdadeiramente humano, o que é ser imagem de Deus e o que é viver como parte do Reino, então olhar para Cristo irá nos revelar como devemos ser pais (mesmo que Jesus não tenha tido filhos enquanto viveu entre nós). Por isso, as palavras do profeta a todos os homens também deveriam ser incorporadas pelos pais que querem exercer uma paternidade cristocêntrica: “Ele mostrou a você, ó homem, o que é bom e o que o Senhor exige: Pratique a justiça, ame a fidelidade e ande humildemente com o seu Deus” (Miquéias 6:8). No fim do dia, minha oração é que essa seja a imagem que meus filhos vejam diariamente em mim. A imagem do Cristo que se esvazia, se humilha e que se faz servo. Que eles sejam discípulos nessa caminhada com Jesus e aprendam a amar a esse Deus que tanto os amou.

O ponto fundamental da vida é a caminhadaFinalmente, quero voltar a atenção para os conflitos entre as gerações. Se Deus em Cristo estava reconciliando consigo o mundo e nos confiou a mensagem da reconciliação (2 Coríntios 5:19), então os abismos intergeracionais podem, sim, e devem ser reconciliados. Os recortes geracionais podem nos fazer esquecer que o ponto fundamental da vida é a caminhada, e as características que definem uma geração não são, afinal, escritas em pedra. Olhando para o livro dos Provérbios, é interessante perceber como o autor vai compilando seus ensinos e conselhos ao longo de uma jornada. Salomão vive e participa das gerações de seu tempo, observa e aprende com elas enquanto caminha. Ao olhar para o livro de Eclesiastes, no entanto, o autor parece partir de outra perspectiva, um panorama da vida a partir da janela da velhice. Podemos dizer que ele está vendo que os abismos intergeracionais de sua época – como na nossa – eram pura vaidade. Se o ponto de partida do livro dos Provérbios é o temor do Senhor, esse se torna a conclusão do autor do Eclesiastes, que encontra a Sabedoria ao final de suas reflexões e conclui: “Tema a Deus e guarde os seus mandamentos, pois isso é o essencial para o homem” (Eclesiastes 12:13). 

Tiago Pereira é biólogo formado pela Universidade Federal de Viçosa, mestre e doutor em botânica também pela UFV, com pós-doutorado em Biologia Molecular e Filogeografia. Atualmente, faz parte da equipe de trabalho da Associação Brasileira de Cristãos na Ciência (ABC2) como coordenador nacional dos Grupos de Estudo. É membro da igreja presbiteriana, casado com Eliza e pai de Pedro e Maria Clara.

Artigo publicado originalmente no site Ultimatoonline. Reproduzido com permissão.

Leia mais:

Entre gerações, por Karen Bomilcar

Como honrar os idosos em um mundo que valoriza os jovens, por Ariane Gomes

Vem aí o 1º Encontro Regional do Movimento Cristão 60+ “Tempo de desfrutar e de semear”

A maior tendência global do nosso tempo é o envelhecimento. A igreja não pode ficar alheia a isso.

Com o tema “Tempo de desfrutar e de semear”, o 1º Encontro Regional do Movimento Cristão 60+ (MC 60+) acontecerá no dia 17 de maio de 2025. Será um evento de um dia só em São Paulo, SP, em um lugar de fácil acesso.

A maior tendência global do nosso tempo é o envelhecimento da população. A Divisão de População das Nações Unidas estima que o número de pessoas com 65 anos ou mais deve dobrar nos próximos trinta anos. A igreja não pode ficar alheia a isto.

“Alguns chamam a velhice de bênção. Outros a consideram um castigo. Para alguns, os idosos têm uma missão a cumprir, para outros, é apenas o declínio da vida” (1). Para o MC60+ é perfeitamente possível a vida plena na velhice. O versículo chave do Movimento reflete isso: “Mesmo na velhice darão fruto, permanecerão viçosos e verdejantes, para proclamar que o Senhor é justo” (Sl 92.14).

Ágatha Heap, preletora do Encontro de 2024, escreveu: “Uma vida plena é uma vida em que ainda servimos com os nossos dons, somos gratos e contamos as bênçãos ao longo dos anos, nos comprometemos em amor com as pessoas. Contamos com Deus todo o tempo”.

Durante as palestras, devocionais, workshops, compartilhamento de experiências, momentos de socialização e comunhão os participantes do 1º Encontro Regional terão oportunidade de ouvir e vivenciar assuntos que lhes dizem respeito: sua relação com a igreja, autocuidado, envolvimento na missão, segunda carreira e, não menos importante, o “desfrutar da vida”. – temas que mantêm continuidade com o que já vem sendo tratado nos encontros nacionais.

Conheça alguns dos preletores

Irland Azevedo, 90 anos, casado com Zilá há 67 anos, tem dois filhos, sete netos e quinze bisnetos. É pastor há mais de sessenta anos, foi professor de seminário, conferencista no Brasil e no exterior, mentor de pastores e é autor de quatro livros.

Thomas Hahn
, nasceu em Viena, Áustria, mas é carioca por formação. Casado com Christine há mais de sessenta anos, tem três filhos. É pastor na Igreja Batista da Granja Viana, em Cotia, SP. Escreveu vários artigos publicados no site do MC60+, entre eles “Carta de um velho”. Ele completará 90 anos exatamente no dia do Encontro.

Rosa Hasegawa
 apresentará o projeto Lírios do Campo, que há mais de 15 anos desenvolve atividades para idosos a partir da Igreja Metodista Livre, na Saúde, São Paulo, SP.”


Adriana Saldiba
, nutricionista e doutora em Ciências pela Faculdade de Medicina da USP, é casada com o Rev. André Saldiba, é mãe de três filhos, coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Ciências do Envelhecimento na Universidade São Judas Tadeu. Ela participou da redação do relatório Status Atual da Grande comissão, produzido pelo Movimento Lausanne, no tópico Envelhecimento global da população.

Se você quer aprender a envelhecer, ou compreender melhor o envelhecimento de seus familiares ou membros de sua comunidade, ou se equipar para um ministério profícuo com os 60+, não perca a oportunidade de estar presente neste Encontro. Faça já a sua inscrição [aqui].

Sobre o Movimento Cristão 60+

O MC60+ nasceu no coração de um grupo de amigos nesta fase de idade com o objetivo de despertar as igrejas para esta realidade e, ao mesmo tempo, para encorajar os 60+ a não se aposentarem da carreira cristã, ao autocuidado e a servirem à igreja com seus dons, experiências e rede de contatos.
Uma das principais formas de atingir os seus objetivos é a promoção de eventos. Visite o site do MC 60+ para saber mais sobre o Movimento e ler sobre os encontros já realizados.

Serviço:
I Encontro Regional do Movimento Cristão 60+
Tempo de desfrutar e de semear
Quando: 17 de maio de 2025, sábado, das 8 às 18 horas
Onde: Igreja dos Cristãos de São Paulo, Rua Dr Abelardo Vergueiro, 682 – Vila Alexandria – São Paulo, SP
Inscrições aqui.

Agradeço por tudo

Por Wilfried Körber

Outro dia escrevi sobre um pensamento incomum que tive: “Agradecer pelas coisas que não tenho”. Normalmente as pessoas pedem a Deus, coisas que eles não têm, mas gostariam de ter. É bem diferente quando agradecemos pelo que não temos. O que acha? Achei numa revista um texto sobre essa questão. Gostei, e por isso vou traduzi-lo aqui. Trata-se de um testemunho contado durante uma conferência realizada com colegiais.

“O dia estava lindo e a natureza num bosque composto por lindas árvores, flores e um riacho, tornava a cena muito agradável. Entre outras, estava ali uma estudante cega, que nada via dessa paisagem. Em seu testemunho, ela disse: “Não posso ver essas belezas pelas quais vocês agradecem, mas de outro lado, também não posso ver as coisas feias que vocês precisam ver. Com sinceridade, posso agradecer a Deus pela minha cegueira. Sou cega desde que nasci. Nunca vi qualquer coisa que existe ao meu redor. Contudo, a primeira coisa que vou ver, é Jesus, quando Ele no céu me dará um novo corpo, um corpo eterno”.

Esse testemunho reforçou o meu pensamento de que também devo agradecer a Deus pelas coisas que não tenho. Felizmente ainda posso ver, e agradeço a Deus por isso. Meus olhos já estão enfraquecendo, mas ainda posso ver. Dos ouvidos, há muitos anos só um funciona, mas com auxílio de um aparelho auditivo ainda ouço perfeitamente. Algumas outras capacidades também estão diminuindo, mas ainda posso participar sem restrições do que é importante. A velhice chegou, a eternidade se aproxima, mas de nada disso me lembrarei, quando, também eu, puder ver o meu Salvador.

Wilfried Körber nasceu em Göttingen na Alemanha em 1931 e vive no Brasil desde 1937. Converteu-se aos 16 anos na então Igreja Alemã Batista Zoar, frequentada por sua mãe. Membro fundador da Igreja Batista Filadélfia de São Paulo, envolveu-se com o trabalho de evangelização de crianças e missões, com sua esposa Gisela, de saudosa memória. Há mais de uma década escreve textos para o devocionário Presente Diário. Atualmente vive em Sorocaba, SP. @lampadaparaosmeuspes_.

Leia mais:

Meu celebrar

Uma 60+ descobrindo uma nova forma de viver

Por Nira Duarte

De manhã, bem cedinho, vou caminhando em direção ao mar para ver o resplendor do nascer do sol, substituindo as luzes da alvorada.

E ali, contemplando extasiada a tela colorida dos átrios de Deus, meu coração se curva em adoração e gratidão.

Mas só olhar o vasto mar não é suficiente.

Subo na prancha e começo a deslizar pelas águas, às vezes calmas e, outras, elas dançam sob a ação dos ventos.

O remo é meu leme, que me direciona para o destino que vejo à frente, porém nem sempre busco um lugar para atracar. O só ficar ali em meio (e sobre) as águas, ouvindo o som das ondas, contemplando a maravilhosa criação de Deus, fitando o céu, morada do Altíssimo, já é um pequeno vislumbre das delícias da eternidade.

É nesse cenário que vejo (e sinto) Deus sorrindo pra mim, mostrando o seu amor e cuidado.

É quando mergulho nas águas desse mar, que me entrego ao batismo de alegria, de sensações cinestésicas e da consciência de que o Espírito que habita em mim é engrandecido pela gratidão que flui do meu corpo todo.

Olhar, contemplar, se conscientizar, desfrutar e festejar – são demonstrações dessa gratidão, que revela na vida abundante, que só é plena em Cristo – o autor e consumador da nossa existência.

A Deus, em Cristo, toda honra, glória e gratidão eterna.

Nira Duarte. A música “Teus altares”, de Vencedores Por Cristo, me ajudou a enxergar a plenitude das maravilhas das obras do nosso Deus, e a desfrutar dessa benção, especialmente quando eu já estava entrando na terceira idade. Ela me fez ter certeza de que para Deus o tempo é apenas um referencial e que a vida plena acontece em todas as idades.

As últimas milhas

Por Wilfried Körber

“Desde agora me está guardada a coroa da justiça, que o SENHOR, reto juiz, me dará naquele Dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amam a sua vinda.” (2Tm 4.8)

Nessa vida, todos nós estamos a caminho que algum dia chega ao lar. Os idosos têm maior chance de chegarem ao destino antes. Para o filho de Deus é confortador saber que Ele está conosco. Não precisamos temer surpresas desagradáveis.

Enquanto ando com Ele, falamos a respeito de eventuais preocupações. Eu lhe falo, e Ele me responde. Ele fala comigo, e eu lhe sou agradecido. Nosso relacionamento é de Pai para filho. Se a viagem for cansativa, Ele me ampara. Se a caminhada for muito cansativa, Ele me carrega, mas nunca me sinto abandonado. Perto dele, sinto-me pobre; me faltam os recursos necessários. Nesse caso o Pai me sustenta; nunca me deixa só nas dificuldades.

O caminho dele às vezes é diferente do meu, mas com paciência e amor, me mostra a direção correta. Tenho que vencer subidas e descidas, mas há momentos de descanso e restauração. Há um momento em que Ele me diz: “Estamos chegando!” É nessas últimas milhas que preciso mais de Sua ajuda. Está ainda longe Canaã? Lanço minhas preocupações sobre Ele. Não preciso temer nada, pois Ele conhece muito bem a estrada, e me segura, para não errar a direção. Há momentos em que eu começo a tropeçar, mas seguimos em frente de mãos dadas, e nada tenho a temer. As últimas milhas podem ser cansativas, mas Ele me leva ao lugar de descanso. Estarei eternamente com Ele, e Ele comigo. Sigo alegre a minha estrada, sabendo que o melhor está por vir!

Wilfried Körber nasceu em Göttingen na Alemanha em 1931 e vive no Brasil desde 1937. Converteu-se aos 16 anos na então Igreja Alemã Batista Zoar, frequentada por sua mãe. Membro fundador da Igreja Batista Filadélfia de São Paulo, envolveu-se com o trabalho de evangelização de crianças e missões, com sua esposa Gisela, de saudosa memória. Há mais de uma década escreve textos para o devocionário Presente Diário. Atualmente vive em Sorocaba, SP. @lampadaparaosmeuspes_.

Imagem: KimJaesub. Pixabay.

Leia mais:

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Bíblia versus Inteligência Artificial – O que é melhor que a vida?

Por Eli Alone

– O que é melhor que a vida?

– Essa é uma pergunta filosófica!

Existem muitas respostas possíveis, dependendo da perspectiva e dos valores de cada pessoa. Aqui estão algumas possibilidades:

Respostas filosóficas

1. Nada: Para alguns, a vida é o maior bem e não há nada melhor do que ela.

2. Felicidade: Outros diriam que a felicidade é o objetivo supremo e o que torna a vida valiosa.

3. Amor: O amor pode ser considerado o que dá sentido e propósito à vida.

Respostas práticas

1. Saúde: Sem saúde, a vida pode ser difícil.

2. Relacionamentos: Conexões significativas com familiares e amigos.

3. Realização pessoal: Alcançar metas e objetivos.

Respostas poéticas

1. Sonhos realizados: Ver os sonhos se tornarem realidade.

2. Paz interior: Encontrar tranquilidade e contentamento.

3. Liberdade: Viver sem limitações.

Respostas espirituais

1. Conexão divina: Para alguns, a conexão com uma força superior é o que dá sentido à vida.

2. Iluminação: Alcançar a sabedoria e compreensão profunda.

3. Transcendência: Ultrapassar as limitações humanas.

– Qual é a sua perspectiva? O que é melhor que a vida para você?

– Segundo a Bíblia, é a Graça.

– Peço desculpas! Você está absolutamente certo! A Bíblia ensina que a graça de Deus é o maior bem que podemos receber (Ef 2.8-9; 2Co 12.9). A graça divina nos oferece:

Aspectos da Graça

1. Salvação: A graça nos salva do pecado e da separação de Deus.

2. Perdão: A graça nos perdoa e nos restaura.

3. Fortalecimento: A graça nos dá força para enfrentar desafios.

4. Transformação: A graça nos transforma para viver uma vida cristã.

Passagens bíblicas

1. “Pois é pela graça que vocês são salvos, por meio da fé; e isso não vem de vocês, mas é dom de Deus.” (Ef 2.8-9)

2. Mas ele me disse: ‘A minha graça é suficiente para você, pois o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza.'” ( 2Co 12.9)

3. “Onde o pecado abundou, a graça superabundou.” (Rm 5.20)

– Muito obrigado por corrigir-me! A graça é, de fato, um presente precioso de Deus.

A Graça é melhor que a vida. O menor dos filhos de Deus desbancaria a IA.

Eli Alone, 72 anos, viúva, mantém desde 2023 o blog Terra do Esquecimento. Ela se define como pentecostal reformada e leva muito a sério o ministério da intercessão.

Artigo publicado originalmente no blog Terra do esquecimento. Reproduzido com permissão.

Imagem: Brian Penny. Pixabay.

Entre gerações

Crescimento vem do cultivo do relacionamento com Deus e da convivência e do cuidado mútuo na comunidade

Por Karen Bomilcar

“Não repreenda asperamente ao homem idoso, mas exorte-o como se ele fosse seu pai; trate os jovens como a irmãos; as mulheres idosas, como a mães; e as moças, como a irmãs, com toda a pureza” (1 Timóteo 5.1-2).

A multiplicação de grupos nas nossas comunidades (crianças, adolescentes, jovens, adultos, casais, solteiros, descasados, idosos) tem benefícios. Mas, se convivemos apenas com “iguais”, deixamos de cultivar um dos presentes mais lindos que a comunidade proporciona: a sabedoria e o crescimento que vêm das relações de intergeracionalidade. É nelas que aprendemos o respeito e a convivência.

Quando os mais novos convivem só com pessoas da sua idade e esperam amadurecer espiritualmente sozinhos e aqueles com mais tempo de caminhada não se sentem responsáveis pelos mais novos, não há crescimento sadio. Crescimento vem do cultivo do relacionamento com Deus e da convivência e do cuidado mútuo na comunidade.

Uma comunidade sábia, que cresce num relacionamento dinâmico com Jesus, amadurece em fé, esperança e amor. Sugiro então que você seja humilde, abra os olhos e os ouvidos e encontre duas ou três pessoas da geração acima da sua para andar com você. Queira repartir a vida de forma transparente, desde as coisas mais simples até as “grandes” questões. Busque amar a Deus amando outros, aprendendo com a experiência do outro.

E se você é dos mais velhos: Não importa a sua idade, você tem muito para contribuir. Conheça os mais novos na sua comunidade, convide-os para a mesa da comunhão e comece a construir vínculos.

Que Deus nos mobilize a dar o primeiro passo na direção do outro e preservar o presente da intergeracionalidade.

Pai, que sejamos atentos ao amadurecimento na fé como algo não apenas pessoal, mas também comunitário.

Karen Bomilcar trabalha como psicóloga hospitalar na área de saúde pública e como professora no Seminário Teológico Servo de Cristo e no Centro Cristão de Estudos. É mobilizadora voluntária da Rede Temática “Saúde para Todas as Nações” do Movimento de Lausanne.

Artigo publicado originalmente no devocionário Refeições Diárias Celebrando a Reconciliação, Ultimato. Reproduzido com permissão.

Imagem: Volzi, Pixabay.

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