Uniedas segue fazendo discípulos entre indígenas no Brasil e na América do Sul

Por Xênia M. Lança de Q. Casséte

Indígena do povo Terena do Mato Grosso do Sul, Jader Oliveira também é pastor e presidente da União das Igrejas Evangélicas Indígenas da América do Sul (Uniedas).1 Segundo Jader, “A Uniedas foi fundada em 1972, cinco anos após a Funai (Fundação Nacional do Índio) proibir a permanência de missionários cristãos nas aldeias, no ano de 1967. E nesse momento fomos desafiados a continuar a caminhada de fazer discípulos entre nosso povo”.

A Missão Uniedas está presente em seis estados brasileiros: Acre, Rondônia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Alagoas e São Paulo. A Missão trabalha com 41 etnias no Brasil (das 266 etnias brasileiras, 117 ainda não têm presença missionária). “Hoje, a Uniedas não é apenas do povo Terena, mas também é Xavante, Xingu, Pataxó, Xucuru, Caiapó, etc. É um ministério do povo indígena e carecemos de orações”, diz Jader.

Há desafios e conquistas: “Deus vai nos dando possibilidades, dentro da nossa realidade. Fazemos nossos próprios barcos para irmos evangelizar pelos rios da Amazônia, Rondônia, Roraima, Pará e Mato Grosso. No início, havia sete igrejas da missão e atualmente são 43 em todo o Brasil. Nós entendemos que Deus nos amou como o povo que somos, com a nossa cultura, com a nossa cor, cor da terra. Somos índios porque nascemos índios e não será a religião, pesquisas ou teorias que vão tirar a nossa identidade. Mas formos alcançados pelo Evangelho do Senhor Jesus Cristo e temos certeza de que quando na Cruz do Calvário Jesus disse “Está tudo consumado” as 266 etnias registradas no Brasil também estavam presentes no Seu maravilhoso plano de salvação da humanidade”.

A esperança que o Evangelho trouxe a todos é o que faz a Missão Uniedas seguir levando o Evangelho aos povos indígenas no Brasil e na América do Sul, porque todos precisam dessa esperança e de salvação.

Preparando obreiros e missionários

“Temos institutos preparando missionários e obreiros como o Centro de Treinamento em Pimenta Bueno, RO, com 48 alunos. No Baixo Xingu, o irmão Terena, pastor Cirenio, divide uma casa de seis por trinta e quatro metros como moradia para sua família e para cerca de 28 jovens a quem discípula e ensina. E é uma luta diária para alimentar todos”.

Segundo a Uniedas, há muitos missionários indígenas dispostos evangelizar indígenas no Brasil e no exterior como o Edson, um jovem da tribo Caxinauá que sobe em um barco e viaja durante três dias junto com sua esposa e seus filhos até aldeias indígenas no Peru para falar do amor de Cristo e da salvação que ele dá. E entre os povos indígenas do Xingu há uma igreja e duas congregações, fruto do trabalho missionário da Missão. Para Jader, “é hora da igreja brasileira começar a ouvir o missionário indígena, suas experiências e metodologias”.

Primeira igreja dos Terena

A primeira igreja evangélica dos Terena foi construída em 1926 (e continua no mesmo local). Henrique Winston e John Hey, missionários da Inglaterra e da Escócia, que vindo do Paraguai e chegando ao Mato Grosso em 1912, trouxeram as boas novas do Evangelho aos Terena. Entre 1905 e 1906, o Serviço de Proteção ao Índio (SPI), órgão que inaugurou a política indigenista no Brasil, iniciou aldeamentos e as reservas indígenas. “Esses missionários chegaram entre nós no período em que estavam sendo feitos os aldeamentos. Não chegaram pregando o Evangelho nem usando um púlpito ou abrindo a Bíblia. Eles começaram um relacionamento nos ajudando no difícil processo de sair da vida nômade e, então, começarmos a estabelecer um lugar para nosso povo”, conta Jader.

Winston era construtor, carpinteiro, oleiro e cozinheiro e ensinou estas profissões aos Terena. E quando chegou a hora de construir o primeiro templo os missionários e os indígenas criaram uma olaria e uma serraria que colaborou para a construção. Naquele momento de medo e adaptação dos Terena a uma nova forma de vida, os missionários também os ensinaram a furar poços, a cuidar da alimentação e abriram uma escola, dando grande ênfase à educação dos indígenas. “O que mais impactou a vida do nosso povo foi a educação de adultos e crianças. Hoje, nós temos inúmeros irmãos Terena com graduação superior, pós-graduação, mestrado e doutorado e alguns com pós-doc. Tudo isso como fruto do trabalho que os missionários fizeram entre nós no início do século 20”, relembra Jader.

“Hoje, a cidade em que moro, com 50 mil habitantes tem uma universidade federal onde estudam mais de quatrocentos indígenas. E a gente sempre escuta que a universidade só não fecha porque tem os alunos indígenas”, relata o pastor. “Então, o Evangelho que foi pregado para nós não só nos apresentou o céu e o que virá depois, mas nos deu instrumentos para vivermos como cidadãos brasileiros e cidadãos do Reino de Deus”.

Apesar de o Evangelho não ter sido pregado no idioma Terena, isso não mudou a sua cultura. “Isso é irrelevante para nós diante do que as boas novas do Evangelho trouxeram para o nosso povo”. A bisavó do pastor Jader, Tati, foi a primeira Terena que se converteu ao Evangelho, já com mais de 60 anos. Ela era filha de um dos maiores feiticeiros dos Terena. E o primeiro pastor Terena era seu filho. Todos os seus netos foram pastores e uma grande parte dos bisnetos também são pastores.

A respeito do trabalho feito pela Uniedas, Jader conta: “Nós preferimos ficar ‘embaixo do radar’, ir somente pelos rios e estradas para não entrar em atrito direto com os que são contra nosso projeto de missões entre indígenas no Brasil”. Assim, quando os que não concordam com este trabalho chegam nas aldeias, a Uniedas pode sair porque, de um modo geral, já está deixando uma igreja constituída e alguns líderes treinados. “Nós plantamos, outros regam e colhem os frutos, mas a obra é de Deus, não nossa”, afirma o pastor Jader.

Censo 2022

De acordo com o último Censo Demográfico apresentado em 2022 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), existem hoje, no Brasil, 266 povos indígenas, totalizando uma população de 1.693.535 pessoas. Esse número de pessoas autodeclaradas indígenas no Brasil representa uma parcela de 0,83% de toda a população que vive no país. Uma das constatações do levantamento é que 51,25% dessas pessoas vivem na Amazônia Legal composta pelos estados do Norte, Mato Grosso e parte do Maranhão. Só no Mato Grosso do Sul existem hoje, 116,3 mil indígenas, incluindo os Terenas.

Ainda conforme a Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, sobre o Censo 2022, ao se considerar o total de indígenas que vivem no país, 622,1 mil (36,73%) residem em Terras Indígenas e 1,1 milhão (63,27%) fora delas; três estados respondem por quase metade (46,46%) das pessoas indígenas vivendo nas Terras Indígenas no Brasil: Amazonas (149 mil), Roraima (71,4 mil) e Mato Grosso do Sul (68,5 mil).

Durante a cerimônia de apresentação dos dados do Censo Indígena de 2022, em Belém (PA), Sonia Guajajara, ministra dos Povos Indígenas, disse que as informações do Censo vão “subsidiar a presença indígena no governo brasileiro, que está trabalhando de forma totalmente transversal, integrada com outros ministérios para pensar políticas públicas adequadas, que possam chegar a essas distintas realidades”.

Nota

1. Jader Oliveira participou do 2º Encontro do Movimento Cristão 60+, em Pompeia, SP, onde compartilhou sobre o trabalho da Missão Uniedas.

Terenas criaram rede de igrejas evangélicas. Acesso em 03 de maio de 2024.

Brasil tem 1,69 milhão de indígenas, aponta Censo 2022. Acesso em 03 de maio de 2024.

Brasil tem 1,7 milhão de indígenas e mais da metade deles vive na Amazônia Legal. Acesso em 06 de maio de 2024.

Xênia M. Lança de Q. Casséte, jornalista, aposentada, faz parte do grupo 60 + da Igreja Batista da Redenção (Redê).

Movimento Cristão 60+ anuncia a programação do seu 4° Encontro

Por Délnia Bastos

Com o provocante tema “É tempo de colher, mas ainda é tempo de plantar”, o Movimento Cristão 60+ anuncia a programação do seu próximo encontro, que acontecerá em Sumaré, SP.

Os participantes serão recebidos na tarde do dia 23/9, a partir das 15 horas. Após o jantar, participarão da abertura do evento, ouvindo uma explanação geral sobre os temas principais, uma palestra sobre a visão bíblica da velhice e um panorama dos 60+ no Brasil.

No segundo dia, às 9h, após o café da manhã e um momento de relacionamento, louvor e oração, a primeira devocional será sobre “Florescer e frutificar – vida abundante para os 60+”. A seguir, haverá a segunda palestra, abordando uma via de mão dupla: “Novos papéis na igreja – o que a igreja pode fazer pelos 60+ e o que os 60+ podem fazer pela igreja”, seguida de discussão em grupos quanto à prática local dos participantes neste assunto, fechando a manhã com o compartilhar das conclusões dos grupos em plenária. Após o almoço, serão oferecidos diversos workshops (veja relação abaixo). Encerrando o dia, após o jantar, será o momento especial para louvor e adoração, seguido da terceira palestra: “Novas oportunidades de trabalho”. Para encerrar o dia, haverá testemunhos práticos de segunda carreira.

No terceiro e último dia do evento, a rotina da primeira parte da manhã se repete, sendo a segunda devocional sobre “Florescer e frutificar – a alegria de colher”, seguida da quarta palestra “Novas maneiras de cuidar de si mesmo”, com a mesma dinâmica de discussão em grupos e devolutivas em plenária, culminando com a celebração da Ceia do Senhor no final da manhã. O encerramento será logo após o almoço.

Este 4⁰ Encontro acontece em tempo oportuno, quando o assunto é pauta importante em diversos círculos, evangélicos ou não. Recentemente o Movimento Lausanne trouxe tópicos específicos sobre o envelhecimento (Veja Envelhecimento global da população e O envelhecimento global e a obra missionária).

Workshops

Envelhecer com sentido, dignidade e relevância

Sucessão: processo de transferência de conhecimento, cultura, valores e legado da atual geração para a nova geração

Amor e sexualidade na terceira idade

Como enfrentar as doenças, especialmente as demências, na velhice?

Como lidar com a solidão na velhice? Estabelecendo rede de apoio

Ministérios dos 60+ para os 60+: Os modelos de sucesso

Igreja promovendo autocuidado na área da saúde física e mental

Revisão de vida depois dos 60+: avaliação, renovação, legado e ensinando as futuras gerações

Serviço:
4º Encontro Nacional MC 60+
É tempo de colher, mas ainda é tempo de plantar
Quando: 23 a 25 de setembro de 2024
Onde: Estância Árvore da Vida, em Sumaré, SP
Para inscrever-se, clique aqui.

Délnia Bastos é casada, mãe de três filhos e avó de cinco netos, e serve na área de governança em algumas iniciativas de missão.

Aposentar não é deixar de ser produtivo

Experiências profissionais, pessoas com quem convivi, lugares que conheci, foram divinamente escolhidos para que, mesmo “aposentado”, eu pudesse ser usado por Deus para ser luz em meio à escuridão

Por Robert Liang Koo

Revisitar a sua própria história é sempre surpreendente. Como cheguei aqui? Não foi por minha escolha nem muito menos por mérito. Foi pela mão invisível de Deus, que me guiou, abrindo as portas, fazendo-me entrar mesmo sem entender. Pela graça de Deus, sou o que sou. E a graça não foi em vão, mas tem seu propósito (1Co 15.10).

Tenho 78 anos, três filhos e nove netos. Sou a quarta geração de uma família cristã da China. Meu avô nasceu na Coreia por causa das perseguições aos cristãos em meados do século 19. Chegamos ao Brasil em 1958, e me formei em engenharia eletrônica no Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) em 1971. Sou grato a Deus por ter conhecido a Aliança Bíblica Universitária (ABU) durante o tempo de faculdade. Ela me deu base bíblica para entender o embate ideológico, influenciou minha formação espiritual e despertou em mim compaixão pelas causas sociais que iriam direcionar toda a minha vida. Já casado, vivi alguns anos nos Estados Unidos e com isso pude entender e comparar três culturas diferentes: a oriental, a americana e a de terceiro mundo (a brasileira); a concepção de vida e o cristianismo tingido por cada cultura.

De volta ao Brasil, permaneci por um certo tempo na academia, dando aula e fazendo  pesquisa. No fim da década de 80, comecei a minha própria empresa na área de automação industrial. O interessante é que nunca foi meu sonho ser um empresário, mas as circunstâncias me levaram por esse caminho. Embora eu não tivesse formação nem experiência empresarial, a graça de Deus foi mais do que suficiente. Minha empresa conseguiu sobreviver em meio a várias crises e decisões equivocadas, cresceu e permanece sólida, depois de 35 anos.

Também nessa época, comecei a pastorear a igreja da qual fui um dos fundadores. Como não havia feito seminário teológico, dediquei-me à leitura de bons livros, não só de teologia e de comentários bíblicos, mas principalmente de temas relacionados a orientação da formação espiritual. As obras de A. W. Tozer, John Stott, Eugene Peterson são as minhas leituras preferidas. Eu acredito que a congregação precisa não somente de exposição bíblica e ortodoxia, mas principalmente de saber como aplicar esses conhecimentos na sua vida diária.

Ao me aproximar dos 70 anos, iniciei o processo de passar a responsabilidade tanto da empresa como da igreja para outras pessoas. Eu sabia que retardar esse processo traria prejuízo, pois impediria o amadurecimento e a formação de novos líderes, então passei um bom tempo caminhando junto com eles.

Sempre alguém me pergunta: “Você já se aposentou?”. Fico pensando o que isso significa. Ter idade para receber uma aposentadoria não significa parar de trabalhar, ou que não temos mais utilidade. Não encontro base bíblica para deixar de ser produtivo mesmo que estivesse com idade avançada.

O trabalho vai mudando de acordo com a necessidade e a oportunidade, mas a vocação permanece sempre a mesma. Trabalho é o meio para cumprir a vocação. À medida que o tempo passa, a vocação que antes estava abstrata, nebulosa, fica mais concreta e clara, e o trabalho, mais objetivo. Trabalho é uma bênção de Deus. Ele traz maturidade e compreensão do mundo. O meu trabalho secular (academia, governo e empresa) me deu ferramentas para cuidar da igreja e das pessoas.

Mais recentemente, em meio à pandemia, montamos um projeto social para abençoar produtores rurais e comunidades urbanas com a distribuição de alimentos vindos do campo. Olhando para trás, vejo que minhas experiências profissionais, pessoas com quem convivi, lugares que conheci, foram divinamente escolhidos para que, mesmo “aposentado”, eu pudesse ser usado por Deus para ser luz em meio à escuridão.

Dom não é somente talentos que recebemos pela graça, mas engloba toda experiência adquirida debaixo do desígnio de Deus e deve ser usado para a sua glória até o último dia da nossa vida.

Robert Liang Koo foi empresário e pastor em São Paulo por mais de 30 anos. Atuou na ABUB nas décadas de 60 e 70. É engenheiro pelo ITA e PhD pela Carnegie-Mellon University, nos Estados Unidos. Ele integra o núcleo fundador do MC60+.

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Pequenas grandes coisas que nós, idosos, devemos fazer

Por Thomas Hahn

Eis minha única credencial para falar sobre a velhice: sou um velho. A arrogância da minha ignorância não me constrange: me liberta, assim como liberta você, leitor, de me levar muito a sério. Ficamos ambos mais leves.

O que fazer durante o ocaso da nossa vida?

Permito-me fazer algumas sugestões de como proceder em nossa caminhada.

Simplificando

Somos acumuladores de coisas que, em certo momento, nos pareceram vitais, mas que mais tarde provam ser pesadas e desnecessárias. Nossa inércia natural faz com que não tomemos decisões que tornariam nossas vidas mais simples, menos pesadas? As de nos desfazermos daquela casa com quartos para as crianças? Elas cresceram, voaram do ninho, casaram. A casa ecoa o silêncio. Mudei para um pequeno apartamento que contém o espaço que minha esposa e eu realmente precisamos, e que nos custa muito menos em manutenção.

A casa de praia/campo para qual só vamos uma vez por mês para pagar as contas? Passe adiante, e alugue um quarto de hotel, variando o destino. Simplifique os investimentos para que sejam facilmente administrados, seja por você, seja pelos seus sucessores. Deixe as coisas em ordem para os herdeiros, consultando um advogado para escolher o melhor caminho. Em síntese: diminua o peso e viva uma vida de leveza.

Aprendendo a depender

Você era o provedor, o sustentáculo, a coluna de sustentação. Agora você se vê dependente. Pode ser financeira, ou fisicamente. Lembro-me da minha reação, no hospital, depois de uma pesada cirurgia, sendo ensaboado e banhado no chuveiro por um enfermeiro. No começo, humilhação. A seguir, a percepção da providência de Deus, dando a este enfermeiro o dom de cuidado. A Graça de Deus em ação, e eu o receptor desta imensa Graça. A dependência mudou meu olhar, minha percepção. Aprendi a ver Deus realizando sua obra; meu foco deixou de ser autocentrado, e passei a ver o outro mais claramente.

Perdendo

A terceira idade é um período que se caracteriza por perdas. Perdas físicas: não é como desejaria, um processo de declínio lento e gradual, mas sim uma sucessão de quedas súbitas, de mudanças bruscas de patamares. Pode ser financeira: viver na aposentadoria é bem mais desafiador do que se imaginava. Perdas de pessoas queridas, amigos e amigas que se vão, pedaços nossos que são tirados, ficando os buracos da ausência, dores que continuam a doer, a despeito das orações e lembranças de versículos bíblicos sobre o consolo. E, por fim, a perda que define o início da nossa velhice: a perda da relevância. Não somos mais players. Os mais jovens não nos consultam – pelo contrário, nos dão conselhos que soam como ordens. Em nosso local de trabalho, nossa opinião patentemente não carrega nenhum peso; se perguntados, é meramente protocolar. Neste aspecto, a igreja pode mitigar a dor da irrelevância, invocando a sabedoria dos idosos (de verdade, não de mentirinha).

Aprendendo uma nova linguagem

Fazemos parte de uma civilização que endeusa a prosa da ciência. Com isto, perdemos o senso do Belo. Nossa teologia se debruça sobre a prosa racional e expositiva de Paulo, mas esquece que a cada raciocínio doutrinário segue-se uma doxologia, uma explosão poética de louvor e adoração, posto que a linguagem do amor é a poesia. E, já que em breve nós, os velhinhos, seremos adoradores na presença de Deus, convém que aproveitemos este tempo para sermos mais poetas e menos prosadores.

Já que falei em amor, faço uma proposta: reúna-se com as pessoas que lhe são realmente importantes, e diga-lhes o quanto as ama. Não em público, mas em casa, à mesa, com pão e vinho, olho no olho. Solene, não no piloto automático do “Te amo, irmã/irmão”. Quando meus filhos e seus cônjuges vieram me ajudar a comemorar meus oitenta anos, pedi a palavra antes do almoço, e lhes informei que eu os respeitava, admirava, e amava. Foi tão gostoso, que eu gostaria que você tivesse um prazer semelhante!

Uma última palavra sobre o amor: lembremos que dentro desta palavra existe outra, sem a qual a primeira não subsiste. Esta palavra é perdão. Na etapa final de nossa vida aqui na Terra, devemos fazer um esforço para, enquanto possível, consertar relacionamentos quebrados. Perdoar ou pedir perdão, conforme o caso. Mesmo sabendo que nem sempre nosso esforço será exitoso. Sem perdão não há como construir o amor, e o amargor continuará em nós.

Que o outono e o inverno da sua vida sejam inundados pelo amor do nosso Deus Triúno: Pai, Filho e Espírito Santo!

Thomas Hahn, 88 anos, casado com Christine há 60, pastor da Igreja Batista da Granja Viana, em Cotia, SP.

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Disrupção e o futuro do trabalho, por Volney Faustini

“É tempo de colher, mas ainda é tempo de plantar” é o tema do 4º Encontro Nacional promovido pelo Movimento Cristão 60+

Isabel – “Minha segunda carreira foi ser mãe”

Abracem sua segunda carreira de coração, seja ela qual for – algumas vezes será escolhida, outras vezes será imposta pelos acontecimentos. Mas aceitem o que vier de bom grado e Deus será com cada um de vocês

Meu nome é Isabel, que significa “Deus é meu juramento”. Sou da linhagem do primeiro sacerdote: Arão. Vocês devem achar estranho… Em nossa cultura, a pessoa é o nome, ou o nome é a pessoa, sei lá. Para nós, é fundamental saber o significado de cada nome, que, afinal, faz parte da personalidade da pessoa e mostra seu relacionamento com o Deus Eterno. Zacarias esqueceu de mencionar que o nome dele significa “lembrado por Jeová”. Como vocês ouviram, ele foi mesmo lembrado por Deus e contemplado com grandes maravilhas.

Não somente ele. Eu participei de tudo, exceto da visita do anjo no templo. Depois de dispensar a multidão, já em casa, como não podia falar, Zacarias escreveu pra mim um resumo da promessa do anjo. Fiquei extasiada!

Fui a primeira mulher mencionada no Novo Testamento, mais especificamente, no Evangelho escrito pelo Dr. Lucas. Ele foi um grande pesquisador e autor, e deu ênfase especial às mulheres em seu livro. Sou muito grata por isso.

Como Zacarias mencionou, não tínhamos filho e isso trouxe grande sofrimento para mim. Mas não vou me deter nessa parte. Tenho coisa mais bonita pra contar pra vocês!

Deus fez um milagre no meu corpo! Fazia uns dez anos que eu não tinha mais o costume das mulheres. Contudo, acordei um dia com enjoo e descobri que estava grávida, direitinho como o anjo havia dito. Resolvi ficar mais em casa – um costume da minha terra – mas também pra evitar falatórios. Nesse tempo, meu corpo foi se transformando a cada dia e, de certa forma, ficando cada vez mais “vivo”. Quando completei seis meses de gravidez, recebi a visita de uma prima muito querida, a Maria. No momento em que ela foi entrando pela porta, meu filho mexeu muito dentro da barriga, uma mexida diferente de soluço, de chute, de qualquer outro movimento que ele já tinha feito. Parecia um estremecimento de alegria, uma emoção muito forte. Nesse exato momento, fiquei possuída pelo Espírito Santo e exclamei para Maria: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito o fruto do teu ventre. E de onde me provém que me venha visitar a mãe de meu Senhor?” Gente, que tempo especial tivemos o privilégio de viver! Quisera eu que todos vocês estivessem lá. O Espírito Santo, de repente, parecia que estava solto. Enchia um e outro entre um espaço de tempo curto, o que era novidade para todos nós. E eu estava ali, diante da mulher escolhida para ser a mãe do Messias, que tanto aguardamos. O meu Senhor estava sendo gerado no ventre da minha prima Maria! Isso era deslumbrante e muito emocionante!

Maria ficou comigo por três meses. Nessa época, aprendi sobre a intergeracionalidade: ela era tão jovem e eu, nos meus sessenta e poucos (dizem que a mulher para de contar, né?). Uma diferença de mais de 40 anos entre nós duas. Mas tínhamos assunto o tempo todo. Além disso, ela me ajudava em algumas tarefas da casa que já estavam ficando pesadas para uma grávida, ainda mais uma 60+. E ela me ouvia muito, das histórias do templo, dos meus antepassados, das minhas experiências de vida. Que tempo gostoso!

Aí nasceu nosso meninão e Maria fez sua viagem de volta. Afinal, ela também precisava se

organizar para receber seu bebê dali uns meses.

O resto da história Zacarias já contou a vocês. Gostaria de acrescentar apenas (porque é um dos temas deste evento) que não escolhi uma segunda carreira, ela me escolheu – e foi deliciosa! Minha segunda carreira, por incrível que pareça, foi ser mãe. Amamentei o Joãozinho por alguns anos, me diverti e me alegrei muito com ele. Parece que junto com a bênção de ser mãe tive outra bênção, a de me sentir rejuvenescida.

Irmãos, para finalizar, deixo alguns conselhos. Deixem-se surpreender por Deus: esperem dele algo novo e não o óbvio. Esforcem-se por se relacionar com outras gerações, como os jovens, os adolescentes e as crianças; mesmo que haja resistência no início, todos saem ganhando e aprendendo no processo. Abracem sua segunda carreira de coração, seja ela qual for – algumas vezes será escolhida, outras vezes será imposta pelos acontecimentos. Mas aceitem o que vier de bom grado e Deus será com cada um de vocês.

Este artigo é parte da palestra Os 60+ do Primeiro Natal, oferecida no III Encontro do Movimento Cristão 60+.

Délnia Bastos é casada, mãe de três filhos e avó de cinco netos, e serve na área de governança em algumas iniciativas de missão.

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Segunda carreira e missões, por Adércio da Silva Corrêa

Pompeia Visão 2038

No III Encontro Nacional do Movimento Cristão 60+, realizado em novembro de 2023, os participantes tiveram a oportunidade de conhecer o Projeto Pompeia Visão 2038 que aconteceu entre 2021 e 2023 em Pompeia, cidade do Centro-Oeste paulista. Esta apresentação foi feita por Gilson Nishitani, integrante do MC 60+, membro da Igreja Holiness de Pompeia onde serve com sua esposa Esther.

Fundada em 1928 e emancipada 1938, Pompeia tem cerca de vinte mil habitantes e se destaca pelo seu potencial industrial no segmento de agronegócio e tecnologia. Através da FATEC, a cidade é considerada pioneira no oferecimento do curso de mecanização em agricultura de precisão, e referência nacional com o curso de big data no agronegócio.

Projeto Pompeia Visão 2038

O Projeto Pompeia Visão 2038 é uma iniciativa da sociedade civil, com o objetivo de pensar e propor ações para que Pompeia se torne a melhor cidade de pequeno porte do país. A escolha do ano de 2038 está ligado ao centenário da emancipação da cidade.

Em 2038, desejo morar na melhor cidade de pequeno porte do Brasil! – Como tudo começou

Em 2017, um grupo de pessoas, liderado por Jorge Nishimura, conselheiro do Grupo Jacto, iniciou o processo de “sonhar junto” para construir a melhor cidade de pequeno porte do país até 2038. Consultaram diversos especialistas e elaboraram a Visão 2038, baseado nos seguintes valores:

I. ambiente de paz;

II. evitar ingerências nas instituições;

III. atuar voluntariamente;

IV. trabalhar de forma orgânica, participativa e colaborativa;

V. sem ambição política.

O projeto definiu 11 objetivos estratégicos:

1- Toda criança terá oportunidade de estudar numa escola excelente;

2- Moradores exercem cidadania plena, participando na elaboração, execução e controle de políticas públicas;

3- Mídia imparcial, honesta, participativa e construtiva;

4- Inovação, criatividade e tecnologia estão presentes nos negócios e também em outras áreas da comunidade;

5- Criação e manutenção de ambientes saudáveis, seguros e transformadores;

6- Sistema integrado de saúde com foco nas pessoas;

7- Famílias sólidas e felizes;

8- Cidade ambientalmente responsável;

9- Ecossistema integrando os 3 setores: público, privado e terceiro setor;

10 – Cidade inteligente;

11- Os cidadãos vivem dentro dos mais altos padrões morais, éticos e espirituais.

Para monitorar o alcance desses objetivos estratégicos, o grupo se dividiu em comitês, com seus próprios objetivos, que são:

– Cidadania e integração: Fomentar dinâmicas de engajamento social, incentivando o morador a ser um cidadão proativo na solução das principais demandas da comunidade;

– Saúde: Sistema Integrado da Saúde com Foco na Pessoa e nas Família; – Educação: Visão de futuro para a educação de Pompeia.

Um trabalho conjunto

O programa Visão 2038 foi dirigido pelo Instituto de Desenvolvimento Familiar Chieko Nishimura (IDF) em parceria com a Prefeitura Municipal de Pompeia e sob a coordenação pedagógica da Oficinal Municipal.

O IDF é uma organização sem fins lucrativos com sede em Pompeia. Foi fundado em abril de 2017 por membros da família Nishimura como uma iniciativa para contribuir com a educação e o fortalecimento familiar de colaboradores do Grupo Jacto e seus familiares, bem como do ecossistema e da comunidade local. A Oficina Municipal é uma Escola de Cidadania e Gestão Pública que realiza atividades de formação humana e capacitação técnica voltadas às pessoas que se dedicam à política e à gestão de políticas públicas municipais. A maior parte dos alunos são lideranças, profissionais de diversos setores e gestores públicos que querem compreender a política, suas instituições, valores, princípios e se aperfeiçoar tecnicamente de modo a gerir de modo responsável e competente as cidades brasileiras, seus governos, partidos e organizações da sociedade civil.

Programa de Capacitação de Conselheiros Municipais – um exemplo de iniciativa

O projeto teve início com a formação de comitês temáticos para as áreas de educação, saúde, cidadania e família, reunindo pessoas com atuação e interesses conectados, procurando entender o estado atual da cidade, ouvindo especialistas e compartilhando informações, conhecimento e novas ideias, pensando e propondo soluções para questões que afetam a todos. Liderado pelo grupo “Cidadania e integração”, o Programa de Capacitação de Conselheiros Municipais, é um exemplo dessas iniciativas.

Realizado a partir de uma parceria entre o IDF e a Oficina Municipal, com financiamento do Grupo Jacto e apoio da Prefeitura de Pompeia de maio de 2022 a julho de 2023, o programa ofereceu formação de alto nível aos conselheiros municipais com mais de cem diplomados na primeira turma.

O curso teve 22 aulas online, além de workshops e atividades presenciais, com foco em temáticas relacionadas a democracia participativa, políticas públicas e o cotidiano dos conselhos municipais. Mais de cem participantes concluíram o currículo e receberam seu certificado. Além de moradores de Pompeia, o projeto ofereceu vagas para as cidades de Quintana, Herculândia e Tupã.

Pessoas mais qualificadas e motivadas para a participação na comunidade e um ambiente na cidade de muito entusiasmo por engajamento social estão entre as principais conquistas dessa iniciativa. Mas houve outros desdobramentos: a proposta de criação de um Fórum Municipal pela Primeira Infância e um Fórum Municipal da Cultura.

Para quem se interessar em saber mais sobre o Projeto Pompeia Visão 2038, basta escrever para Eduardo Almeida no e-mail eduardo.almeida@idf.org.br.

Fontes:

Conselhos Municipais de Pompeia: um novo paradigma de participação na política municipal Relatório a partir da experiência de trabalho da equipe Oficina Municipal no desenvolvimento do Programa de Capacitação dos Conselheiros Municipais de Pompeia. São Paulo, 2023.

Relatório Institucional e de Impacto Social 2021-2023 do Instituto de Desenvolvimento Familiar Chieko Nishimura. Pompeia, 2024

Nada pode apagar a chama da vocação

Por Durvalina B. Bezerra

Em cada ciclo da vida, vivemos a nossa vocação no uso dos nossos dons para o cumprimento dos propósitos divinos. Depois da aposentadoria, ela pode contrair outros contornos e outras dimensões, mas nunca se apartar de nós.

Quando me entreguei ao meu Senhor confessei que viveria o meu chamado para sempre. Eu tinha 15 anos e não tinha ideia dos desafios e da dimensão desse compromisso, mas tinha convicção plena de que, “Aquele que vos chama é fiel” (1Ts 5.24). Surpreendi-me com as oportunidades de servir com os meus dons e além deles. São 52 anos de ministério ininterrupto, cada ano que passa novas oportunidades surgem e a disposição para servir é renovada.

Depois de 28 anos na direção do Seminário Betel em São Paulo, o Senhor me trouxe de volta à João Pessoa e alguns entenderam que eu estava me aposentando. Deixei a responsabilidade de dirigir um seminário, mas o compromisso com a vocação de preparar os vocacionados me faz continuar servindo como diretora do Centro de Educação Teológica e Missiológica do Betel Brasileiro, órgão de organiza e supervisiona as nossas vinte extensões.

A vida só tem sentido dentro do propósito para o qual o Senhor nos escolheu. Para o cristão, viver a vocação é não ter a vida por preciosa até cumprir a carreira que o Senhor designou para cada um de nós, até o último suspiro. “Os dons e a vocação de Deus são irrevogáveis” (Rm11.29). A dimensão ministerial pode mudar, o tipo de serviço pode mudar, mas nada pode apagar a chama da vocação. O vocacionado é um servo, cujo estilo de vida é servir por amor. Este é o modelo do Mestre. A força do amor nos mantém presos no altar dos sacrifícios até a morte, porque “nenhum laço de amor pode ser mais forte do que o laço da vocação”.

Durvalina B. Bezerra é diretora do Centro de Educação Teológica e Missiológica Betel Brasileiro.

Crédito da imagem: Jill Wellington, Pixabay

A oração deste idoso

“Não me rejeites na minha velhice; quando me faltarem as forças, não me desampares… Não me desampares, pois, ó Deus, até à minha velhice e às cãs…” (Salmo 71.9 e 18)

Por Kléos M. Lenz César

Senhor, fui moço e agora sou velho… e não posso evitá-lo. Aceito o envelhecimento do corpo como uma situação normal, mas peço-te que não me deixes envelhecer no espírito. Renova a minha mente dia após dia.

Senhor, fui moço e agora sou velho… e já aprendi muitas coisas, mas quero continuar aprendendo sempre. Abre os meus olhos para perceber o que ainda não percebi. Ensina-me coisas novas.

Senhor, fui moço e agora sou velho… mas quero conservar o amor à minha família, ao próximo, aos meus amigos, aos meus irmãos em Cristo, a todos aqueles que me rodeiam. Preserva em mim esse amor e torna-o cada dia mais intenso.

Senhor, fui moço e agora sou velho… mas ainda tenho projetos de vida. Quero trabalhar por ti enquanto aqui viver. Torna esses projetos uma realidade em minha vida. Dá-me forças e entusiasmo para realizá-los.

Senhor, fui moço e agora sou velho… mas recuso-me ser achado na “antessala da morte”. Não quero ser encontrado na “fila dos pré-mortos”. Enquanto conservares a minha vida, mantém-me a cabeça erguida, enche-me de otimismo, entusiasmo e vida.

Senhor, fui moço e agora sou velho… e assumo a minha ancianidade; entretanto, não quero absorver os chamados “complexos de velhice”. Eles me humilham e me fazem um pessimista depressivo. Livra-me deles.

Senhor, fui moço e agora sou velho… e às vezes sinto medo do futuro, da enfermidade, da solidão, da viuvez e da morte. Ajuda-me a não me preocupar com essas possibilidades. Ajuda-me a não ser hipocondríaco. Ajuda-me a fixar meu olhar em Jesus e a apropriar-me de suas virtudes. Ajuda-me, dia após dia, a ter vivas em minha mente suas lindas e maravilhosas promessas.

Senhor, fui moço e agora sou velho… e, embora às vezes a vida me seja difícil, não tenho queixas de ti. Tu me tens sustentado desde o ventre de minha mãe, “a substância ainda informe”, e sei que o farás até o momento de minha partida. Sustenta esta minha fé. Não permitas que ela se abale, qualquer que seja a circunstância que eu tenha de enfrentar.

Senhor, fui moço e agora sou velho… mas tenho uma família encantadora. Estão todos nos teus caminhos, servindo-te em suas profissões. Minha esposa é uma companheira dedicada, que caminha comigo nesta nova etapa da vida. Meus filhos são amáveis e solícitos por mim. Estão todos ativos em tua Igreja. Ajuda-me sempre a amá-los e a valorizar o seu carinho.

Senhor, fui moço e agora sou velho… e não sei o número dos dias que me restam, e nem quero saber. Entreguei-te o meu relógio, e não o quero de volta. Não desejo existir nem mais nem menos um dia além ou aquém daquele que predeterminaste para mim. Mas quero que me ajudes a viver intensamente enquanto não chegar a minha hora.

Senhor, fui moço e agora sou velho… e não devo estar muito distante do céu. Alegra-me sempre pensar que, quando os meus olhos se fecharem, minha alma estará contigo para todo o sempre. Ajuda-me, Senhor, a aguardar esse dia em plena confiança e tranquilidade.

Senhor, fui moço e agora sou velho… mas ainda sinto alegria de viver porque sei que Tu estás comigo, que és o meu pastor, que nada me faltará, e que me fazes repousar em pastos verdejantes, junto das águas de descanso. Ajuda-me a continuar um velho alegre e feliz.

Senhor, fui moço e agora sou velho… mas, enquanto viver, quero honrar o teu nome. Se, por acaso, eu vier a fracassar, leva-me para junto de ti, antes do fracasso.

Por Jesus Cristo, Senhor de todas as idades, meu Salvador, amém.

Kléos Magalhães Lenz César, foi professor de poimênica e hiperetologia no Seminário Teológico Presbiteriano do Rio de Janeiro por 6 anos. Foi pastor e professor de música no Instituto de Educação Clélia Nanci, em São Gonçalo, RJ.

Texto publicado originalmente no livro Fui Moço, Agora Sou Velho… E Daí?, Editora Ultimato.

Crédito da imagem: Pixabay

Como aprender a “contar os nossos dias”?

“A velhice é uma realidade concreta, durável, e vivida, que propõe problemas práticos, cujos conteúdos podemos discutir com objetividade.”
Paul Tournier

Cada fase tem seus desafios, suas limitações e importância na formação da pessoa. Quem já passou pela infância, adolescência e juventude é uma pessoa com todas as responsabilidades da vida adulta que caminha para maturidade. Na perspectiva de uma vida longa é possível esperar que há muita coisa boa pela frente.

Enquanto o envelhecer acontece, o movimento da vida continua (saúde, espiritualidade, família, compromissos, serviço entre outros) e os 50, 60, 70, 80, 90+ são encorajados pela Bíblia a buscar conhecer a Deus e sua vontade, e ajustar-se a ela. Aprender a discernir as coisas essenciais, verdadeiramente importantes e duradouras, das coisas circunstanciais, secundárias e efêmeras é um longo aprendizado que inclui presente e futuro, até o final da vida.

Pensando sobre a “validade” da vocação – quando ela parece não fazer mais sentido –, Ultimato lançou a série de estudos bíblicos Conversando Sobre o Futuro. De autoria de Marcelo Barreto, os 8 estudos refletem sobre trabalho, saúde emocional, aposentadoria, relacionamentos, entre outras questões e desafios para os que deixaram para trás as “coisas próprias de criança”.

Com assuntos bastante sugestivos, os estudos lembram que envelhecer se aprende, envelhecendo, contando os dias (Sl 90.12) e conversando sobre o futuro (Pv 27.1).

1. Preparando-me para envelhecer

2. Preciso parar de trabalhar?

3. Alegria no trabalho, por que não?

4. Mantendo um corpo saudável

5. Proteja a sua mente

6. Cultivando relacionamentos significativos

7. Administrando as finanças para a aposentadoria

8. Foque no que é essencial

Disponíveis no blog Estudos Bíblicos do portal Ultimatoonline, os estudos podem ser usados no momento da devocional diária a sós, na igreja ou em pequenos grupos.

Crédito da imagem: Marcia Foizer

Engata Terceira, um programa do Águias de Cristo

Por Elias Bispo

Há quase 30 anos, por iniciativa do Rev. Edijéce Martins Ferreira, pastor emérito da Igreja Presbiteriana da Madalena, em Recife, PE, foi organizado o Ministério da Terceira Idade, denominado Águias de Cristo.

Dia das Mulheres

As programações do Águias de Cristo são diversificadas e abrangem aspectos espirituais, evangelísticos, missionários, culturais, musicais, esportivos e recreativos, buscando-se a interação intergeracional e com outros ministérios da comunidade.

Essas atividades foram interrompidas em decorrência do distanciamento social imposto pela pandemia da Covi-19, ensejando o desenvolvimento do Programa de Assistência a Terceira Idade, Engata Terceira.

Foram consideradas algumas linhas mestras como consolidação da cosmovisão cristã, assistência espiritual e material, manutenção das amizades, estilo de vida saudável e, na medida do possível, com a flexibilização das regras de isolamento, o retorno à igreja.

Culto da Terceira Idade

A população idosa da Madalena é composta por cerca de 130 idosos, com idades entre 60 a 100 anos, sendo 89 mulheres e 41 homens, distribuídos nas seguintes faixas etárias:

  • 90 – 2 idosos
  • de 80 a 89 – 25 idosos
  • de 70 a 79 – 44 idosos
  • de 60 a 69 –  59 idosos

O Engata Terceira exigiu a elaboração de um plano de ação que possibilitasse a assistência com base nas seguintes premissas:

  1. Mobilização dos irmãos interessados em participar da ação de várias faixas etárias, em especial os mais jovens;
  2. Fazimento de pelo menos um contato mensal com todos os idosos;
  3. Realização de contatos por telefone com o objetivo de se atingir toda a população de idosos;
  4. Remessa de mensagens físicas a essa membresia, que corresponde a 25% da comunidade;
  5. Fazê-los se sentir prestigiados e não esquecidos pela igreja, comemorar o Dia do Idoso;
  6. Levantar as necessidades dos contatados, com consolidação e repasse das informações ao Conselho e Junta Diaconal, quando necessário.
Atividade laboral

Passada a pandemia, o Águias de Cristo retornou as suas atividades com muita força, colhendo-se bênçãos como a manutenção da identidade do grupo, a abertura de um diálogo intergeracional entre aqueles que participaram do projeto; comunhão entre os idosos e os jovens; o resgate do sentimento de pertencimento a comunidade; a alegria de sentir integrante do Corpo de Cristo.

Elias Bispo é contador, atua na área financeira há 44 anos, educador financeiro, servidor público, casado com Mércia (psicóloga) há 42 anos, um casal de filhos, três netos, presbítero na Igreja Presbiteriana Madalena.