Vem aí o 2º Encontro Regional do Movimento Cristão 60+

Com o tema “Morrer jovem o mais velho possível!” o encontro acontecerá em Recife, em setembro

O Movimento Cristão 60+ está preparando mais um encontro regional e, desta vez, os anfitriões são do Nordeste do Brasil.

À semelhança do 1º Encontro Regional – que aconteceu em São Paulo, no dia 17 de maio – o objetivo do 2º Encontro é facilitar a participação do maior número possível de pessoas da região interessadas no que tem sido dito e feito por e para pessoas com mais de sessenta anos de idade.

Com o tema “Morrer jovem o mais velho possível!”, o Segundo Encontro acontecerá no dia 20 de setembro de 2025, das 8 às 18 horas na Igreja Presbiteriana da Madalena, em Recife, PE. Os anfitriões, participantes do ministério Águias de Cristo, estão preparando uma programação que inclui plenárias, momentos de café e de almoço com tempo de qualidade para comunhão, oração e um momento especial de louvor nordestino.

Conheça os assuntos das plenárias

  • Desafios da pastoral do idoso ante o rápido envelhecimento da população, Pr. Robert Koo
  • Envelhecimento – alegrias e constrangimentos, com o Dr. Ageu Lisboa
  • De que forma os cristãos podem atuar de forma colaborativa para evangelizar a população que está envelhecendo?, Pr. Mariano Júnior
  • Levantem as mãos cansadas e fortaleçam os seus joelhos enfraquecidos, Pr. Lutero Teixeira da Rocha

Se você quer aprender a envelhecer, ou compreender melhor o envelhecimento de seus familiares ou membros de sua comunidade, ou se equipar para um ministério profícuo com os 60+, não perca a oportunidade de estar presente neste Encontro. Clique aqui e faça sua inscrição.

O Movimento Cristão 60+ nasceu no coração de um grupo de amigos nesta fase de idade com o objetivo de despertar as igrejas para esta realidade e, ao mesmo tempo, para encorajar os 60+ a não se aposentarem da carreira cristã, ao autocuidado e a servirem à igreja com seus dons, experiências e rede de contatos.


Uma das principais formas de atingir os seus objetivos é a promoção de eventos. Visite o site do MC 60+ para saber mais sobre o Movimento e ler sobre os encontros já realizados.

2º Encontro Regional do Movimento Cristão 60+

Tema: Morrer jovem o mais velho possível

Quando: 20 de setembro de 2025, das 8 às 18 horas

Onde: Igreja Presbiteriana Madalena em Recife, Rua Real da Torre, 374 – Madalena, Recife, PE

Para inscrever-se, clique aqui.

Promoção

Movimento Cristão 60+

Águias de Cristo

Igreja Presbiteriana da Madalena

Apoio

Ultimato

Impactando vidas no processo do envelhecer

O maior desafio para o profissional de saúde cristão é trabalhar de forma integral com o idoso. Conhecê-lo é importante

Haniel Passos Eller, especialista em clínica médica e geriatria em Goiânia, GO, foi presidente do Médicos de Cristo (MDC) de 2014 a 2017 e continua ativo na associação, facilitando cursos e orientando novos líderes. Atualmente, é diretor executivo associado no International Christian Medical and Dental Association (ICMDA), atuando no apoio e desenvolvimento de médicos cristãos nas Américas e África de Língua Portuguesa.

Na entrevista a seguir, vamos conhecer mais de sua trajetória trabalhando com o envelhecimento.

MDC Revista:  Conte o que o levou a especializar-se em geriatria.

Haniel: A geriatria nunca tinha sido uma opção para mim. Eu digo que ela me escolheu, ao invés de eu tê-la escolhido. Fiz clínica médica pensando em ir para a cardiologia – o mesmo campo onde meu pai atua. Porém, durante a residência de clínica, descobri um mundo bem diferente daquilo que eu imaginava e muitas coisas das quais eu não fazia ideia, principalmente na área de cuidados paliativos. Isso me motivou a sonhar um pouco mais alto e sair um pouco fora do comum. A geriatria era uma coisa meio distantepara mim. Não conhecia muito da especialidade. Mas, durante a residência de clínica, resolvi fazer um optativo dentro dessa área. E me encantei pelo dia a dia. E, apesar de ver as dificuldades que um geriatra enfrenta no cuidado do paciente idoso, percebi que poucos médicos faziam aquilo. Não havia muitos médicos para o cuidado do idoso. Daí, eu pensei que essa era a área em que eu precisava atuar, justamente porque havia pouca gente fazendo. Vários colegas falavam: “Você tem todo o perfil de geriatria”. E como eu gosto muito da clínica médica e gosto muito da abordagem integral do paciente, de desafios diagnósticos, de reabilitação e de cuidados integrais, tudo isso me cativou. Tudo aquilo que eu acreditava para a medicina conseguiu se resumir na geriatria.

MDC Revista: Qual é o panorama do envelhecimento da população brasileira?

Haniel: O Brasil vive uma transição demográfica muito rápida: o que diversos países europeus levaram mais de cem anos para conquistar, o Brasil o fez em menos de vinte. Hoje temos mais idosos acima de 60 anos do que jovens até 14 anos. Aquela pirâmide já não pode mais se chamar de pirâmide. A base dela está mais curta, porque tem menos crianças nascendo, o meio dela está um pouco mais alargado e o ápice cada vez maior. Temos uma grande população de idosos acima de 60 que ultrapassa 30 milhões. Não deu tempo de prepararmos para isso. Já conseguimos perceber um gargalo em tudo isso.

MDC Revista: Quais os desafios que o país vai enfrentar com o aumento da população idosa?

Haniel: O Brasil já enfrenta os desafios de ter uma população envelhecida. Podemos ver um reflexo disso sem nem precisar olhar para os dados. Uma população idosa mais engajada, mais ativa no campo da política, da economia, idosos retornando ao mercado de trabalho mesmo depois de aposentados. O idoso de 70 anos de hoje em dia, não é mais aquele idoso de vinte anos atrás. Percebe-se uma mudança de paradigma gigantesca e inúmeras áreas precisam ser adaptadas frente a isso. Os idosos estão aí para ocupar espaços e devemos nos preparar para uma geração mais ativa e engajada na igreja, na política, em todos os campos. Precisamos incluí-los sem etarismo. Creio que esse é o maior desafio atual.

MDC Revista: Qual é o papel da igreja frente a esses desafios?

Haniel: A igreja sempre foi um espaço muito plural e devemos respeitar isso. A existência de diversos momentos dentro da comunidade, como momento para o jovem, momento para o idoso, culto para o idoso, culto para o jovem, culto para o bebê, culto para o adolescente, isso não existe. A nossa forma de cultuar a Deus e a nossa vivência como corpo de Cristo deve incluir gente de todos os tipos, jeitos e idades, principalmente. Então, acolher o idoso, aprender com ele e não segregá-lo. O papel da igreja é, principalmente, dar o apoio, como a Bíblia diz, ao órfão e à viúva, mas acolhê-los não no sentido de “venham aqui e fiquem nesse cantinho que eu não quero saber de vocês”, mas acolhê-los no sentido de incluí-los em tudo que é feito, tendo a paciência necessária para que eles se sintam bem nesse lugar. Não estou dizendo que isso é fácil, tanto que é um desafio para todos nós. Entender isso é compreender o envelhecimento como uma parte da vida, uma parte da jornada, uma parte da caminhada, e não algo a ser evitado ou que é pesaroso.

MDC Revista: Como profissionais de saúde cristãos podem fazer a diferença ao lidar com idosos?

Haniel: O desafio do cuidado integral é mais complexo ainda no idoso. O sistema de saúde caminha para consultas mais rápidas e com menos recursos. O desafio de um cuidado completo é cada vez maior, porque com idosos não dá para basear-se números. Importa mais a qualidade do que a quantidade. Claro que queremos ajudar o maior número de pessoas, e claro que queremos oferecer um cuidado de excelência, mas nem sempre temos essa disponibilidade. O maior desafio para o profissional de saúde cristão é esse: trabalhar de forma integral com o idoso. Isso pode ser minimizado principalmente conhecendo as particularidades do idoso, formas e métodos de comunicação rápidos e resolutivos. A geriatria não existiria se todas as especialidades conseguissem fazer a diferenciação necessária no cuidado do idoso. Claro que existem casos multicomplexos, mas cada profissional tem que saber fazer a sua parte com o idoso.

MDC Revista: Um braço da geriatria é a medicina paliativa. Essa lacuna parece ainda não estar preenchida no Brasil. Por quê? Como avançar nesse segmento?

Haniel: A medicina paliativa sempre foi muito conectada à geriatria. Durante o tempo de residência, nós passávamos por muitos estágios de medicina paliativa, onde abordávamos pacientes não geriátricos justamente porque essa área sempre foi ligada a geriatria. No entanto, nos últimos quinze anos, a medicina paliativa vem se desvinculando da geriatria e cresceu enormemente. Muitas especialidades começaram a entrar nesse ramo, e hoje ela não está mais restrita à geriatria. Ela está mais livre e disseminada, com residências e pós-graduações. Isso tem feito com que tenha essa maior penetração, especialmente em hospitais privados. A chave para o crescimento da medicina paliativa é a disseminação do conhecimento entre as diversas especialidades. O conhecimento só é conhecimento quando é compartilhado, e essa troca tem ajudado a aumentar a visibilidade da área. Hoje, vemos pediatras, cirurgiões e outros especialistas atuando em medicina paliativa, e isso tem sido muito positivo.

MDC Revista: Deixe uma mensagem final àqueles que trabalham ou gostariam de trabalhar com idosos.

Haniel:  É fácil fazer aquilo que amamos. Difícil é amar aquilo que fazemos. A geriatria não é algo fácil. Trabalhar com idosos é desafiador. O contato com familiares que não aceitam o processo de envelhecimento ou a finitude da vida pode ser desgastante. No entanto, é importante entender que Deus nos chama para fazer algo relevante, que é ressignificar a vida das pessoas e trazê-las para uma nova esperança. A geriatria é uma área com uma grande necessidade, e quem enxerga essa necessidade tem o chamado para atuar nela. Quando conseguimos ver o valor da vida de um idoso e o impacto que podemos causar, sabemos que estamos no caminho certo. Se você enxerga esse valor, você é necessário nesse campo. E, se você se sente chamado, o espero como colega para trabalhar e impactar vidas no processo do envelhecer.

Entrevista publicada originalmente na edição 006 da revista virtual Médicos de Cristo. Para ler a edição, clique aqui.

Imagem: Unsplash.

Leia mais:

>> Envelhecimento saudável, Jorge Cruz

>> Envelhecimento global da população, por Jason Mandryk, Tom McCormick & Adriana Saldiba

Um bom comportamento

“Seja você mesmo um exemplo de boas obras. No ensino, mostre integridade, reverência, linguagem sadia e irrepreensível!” (Tito 2.7,8)

Por Wilfried Korber

O ministério do apóstolo Paulo foi muito mais abrangente do que parece à primeira vista. Se sua primeira tarefa foi testemunhar o que Deus tinha feito em sua própria vida, a seguir sua tarefa era pregar o Evangelho para um público muito diversificado de judeus, gregos e romanos. Cada povo tinha seus próprios costumes e em todos os casos o choque cultural em relação ao cristianismo era muito grande.

Em cada cidade por onde passava, surgiam as novas igrejas cristãs, muito carentes de doutrinas e novas condutas no viver diário. Foi muito difícil. Paulo conseguiu vários auxiliares, também pastores, aos quais ele encarregava a organização das igrejas locais. Um desses auxiliares foi Tito. A respeito dele lemos, que sendo um crente fiel, Paulo lhe deixou as seguintes instruções:

“Foi por esta causa que deixei você em Creta: para que pusesses em ordem as coisas restantes, bem como, em cada cidade, constituísse presbíteros, conforme prescrevi a você: alguém que seja irrepreensível, marido de uma só mulher, que tenha filhos crentes que não são acusados de devassidão, nem são insubordinados. Porque é indispensável que o bispo, por ser encarregado das coisas de Deus, seja irrepreensível, não arrogante, alguém que não se irrita facilmente, não apegado ao vinho, nem ganancioso. Pelo contrário, o bispo deve ser hospitaleiro, amigo do bem, sensato, justo, piedoso, deve ter domínio de si, ser apegado à palavra fiel, que está de acordo com a doutrina, para que possa exortar pelo reto ensino e convencer os que contradizem este ensino” (Tito 1.6-9).

Vejam quantas qualidades excepcionais Tito teve que encontrar para colocar na direção das novas igrejas homens que fossem aprovados. O problema não parou por aí. Paulo fez recomendações a homens idosos, às mulheres idosas, aos jovens casais e aos outros ainda mais jovens. Prestem atenção, porque essas recomendações valem também para os nossos tempos:

“Quanto aos homens idosos, que sejam moderados, respeitáveis, sensatos, sadios na fé, no amor e na perseverança.  Do mesmo modo, quanto às mulheres idosas, que tenham conduta reverente, não sejam caluniadoras, nem escravizadas a muito vinho, a fim de instruírem as recém-casadas a amar o marido e os filhos, a serem sensatas, puras, boas donas de casa, bondosas, sujeitas ao marido, para que a palavra de Deus não seja difamada. Do mesmo modo, quanto aos mais jovens, exorte-os para que, em todas as coisas, sejam moderados. Quanto aos servos, que sejam em tudo, obedientes ao seu senhor, dando-lhe motivo de satisfação. Que não sejam respondões, nem furtem, mas que deem prova de toda a fidelidade, a fim de que, em todas as coisas, manifestem a beleza da doutrina de Deus, nosso Salvador” (Tito 2.2-9).

Por tudo isso vemos que os novos crentes não eram melhores ou piores do que as pessoas com quem nós também precisamos lidar. Termino com o versículo 7, porque nele está a recomendação dirigida a você e a mim: “Seja você mesmo um exemplo de boas obras. No ensino, mostre integridade, reverência, linguagem sadia e irrepreensível!”.

Wilfried Körber nasceu em Göttingen na Alemanha em 1931 e vive no Brasil desde 1937. Converteu-se aos 16 anos na então Igreja Alemã Batista Zoar, frequentada por sua mãe. Membro fundador da Igreja Batista Filadélfia de São Paulo, envolveu-se com o trabalho de evangelização de crianças e missões, com sua esposa Gisela, de saudosa memória. Há mais de uma década escreve textos para o devocionário Presente Diário. Atualmente vive em Sorocaba, SP. @lampadaparaosmeuspes_.

Imagem: Marcia Foizer. @marciafoizer. Usada com permissão.

Leia mais:

Andando com Deus, por Wilfried Korber

Ser ou não ser humilde, por Thomas Hahn

Como ser forte e corajoso

Ser forte é uma missão. Deus quer que você e eu sejamos fortes, que não andemos apenas perplexos com os acontecimentos, mas que confiemos nele e em sua palavra

Por Elisa Maria Ferraz Arruda

Os justos florescerão como a palmeira, crescerão altaneiros como o cedro do Líbano; plantados na Casa do Senhor, florescerão nos átrios do nosso Deus. (Salmo 92.12-13)

Desde o ano de 2009, o Senhor havia falado ao meu coração para escrever sobre o tema” Ser forte e corajoso”, e comecei a fazê-lo, mas não imaginava quantas experiências vivenciaria e ouviria de várias pessoas para entender o significado desse tema.

O versículo 12 do livro de Salmos no capítulo 92: “O justo florescerá como a palmeira, crescerá como o cedro do Líbano”, começou a falar muito forte ao meu coração. O que este versículo teria a ver com ser forte e corajoso? Escrever sobre o assunto, foi um crescimento interior inigualável.

Muitas coisas aconteceram, uma delas durante uma viagem a Israel, no mês de outubro de 2010 com um grupo de irmãos e amigos. Durante a viagem vimos muitas palmeiras viçosas em pleno deserto, e uma de nossas irmãs mostrou-nos o cedro do Líbano – duas árvores presentes no versículo que falava tanto a mim.

Comecei a procurar o significado da referência à palmeira e ao cedro no versículo e encontrei alguns dados muito importantes, com os quais faremos algumas comparações para termos um melhor entendimento.

Palmeira é uma árvore forte, que não pode ser arrancada com facilidade, poque suas raízes se aprofundam na terra e se tornam muito fortes, por isso ela não é destruída por ventos e tempestades. Segundo o site Ikisan Agricultural Information of India, a quantidade de raízes depende do ambiente e da idade da planta. Sendo possível existir mais de três mil e seiscentas raízes em uma só árvore com idade de sessenta e setenta anos, sendo que, a maioria dessas raízes fica próxima à superfície da terra, apenas algumas se aprofundam no solo em busca de água e de estabilidade à palmeira. Mesmo no deserto ela floresce e não morre por causa das raízes.

Quando retiramos a casca ou ferimos uma árvore, ela começa a morrer, mas com a palmeira é diferente. Se retiramos sua casca ou se a ferimos, ela não morre, porque ela é nutrida de dentro para fora. Com essas informações, comecei a entender o significado do versículo. O justo também é nutrido pela palavra de Deus de dentro para fora e, muitas vezes, ele é atingindo e ferido, mas jamais será morto pelas mãos do inimigo.

Outra coisa fabulosa que acontece com a palmeira é que ela resiste a ventos que chegam a cento e cinquenta quilômetros por hora, curvando-se várias vezes até o chão, tocando a terra sem quebrar, e quando o vento acalma, ela volta à posição normal e se torna mais forte do que era antes. Um vento de cinquenta quilômetros por hora pode quebrar e arrancar uma árvore do chão, porém, a palmeira sobrevive a ventos mais fortes. Deus quer que fiquemos firmes, que floresçamos como a palmeira, que fiquemos estáveis. Estáveis no nosso relacionamento com ele, estáveis nas nossas emoções, estáveis na nossa vida financeira.

O Senhor quer que finquemos nossas raízes dentro da sua palavra para sermos nutridos de dentro para fora, e assim nossa vida não será cheia de altos e baixos, mas estável.

O mesmo acontece com o justo quando enfrenta as tempestades da vida, elas podem até curvá-lo, mas não têm autorização, nem poder para quebrá-lo. Nossa vida firmada no Senhor será como a palmeira que nada pode quebrar!

Já o cedro do Líbano possui folhagem perene, e é uma árvore de grande longevidade, podendo viver durante séculos. Ele cresce devagar, mas chega a atingir quarenta metros de altura. Nos primeiros três anos de vida, enquanto a planta tem cerca de cinco centímetros, suas raízes crescem até um metro e meio de profundidade. Somente a partir quarto ano é que a árvore começa a crescer.

O versículo do Salmo 92 diz que o justo crescerá como o cedro do Líbano, então o cristão cresce, e a promessa é que mesmo que esse crescimento seja lento ele acontecerá e tornará o justo visível para todos, suas raízes serão profundas, ele continuará crescendo e se aprofundando na palavra de Deus.

Portanto, a preocupação de filho de Deus, principalmente nos primeiros anos da vida cristã, não deve estar no crescimento em si, mas em lançar as suas raízes na profundidade da Palavra. Lembre-se que nos três primeiros anos o cedro possui raízes de um metro e meio de profundidade, enquanto a planta apresenta apenas cinco centímetros.

A primeira aparição das pinhas (estróbilos) – onde ficam as sementes – ocorre quando a planta tem entre vinte e quarenta anos. Geralmente, as pinhas são produzidas de dois em dois anos, amadurecendo doze meses após a polinização. Quando se tornam maduras no mês de outubro, elas se abrem para dispersar as sementes aladas ao longo do inverno. Suas sementes medem mais ou menos quinze milímetros de comprimento e seis milímetros de diâmetro, com uma asa triangular de vinte e cinco centímetros de comprimento. Como o cedro, o justo crescerá devagar e sempre, se tornando, forte e seguro através da fé na palavra de Deus, alcançando longevidade.

Uma outra curiosidade aprendida com a botânica e que a raiz de toda árvore quando cresce muito e atinge uma rocha para de crescer, mas com o cedro do Líbano acontece o contrário: ao encontrar uma rocha sua raiz a abraça e continua a crescer ficando mais firme. O mesmo acontece com o justo que ao encontrar-se com a Rocha, que é Crist, a abraça, firmando suas raízes, envolvendo-a e tornando-se cada vez mais firme.

Apesar de todas as qualidades que a palmeira tem, ela não resiste ao frio. Ela floresce apenas em climas quentes, vindo o frio ela morre. Deus quer que durante os invernos da nossa vida, sejamos como o cedro, que não morre, mas sejamos perenes, revivendo assim que passa a estação gelada, e que durante os invernos da vida esparramemos a semente de sua palavra guardada no nosso coração e praticada em nossas ações.

Se você está esfriando no seu relacionamento com Deus o alerta é: cuidado pois você está começando a morrer como a palmeira. Se está frio espiritualmente, sua responsabilidade é a de ser como o cedro, e cultivar um ambiente espiritual propício, a fim de se manter quente no fogo do Espírito Santo.

Precisamos estar com nossas raízes firmadas na Palavra: “Plantados na Casa do Senhor, florescerão nos átrios do nosso Deus” (Sl 92.13). Ao tomar posse das promessas de Deus presenciamos as maravilhas que ele fez, faz e fará em nossas vidas.

Ser forte é uma missão. Deus quer que você e eu sejamos fortes, que não andemos apenas perplexos com os acontecimentos, mas que confiemos nele e em sua palavra. Ela nos fala que não devemos ter medo, mas ousadia, pois toda nossa fraqueza deve estar debaixo da Rocha, da nossa Fortaleza que é o Senhor. Nós não fomos concebidos para ter medo, mas sim para sobreviver às tempestades, com nossas raízes firmadas na Rocha que é Cristo, plantados na Casa do Senhor, produzindo e semeando as sementes da Palavra nas terras férteis dos corações.

“Ora, não te ordenei: Se forte e corajoso Não temas e não te apavores, porquanto Yahweh o SENHOR teu Deus, está contigo por onde quer que andes.” (Josué 1.9)

Elisa Maria Ferraz Arruda, 80 anos, membro da 1ª Igreja Presbiteriana Independente de Londrina, PR.

Leia mais:

>> “Os velhos terão sonhos”, por Elisa Maria Ferraz Arruda

>> Novos papéis na igreja, por Daniel Yoshimoto

Imagens:

Cedro do Líbano. Wikimedia Commons.

Palmeira: Pxhere.

Projeto Lírios do Campo – cuidando de quem cuida

Premiado pela Câmara Municipal de São Paulo pelo trabalho de prover um descanso para o cuidador de idosos

Por Luciana Mitsue Sakano Niwa e Emília Naomi Todo Liem

Aniversário de 17 anos do Projeto Lírios do Campo (05/2025)

“Vejam como crescem os lírios do campo. Eles não trabalham nem tecem. Contudo, eu lhes digo que nem Salomão, em todo seu esplendor, vestiu-se como um deles. (…) Busquem pois em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas lhes serão acrescentadas”. (Mateus 6.28, 29, 33)

Em 1996, o desejo de servir a Deus cuidando de pessoas idosas com limitações, floresceu no coração de uma mulher. Ela orou por aproximadamente dez anos e após a aposentadoria do marido, nascia o Projeto Lírios do Campo, criado oficialmente em 2007.

Com objetivo de proporcionar um dia de folga para o cuidador de idosos portadores de comprometimento cognitivo e físico leve e moderado, o Lírios do Campo recebe idosos para passar o dia na primeira, segunda e terceira sexta-feira de cada mês.

O projeto começou com um convite aos interessados em trabalhar com pessoas idosas. A ideia era que o projeto funcionasse com base em princípios bíblicos. Os interessados se reuniram por um ano para planejar, estruturar, desenvolver, capacitar e estagiar, com vistas a atender da melhor maneira possível os idosos que ficariam sob seus cuidados.

Lírios do Campo é ligado à Igreja Metodista Livre da Saúde, em São Paulo, SP. Do ponto de vista financeiro, o projeto sem fins lucrativos é autossustentável. Para cobrir os gastos com materiais lúdicos e de cuidados é cobrada uma mensalidade, e para subsidiar as refeições é paga uma taxa.

No projeto, são chamados usuários as pessoas idosas que desfrutam do projeto. O cuidador é o familiar responsável pelo cuidado do idoso e o/a voluntário/a é a pessoa de maneira direta no projeto.

Os critérios para participação do usuário no projeto são: presença de cuidador, vontade da pessoa em participar e competência do grupo em cuidar. Desse modo, a pessoa idosa e o cuidador participam de dois encontros e decidem se querem envolver-se com o projeto. Se decidem participar, Lírios do Campo entrevista o cuidador para conhecer as características sociodemográficas, hábitos alimentares e vesico-intestinais, atividades de vida diária, problemas de saúde, medicações em uso, convênio médico e o contato do cuidador.

O projeto tem capacidade para atender dezoito idosos. Atualmente, todas as vagas estão preenchidas e existe uma fila de espera. A maioria dos usuários tem ascendência japonesa e alguma limitação física e/ou cognitiva. Há predomínio de mulheres e a mais idosa tem 103 anos. Os cuidadores são familiares e nem todos frequentavam a igreja quando começaram a participar do projeto.

Atividades adaptadas.

As atividades acontecem entre 9 e 14 horas e incluem: aferição de pressão arterial e frequência cardíaca; músicas e louvores entoados acompanhados ao som do teclado; meditação rápida sobre uma passagem da Bíblia, com a ajuda do pastor; ginástica corporal sentada e com os dedos; exercícios orofaciais, atividades lúdicas adaptadas; origami que são dirigidas e acompanhadas pelos voluntários.

As refeições são feitas ao estilo da culinária japonesa, adaptadas com consistências macias, tamanhos diferentes de cortes e temperos para atender as necessidades dos usuários. Ao todo, são três refeições: lanche de boas-vindas, almoço e café de despedida.

Cada usuário recebe uma agenda do projeto onde constam o calendário com as datas dos encontros e uma anotação referente ao dia com informações de todas as atividades desenvolvidas para conhecimento da família. A agenda é o meio de comunicação entre os cuidadores e o projeto e é preenchida próximo ao final das atividades do dia no projeto.

Além dos encontros semanais, o Lírios do Campo oferece um passeio fora da cidade de São Paulo para maior integração entre os usuários, familiares e voluntários. Também são realizadas palestras de interesse do cuidador, como por exemplo o envelhecimento ativo e a doença de Alzheimer, geralmente em um sábado no segundo semestre.

Os critérios de aceitação para os que desejam ser voluntários são: preferencialmente terem vínculo com a igreja, serem indicados por outros voluntários e terem disposição para planejar e participar das atividades junto aos usuários. Da mesma forma que o usuário, o candidato a voluntário, também, participa de dois encontros antes de sua inserção no projeto, e pode escolher envolver-se com as atividades junto aos usuários ou na preparação das refeições. Hoje o projeto conta com 28 voluntários divididos entre o cuidado com os idosos limitados e as atividades da refeição.

Ginástica dos dedos.

Ao término das atividades do dia, os voluntários se reúnem para avaliação das atividades, refeições oferecidas no dia, percepções sobre facilidades e dificuldades dos usuários. A partir dessa avaliação o próximo encontro é planejado e são feitos planos de comemorações, visitas e passeios. Tudo é documentado e arquivado na igreja.

Em 2011, o Lírios do Campo foi premiado pela Câmara Municipal de São Paulo, no dia do voluntário, pelo trabalho de prover um descanso para o cuidador de idosos.

Ao longo dos dezessete anos de existência o projeto, Deus tem sido maravilhoso e apesar de três voluntários estarem na morada celestial, podemos acompanhar conversões e batismos de pessoas idosas em idades avançadas.

**

Aposentada do trabalho, na ativa como voluntária

Por Emília Naomi Todo Liem

Meu nome é Emília Naomi Todo Liem. Sou formada em fonoaudiologia pela PUC-SP e atuei por mais de vinte no atendimento a crianças e a adolescentes.

Aposentei-me em 2020 e me apresentei como voluntária no Projeto Lírios do Campo em 2022 quando as reuniões voltaram a ser presenciais.

Soube pela senhora Rosa Hasegawa que nas casas de idosos do Japão eram realizados exercícios orofaciais a fim de prevenir a disfagia. E por causa de minha formação, ela pediu que eu dirigisse o momento de exercícios orofaciais com usuários.

A disfagia apresenta diversos sintomas que mostram a dificuldade para mastigar e deglutir. Um exemplo de sintoma é o engasgo, com risco da saliva, líquido, e alimento irem para o pulmão, provocando a pneumonia aspirativa.

Esse não é um distúrbio exclusivo da velhice, ele pode surgir em estados avançados de doenças como o Alzheimer e Parkinson, em sequela de doenças neurológicas, de câncer e de AVC.

Para diagnosticar e tratar a disfagia são necessários a avaliação fonoaudiológica, exames e exercícios específicos.

Os exercícios com as estruturas orofaciais ajudam a manter o tônus muscular e a mobilidade para a respiração, fala, voz, mastigação e deglutição.

As estruturas orofaciais trabalhadas com os exercícios são as arcadas dentárias, a articulação temporomandibular, as bochechas, a língua, os lábios, a úvula e as pregas vocais. Cada estrutura é trabalhada individualmente, e depois coordenadamente.

Na fala, mastigação e deglutição há diversos movimentos sincronizados das estruturas orofaciais.

Os usuários do Lírios do Campo não apresentam os problemas de saúde citados acima. Alguns deles apresentavam apenas engasgos na fala e na alimentação e, depois de participarem dos exercícios do projeto,  melhoraram significativamente.

Todos participam dos exercícios orofaciais de forma muito descontraída e divertida.

Luciana Mitsue Sakano Niwa é enfermeira com especialização em enfermagem geronto-geriátrica modalidade residência na UNIFESP. Mestrado em ciências do cuidado pela USP, Doutorado em saúde coletiva pela USP. Participa da Igreja Metodista Livre, no bairro Saúde, São Paulo, SP. Atua como voluntária nos projetos Lírios do Campo e Cérebro Ativo.

Emília Naomi Todo Liem, formada em Fonoaudiologia pela PUC – SP, é voluntária no Projeto Lírios do Campo da Igreja Metodista Livre no bairro Saúde, em São Paulo, SP.

Leia mais:

>> Integração de idosos na igreja – Resgatando sonhos

>> Roda de Conversa 60+ na Igreja Batista da Redenção (Redê)

“Ensina-nos a contar os nossos dias”

Quando sabemos dividir as tarefas com os outros, fazemos discípulos e multiplicamos os dons e talentos confiados por Deus a nós.

Por Shih Li Li Yoshimoto

Confesso que sempre que eu lia esse versículo da Bíblia tinha dúvidas sobre o que significava a expressão “contar os nossos dias”.

A primeira ideia vem quando a vemos nesse contexto da oração de Moisés, na qual ele nos traz a consciência da brevidade, da fragilidade da nossa vida, e que nossos dias “voam” e, em poucas décadas, nossa vida desaparecerá (v. 10). Somos como a relva, que nasce pela manhã, floresce, mas, à tarde, murcha e seca. Na Nova Versão Transformadora (NVT), esse versículo foi traduzido assim: “Ajuda-nos a entender como a vida é breve, para que vivamos com sabedoria”.

Diante dessa constatação, o piedoso Moisés faz quatro pedidos:
“Satisfaze-nos a cada dia com o teu amor, para que cantemos de alegria até o final da vida” (v. 14).

“Dá-nos alegria em meio ao inevitável sofrimento” (v. 15).

“Que nós e nossos filhos possamos ver a glória e os feitos do Senhor” (v. 16)

“Que a bondade do Senhor seja sobre nós e faze prosperar nossos esforços” (v. 17).

Tais coisas são essenciais para uma vida abundante e significativa: satisfação, cantoria, alegria para aguentar o sofrimento, contemplação e vislumbre da glória de Deus, e ver que os nossos esforços não foram em vão, que frutificaram, perpetuaram e prosperaram.

Outro pensamento me ajudou a entender melhor como “contar os nossos dias” (inspirei-me nas quatro operações básicas de matemática):

Ordenar: definir o que vem primeiro, o que é mais importante – o que me fez lembrar do que Jesus disse sobre “buscar em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça, e todas as coisas vos serão acrescentadas” (Mt 6.33).

Somar: Uma busca por acrescentar virtudes e aprofundar no conhecimento de Deus, bem mais do que as riquezas e conhecimentos do mundo (2Pe 1.5-9).

Subtrair: Tirar os excessos, os vícios, as distrações e tudo aquilo que nos impede de enxergar Deus e experimentar mais dele, e nos envolver nos negócios de seu reino (Ef 4.22 e Hb 12.1).

Dividir e multiplicar: Para mim, essas duas operações se complementam, pois saber dividir as tarefas, no sentido de não fazer tudo sozinho, saber encarregar e treinar outros faz com que, de um lado, não nos sobrecarreguemos; e, de outro, façamos discípulos e multipliquemos os dons e talentos confiados por Deus a nós (Mt 28.19).

Precisamos aprender a carregar e a dividir os fardos também (Gl 6.2) Muitas vezes nos tornamos resmungões e ranzinzas porque esquecemos de levar nossos sofrimento e sentimentos ruins a Jesus, e de ouvi-lo a nos admoestar, como ele fez com a querida Marta: “Andas inquieta e te preocupas com muitas coisas. Entretanto, pouco é necessário ou mesmo uma só coisa; Maria, pois, escolheu a boa parte, e esta não lhe será tirada” (Lc 10.40-42).

Continuo nessa busca por alcançar um coração sábio, um coração como o de Maria num mundo de Marta; com os olhos fitos no que é eterno, com alegria e satisfação no coração, transmitindo uma fé profícua que sustenta nos dias difíceis, e claro… recheado de canções, e aguardando com grande expectativa o encontro com o meu amado Salvador.

Shih Li Li Yoshimoto, 55 anos, psicóloga, é mestre em divindades e em aconselhamento bíblico. Fundadora do ministério de formação e capacitação de conselheiros bíblicos Mais Barnabés (@maisbarnabes). Casada com o pastor Daniel Yoshimoto e mãe de Jonathan, Ester e Sayuri.


Leia mais:

Quem tem um pé no infinito pode aceitar sua finitude

Viver com Deus é participar de sua eternidade; quem tem um pé no infinito pode aceitar sua finitude. Esse passo decisivo, esse nascer para a vida eterna, podemos dar antes da velhice e da proximidade da morte

Por Elben César

John Cox, ex-secretário-geral da Associação Mundial de Psiquiatria, recomendou a leitura de “Aprender Envelhecer”, do médico suíço Paul Tournier, que fundou em 1947 o Grupo Internacional de Medicina da Pessoa, por “sua capacidade de expressar verdades existenciais complexas e de estimular a fé”. Tournier – que morreu em 1986 aos 88 anos, quase três anos acima da atual maior expectativa de vida (85,9) – escreveu que o livro é dirigido não apenas aos aposentados, mas “principalmente aos que estão na plenitude de suas vidas”.

Veja a seguir frases extraídas do livro Aprender a Envelhecer:

O que o jovem deve saber a respeito do velho

Uma civilização que despreza seus velhos é inumana (69).

Há uma cumplicidade universal pela qual cada indivíduo é responsável: seja o jovem, que não respeita o velho, ou o velho, que não admite o jovem (69).

Amar uma criança ou um velho é amá-los pelo que são e não pelo que fazem (77).

Já nos ensinaram a amar melhor as crianças, a nos interessar por elas. Agora é preciso aprender a amar os velhos (78).

Uma intimidade harmoniosa entre avós e netos pode vir a ser um tesouro incomparável, um benefício para ambos (83).

Todas as faixas etárias têm profunda necessidade umas das outras. O desenvolvimento individual fica travado, se não se mantém um contato vívido com todas as demais faixas etárias. Os velhos precisam dos adolescentes e das crianças; precisam se sentir amados por uns e outros (85).

A sexualidade já não é preponderante no amor dos casais idosos, mas também não termina de forma tão geral e precoce como a maioria das pessoas acredita (111).

Para a integração dos idosos em nosso mundo atual é preciso que haja uma mudança tanto pessoal como social. Todo idoso precisa ter condições de, na medida do possível, levar uma vida feliz, interessante e útil no seio da sociedade e, assim, reencontrar nela o seu lugar (141).

Entre os sofrimentos dos velhos há alguns que são provocados pelos homens: seus preconceitos, sua falta de amor, seu desprezo, a organização da sociedade e a sua iniquidade (199).

O que o velho deve saber a respeito de si mesmo

Há dois momentos fundamentais na vida: a passagem da infância para a idade adulta e a passagem da idade adulta para a velhice (22).

Para ter uma boa velhice é preciso começar a prepará-la cedo, e não retardá-la o mais possível. Na metade da vida se terá de começar a refletir e a organizar a existência com vistas a um futuro ainda distante, em vez de se deixar levar integralmente pelo torvelinho profissional e social (25).

A rotina envelhece o indivíduo e o envelhecimento precoce o leva à rotina (182).

Não podemos dominar a velhice senão por meio da obediência a ela (200).

A maioria dos velhos mal-humorados, que não suportam o declínio, também não suportou a vida ativa anterior à aposentadoria (201).

Não é fácil aceitar a velhice e ninguém o consegue na primeira tentativa, sem superar o desprezo espontâneo (208).

O envelhecimento começa desde a mais tenra idade e progride de modo muito desigual, conforme a constituição física e a pessoa, mas inexorável (209).

Há alguns anos eu fazia coisas que hoje não posso e não devo fazer; por outro lado, hoje faço coisas que dentro de alguns anos já não poderei fazer. Sim, na velhice há diminuições, há um “menos’” (216).

Se a aposentadoria anuncia a velhice, esta anuncia a morte (240).

Viver com Deus é participar de sua eternidade; quem tem um pé no infinito pode aceitar sua finitude. Esse passo decisivo, esse nascer para a vida eterna, podemos dar antes da velhice e da proximidade da morte (255).

Elben César (1930-2016), fundador e diretor-redator de Ultimato.

Artigo publicado originalmente na edição de setembro/outubro de 2015 da revista Ultimato.

https://www.ultimato.com.br/revista/artigos/356/quem-tem-um-pe-no-infinito-pode-aceitar-sua-finitude

Imagem: Marco Zuchi, @marco_zuchi.

Uma igreja como a de Filipos

Thomas Hahn, um dos preletores do 1º Encontro Regional do Movimento Cristão 60+, relata as suas impressões sobre o evento. Acompanhado de sua esposa, Christine, com a bênção do pastor Irland Azevedo (também um dos preletores), celebrou seu aniversário de 89 anos na companhia de muitos 60+

Por Thomas Hahn

O Primeiro Encontro Regional do MC60+ aconteceu na Igreja Evangélica dos Cristãos de São Paulo, no dia 17/05/2025 – por coincidência, no meu aniversário: 89 aninhos.

Passar parte da manhã, almoçar com direito a bolo e uma bênção do pastor Irland Azevedo, ouvir palestras que tinham tudo a ver com o propósito deste grupo (que trata dos problemas e necessidades dos idosos, e do papel que a igreja pode desempenhar ) foi uma maneira abençoada de celebrar mais um ano de vida – e mais um ano mais próximo da eternidade com o Deus Triúno!

Logo ao entrar na igreja, soube que estava em um lugar diferenciado. A organização perfeita, nos mínimos detalhes, a cordialidade no receber dos visitantes, a atmosfera de amor que envolvia a todos como uma nuvem de aroma suave – eu estava na igreja de Filipos, aquela que Paulo amava de maneira especial, pelo amor entre os irmãos, a generosidade e a fidelidade às Escrituras. Antes da minha palestra, pude ouvir mais duas.

A primeira foi, realmente, um deleite. A igreja mantém um ministério, o Lírios do Campo, que, na sua essência, é um day-care para idosos. Mas, vejam, o objetivo não é o idoso propriamente dito: é o cuidador, aquele que cuida diuturnamente do idoso, sem descanso ou folga. Que bela ideia! Que delicadeza no pensar naqueles de quem ninguém se lembra.

Ainda bem que o Ageu Heringer Lisboa falou a seguir, dando-me um tempo para me recompor. Ageu, o lutador por boas causas desde sempre, lúcido e animado, nos deu um panorama tanto psicológico quanto espiritual do idoso. Não é fácil encontrar pessoas com tamanha disposição para fazer o bem, mesmo entre os mais jovens.

Ao pastor Robert Koo, à equipe pastoral da igreja, a cada pessoa que deu seu tempo e esforço para a realização deste encontro, meu muito obrigado. Não, isto é pouco para quem me promoveu um aniversário inesquecível. O certo é: Um beijo no coração!

Thomas Hahn, 89 anos, nasceu em Viena, Áustria, mas é carioca por formação. É casado com Christine há 61, com quem tem três filhos. Foi ordenado pastor aos 87 na Igreja Batista da Granja Viana, em Cotia, SP.

Assista à programação do 1º Encontro Regional do MC 60+ aqui.

Leia mais:
>> Ser ou não ser humilde?, por Thomas Hahn

Envelhecimento saudável

Por Jorge Cruz

Os cabelos brancos são uma coroa de glória, quando embranquecem no caminho da honradez. Provérbios 16.31

O envelhecimento da população está ocorrendo em todas as regiões do mundo, à medida que os progressos médicos e tecnológicos e a melhoria do acesso aos cuidados de saúde vão contribuindo para um aumento da longevidade. No Brasil, a expectativa de vida ao nascer aumentou mais de trinta anos desde 1940, sendo atualmente de 76,8 anos.

A Assembleia Geral das Nações Unidas declarou o período de 2020 a 2030 como a década do envelhecimento saudável, procurando encorajar os decisores políticos, a sociedade civil, as instituições acadêmicas e a mídia a cooperarem na melhoria das condições de vida dos mais velhos, suas famílias e comunidades.1

O envelhecimento é um processo fisiológico progressivo e inevitável que conduz à deterioração da estrutura das células, comprometendo a função dos diferentes órgãos e sistemas. Ao nível celular, tem início mesmo antes do nascimento, sendo determinado por fatores genéticos e ambientais. Porém, em termos práticos, faz sentido situá-lo a partir da sexta década da vida, quando o declínio orgânico e funcional do corpo humano começa a manifestar-se com maior intensidade, apesar da grande variabilidade individual. Se dividirmos o tempo de vida de uma pessoa em estações, o envelhecimento é mais notório no outono da vida, quando o cabelo se torna grisalho (ou inexistente), a capacidade física diminui e o peso corporal aumenta. Está geralmente associado à idade de aposentadoria, que na maioria dos países ocorre entre os 60-65 anos.

O envelhecimento não é uma doença. É um fenômeno fisiológico natural que representa uma etapa importante do ciclo de vida das pessoas, apesar de algumas limitações que traz. Sendo inevitável (a não ser que ocorra uma morte prematura), pode ser retardado por meio da adoção de estilos de vida saudáveis, de modo a aumentar a qualidade de vida e a prevenir o aparecimento de doenças associadas à idade avançada, em particular as doenças cardiovasculares e oncológicas. Um dos aspectos mais sombrios do envelhecimento é surgirem com frequência doenças degenerativas do sistema nervoso, entre as quais a doença de Alzheimer e outras formas de demência. No entanto, alguns estudos têm demonstrado que a idade média de aparecimento das doenças crônicas aumentou cerca de dez anos nas últimas décadas.

Em 2002, a Organização Mundial de Saúde introduziu o conceito de envelhecimento ativo, que é o processo de otimização das oportunidades para a saúde, participação e segurança, para melhorar a qualidade de vida das pessoas que envelhecem. O objetivo é que cada cidadão possa envelhecer com saúde e autonomia, mantendo em idades avançadas as capacidades físicas e mentais que lhe proporcionem bem-estar, continuando a participar plenamente na sociedade e a usufruir de uma boa qualidade de vida.

Para um envelhecimento ativo e saudável é importante uma atividade física regular, bons hábitos de sono e de descanso, uma alimentação equilibrada, rica em frutas e legumes e com pouco sal e açúcar, a abstinência tabágica e de bebidas alcoólicas, e a toma de medicação considerada necessária, por exemplo, para o controlo tensional. Uma atividade mental estimulante e desafiadora também é essencial para uma saúde integral, assim como boas relações de afeto e estima no seio da família e da comunidade.

Um dos resultados da aposentadoria, que surge com o envelhecimento, é uma maior liberdade no uso do tempo, sem as imposições rígidas de um horário laboral. A experiência adquirida ao longo da vida e, no caso dos cristãos, a sua esperada maturidade espiritual, torna os mais velhos entre nós um recurso indispensável, embora por vezes desvalorizado e subaproveitado, ainda que muitos se envolvam em diversas atividades de voluntariado, que é uma excelente forma de promoção do envelhecimento ativo.

A Palavra de Deus afirma o valor e dignidade do ser humano em todas as fases da vida, desde a concepção até a morte natural. Na carta a Tito (2.2-3), o apóstolo Paulo realça o papel fundamental e imprescindível dos homens e mulheres mais velhos na comunidade cristã, para que sejam um exemplo de moderação, respeito, sabedoria, fidelidade, amor e perseverança, contribuindo assim para o crescimento e edificação da fé dos mais novos (cf. Salmos 92. 14-15).

A vida humana é limitada e o envelhecimento faz parte dela. John Wyatt, professor catedrático de neonatologia no Imperial College, em Londres, e um cristão convicto, salienta: “A esperança de vida do ser humano é limitada, não apenas como resultado do castigo de Deus, mas também da sua graça e misericórdia”, porque “no cuidado de Deus para com a sua criação, não era possível que o ser humano vivesse eternamente no seu estado degradado e limitado como consequência da Queda”.2 A mensagem do evangelho anuncia a destruição da doença, do sofrimento e da morte, e a esperança de vida eterna, por meio de Cristo e do seu sacrifício na cruz, para salvação de todos os que nele creem. Como refere o apóstolo Paulo em 2 Coríntios 4.14,16: “[Deus,] que ressuscitou o Senhor Jesus, nos ressuscitará também por Jesus, e nos apresentará convosco (…) Por isso não desfalecemos; mas, ainda que o nosso homem exterior se corrompa, o interior, contudo, se renova de dia em dia”.

Notas

  1. Decade of Healthy Ageing
  2. Wyatt, John. Matters of Life & Death: Human dilemmas in the light of the Christian faith. Inter-Varsity Press, Nottingham, 2009, p. 219.
  • Jorge Cruz é médico especialista em Angiologia e Cirurgia Vascular, doutor em Bioética, membro do Comitê de Países de Língua Portuguesa da International Christian Medical & Dental Association (ICMDA), membro honorário da Associação Cristã Evangélica de Profissionais de Saúde (ACEPS-Portugal), membro do Conselho Internacional da PRIME – Partnerships in International Medical Education. Mora em Porto, Portugal.

Artigo publicado originalmente no portal Ultimato em janeiro de 2022.

Baixe gratuitamente o e-book Experiência e Esperança na Velhice aqui.

Mais um Encontro 60+

Osvaldo esteve no 1º Encontro Regional do Movimento Cristão 60+, realizado em São Paulo, SP, no dia 17/05/2025, e sua participação rendeu o poema a seguir

Por Osvaldo Filho

Aprendemos a envelhecer com graça,

Não como fardo, mas como missão.

Cada ruga esconde uma esperança,

Cada passo guarda uma revelação.

Espiritualidade que se aprofunda,

No silêncio, no clamor e na oração.

Finitude que já não nos assusta,

Pois a eternidade está no coração.

Lidamos com perdas e com partidas,

Mas no luto também tem alvorada.

Pois Cristo venceu a própria morte,

E a esperança nunca está calada.

O idoso é ponte que liga os tempos,

É elo vivo entre ontem e amanhã,

Traz sabedoria em seus acalentos

E guia os jovens com sua voz sã.

Aprendemos a viver o imprevisível,

Na fé que vê além da escuridão.

Na glória de Cristo, nossa âncora firme,

No hoje, no sempre e na ressurreição.

Consolidamos um ministério ativo,

De troca, afeto e encorajamento,

Onde o vigor não se mede em passos,

Mas no ardor do comprometimento.

Cada dom que a vida nos deu,

Cada história que o tempo ensinou,

É ferramenta na obra do Reino,

Que com entusiasmo se renovou.

Avançamos com alegria e coragem,

Capacitados pelo Espírito de Deus.

E o bem que fazemos com maturidade

Nos devolve paz, saúde e os céus.

Osvaldo Honório dos Santos Filho, missionário e pastor com atuação em diversos campos da missão transcultural — Europa, Ásia, África e América Latina, atua também como palestrante e professor de antropologia missionária e missiologia. Desde os 14 anos, escreve poemas e artigos, e recentemente transformou o Evangelho de João e sua Primeira Carta em poesia. Tudo faço para Ele, “porque dEle, por Ele e para Ele são todas as coisas”.

Assista à programação do 1º Encontro Regional do MC 60+ aqui.