Isabel – “Minha segunda carreira foi ser mãe”

Abracem sua segunda carreira de coração, seja ela qual for – algumas vezes será escolhida, outras vezes será imposta pelos acontecimentos. Mas aceitem o que vier de bom grado e Deus será com cada um de vocês

Meu nome é Isabel, que significa “Deus é meu juramento”. Sou da linhagem do primeiro sacerdote: Arão. Vocês devem achar estranho… Em nossa cultura, a pessoa é o nome, ou o nome é a pessoa, sei lá. Para nós, é fundamental saber o significado de cada nome, que, afinal, faz parte da personalidade da pessoa e mostra seu relacionamento com o Deus Eterno. Zacarias esqueceu de mencionar que o nome dele significa “lembrado por Jeová”. Como vocês ouviram, ele foi mesmo lembrado por Deus e contemplado com grandes maravilhas.

Não somente ele. Eu participei de tudo, exceto da visita do anjo no templo. Depois de dispensar a multidão, já em casa, como não podia falar, Zacarias escreveu pra mim um resumo da promessa do anjo. Fiquei extasiada!

Fui a primeira mulher mencionada no Novo Testamento, mais especificamente, no Evangelho escrito pelo Dr. Lucas. Ele foi um grande pesquisador e autor, e deu ênfase especial às mulheres em seu livro. Sou muito grata por isso.

Como Zacarias mencionou, não tínhamos filho e isso trouxe grande sofrimento para mim. Mas não vou me deter nessa parte. Tenho coisa mais bonita pra contar pra vocês!

Deus fez um milagre no meu corpo! Fazia uns dez anos que eu não tinha mais o costume das mulheres. Contudo, acordei um dia com enjoo e descobri que estava grávida, direitinho como o anjo havia dito. Resolvi ficar mais em casa – um costume da minha terra – mas também pra evitar falatórios. Nesse tempo, meu corpo foi se transformando a cada dia e, de certa forma, ficando cada vez mais “vivo”. Quando completei seis meses de gravidez, recebi a visita de uma prima muito querida, a Maria. No momento em que ela foi entrando pela porta, meu filho mexeu muito dentro da barriga, uma mexida diferente de soluço, de chute, de qualquer outro movimento que ele já tinha feito. Parecia um estremecimento de alegria, uma emoção muito forte. Nesse exato momento, fiquei possuída pelo Espírito Santo e exclamei para Maria: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito o fruto do teu ventre. E de onde me provém que me venha visitar a mãe de meu Senhor?” Gente, que tempo especial tivemos o privilégio de viver! Quisera eu que todos vocês estivessem lá. O Espírito Santo, de repente, parecia que estava solto. Enchia um e outro entre um espaço de tempo curto, o que era novidade para todos nós. E eu estava ali, diante da mulher escolhida para ser a mãe do Messias, que tanto aguardamos. O meu Senhor estava sendo gerado no ventre da minha prima Maria! Isso era deslumbrante e muito emocionante!

Maria ficou comigo por três meses. Nessa época, aprendi sobre a intergeracionalidade: ela era tão jovem e eu, nos meus sessenta e poucos (dizem que a mulher para de contar, né?). Uma diferença de mais de 40 anos entre nós duas. Mas tínhamos assunto o tempo todo. Além disso, ela me ajudava em algumas tarefas da casa que já estavam ficando pesadas para uma grávida, ainda mais uma 60+. E ela me ouvia muito, das histórias do templo, dos meus antepassados, das minhas experiências de vida. Que tempo gostoso!

Aí nasceu nosso meninão e Maria fez sua viagem de volta. Afinal, ela também precisava se

organizar para receber seu bebê dali uns meses.

O resto da história Zacarias já contou a vocês. Gostaria de acrescentar apenas (porque é um dos temas deste evento) que não escolhi uma segunda carreira, ela me escolheu – e foi deliciosa! Minha segunda carreira, por incrível que pareça, foi ser mãe. Amamentei o Joãozinho por alguns anos, me diverti e me alegrei muito com ele. Parece que junto com a bênção de ser mãe tive outra bênção, a de me sentir rejuvenescida.

Irmãos, para finalizar, deixo alguns conselhos. Deixem-se surpreender por Deus: esperem dele algo novo e não o óbvio. Esforcem-se por se relacionar com outras gerações, como os jovens, os adolescentes e as crianças; mesmo que haja resistência no início, todos saem ganhando e aprendendo no processo. Abracem sua segunda carreira de coração, seja ela qual for – algumas vezes será escolhida, outras vezes será imposta pelos acontecimentos. Mas aceitem o que vier de bom grado e Deus será com cada um de vocês.

Este artigo é parte da palestra Os 60+ do Primeiro Natal, oferecida no III Encontro do Movimento Cristão 60+.

Délnia Bastos é casada, mãe de três filhos e avó de cinco netos, e serve na área de governança em algumas iniciativas de missão.

Leia mais:

Segunda carreira e missões, por Adércio da Silva Corrêa

Pompeia Visão 2038

No III Encontro Nacional do Movimento Cristão 60+, realizado em novembro de 2023, os participantes tiveram a oportunidade de conhecer o Projeto Pompeia Visão 2038 que aconteceu entre 2021 e 2023 em Pompeia, cidade do Centro-Oeste paulista. Esta apresentação foi feita por Gilson Nishitani, integrante do MC 60+, membro da Igreja Holiness de Pompeia onde serve com sua esposa Esther.

Fundada em 1928 e emancipada 1938, Pompeia tem cerca de vinte mil habitantes e se destaca pelo seu potencial industrial no segmento de agronegócio e tecnologia. Através da FATEC, a cidade é considerada pioneira no oferecimento do curso de mecanização em agricultura de precisão, e referência nacional com o curso de big data no agronegócio.

Projeto Pompeia Visão 2038

O Projeto Pompeia Visão 2038 é uma iniciativa da sociedade civil, com o objetivo de pensar e propor ações para que Pompeia se torne a melhor cidade de pequeno porte do país. A escolha do ano de 2038 está ligado ao centenário da emancipação da cidade.

Em 2038, desejo morar na melhor cidade de pequeno porte do Brasil! – Como tudo começou

Em 2017, um grupo de pessoas, liderado por Jorge Nishimura, conselheiro do Grupo Jacto, iniciou o processo de “sonhar junto” para construir a melhor cidade de pequeno porte do país até 2038. Consultaram diversos especialistas e elaboraram a Visão 2038, baseado nos seguintes valores:

I. ambiente de paz;

II. evitar ingerências nas instituições;

III. atuar voluntariamente;

IV. trabalhar de forma orgânica, participativa e colaborativa;

V. sem ambição política.

O projeto definiu 11 objetivos estratégicos:

1- Toda criança terá oportunidade de estudar numa escola excelente;

2- Moradores exercem cidadania plena, participando na elaboração, execução e controle de políticas públicas;

3- Mídia imparcial, honesta, participativa e construtiva;

4- Inovação, criatividade e tecnologia estão presentes nos negócios e também em outras áreas da comunidade;

5- Criação e manutenção de ambientes saudáveis, seguros e transformadores;

6- Sistema integrado de saúde com foco nas pessoas;

7- Famílias sólidas e felizes;

8- Cidade ambientalmente responsável;

9- Ecossistema integrando os 3 setores: público, privado e terceiro setor;

10 – Cidade inteligente;

11- Os cidadãos vivem dentro dos mais altos padrões morais, éticos e espirituais.

Para monitorar o alcance desses objetivos estratégicos, o grupo se dividiu em comitês, com seus próprios objetivos, que são:

– Cidadania e integração: Fomentar dinâmicas de engajamento social, incentivando o morador a ser um cidadão proativo na solução das principais demandas da comunidade;

– Saúde: Sistema Integrado da Saúde com Foco na Pessoa e nas Família; – Educação: Visão de futuro para a educação de Pompeia.

Um trabalho conjunto

O programa Visão 2038 foi dirigido pelo Instituto de Desenvolvimento Familiar Chieko Nishimura (IDF) em parceria com a Prefeitura Municipal de Pompeia e sob a coordenação pedagógica da Oficinal Municipal.

O IDF é uma organização sem fins lucrativos com sede em Pompeia. Foi fundado em abril de 2017 por membros da família Nishimura como uma iniciativa para contribuir com a educação e o fortalecimento familiar de colaboradores do Grupo Jacto e seus familiares, bem como do ecossistema e da comunidade local. A Oficina Municipal é uma Escola de Cidadania e Gestão Pública que realiza atividades de formação humana e capacitação técnica voltadas às pessoas que se dedicam à política e à gestão de políticas públicas municipais. A maior parte dos alunos são lideranças, profissionais de diversos setores e gestores públicos que querem compreender a política, suas instituições, valores, princípios e se aperfeiçoar tecnicamente de modo a gerir de modo responsável e competente as cidades brasileiras, seus governos, partidos e organizações da sociedade civil.

Programa de Capacitação de Conselheiros Municipais – um exemplo de iniciativa

O projeto teve início com a formação de comitês temáticos para as áreas de educação, saúde, cidadania e família, reunindo pessoas com atuação e interesses conectados, procurando entender o estado atual da cidade, ouvindo especialistas e compartilhando informações, conhecimento e novas ideias, pensando e propondo soluções para questões que afetam a todos. Liderado pelo grupo “Cidadania e integração”, o Programa de Capacitação de Conselheiros Municipais, é um exemplo dessas iniciativas.

Realizado a partir de uma parceria entre o IDF e a Oficina Municipal, com financiamento do Grupo Jacto e apoio da Prefeitura de Pompeia de maio de 2022 a julho de 2023, o programa ofereceu formação de alto nível aos conselheiros municipais com mais de cem diplomados na primeira turma.

O curso teve 22 aulas online, além de workshops e atividades presenciais, com foco em temáticas relacionadas a democracia participativa, políticas públicas e o cotidiano dos conselhos municipais. Mais de cem participantes concluíram o currículo e receberam seu certificado. Além de moradores de Pompeia, o projeto ofereceu vagas para as cidades de Quintana, Herculândia e Tupã.

Pessoas mais qualificadas e motivadas para a participação na comunidade e um ambiente na cidade de muito entusiasmo por engajamento social estão entre as principais conquistas dessa iniciativa. Mas houve outros desdobramentos: a proposta de criação de um Fórum Municipal pela Primeira Infância e um Fórum Municipal da Cultura.

Para quem se interessar em saber mais sobre o Projeto Pompeia Visão 2038, basta escrever para Eduardo Almeida no e-mail eduardo.almeida@idf.org.br.

Fontes:

Conselhos Municipais de Pompeia: um novo paradigma de participação na política municipal Relatório a partir da experiência de trabalho da equipe Oficina Municipal no desenvolvimento do Programa de Capacitação dos Conselheiros Municipais de Pompeia. São Paulo, 2023.

Relatório Institucional e de Impacto Social 2021-2023 do Instituto de Desenvolvimento Familiar Chieko Nishimura. Pompeia, 2024

Nada pode apagar a chama da vocação

Por Durvalina B. Bezerra

Em cada ciclo da vida, vivemos a nossa vocação no uso dos nossos dons para o cumprimento dos propósitos divinos. Depois da aposentadoria, ela pode contrair outros contornos e outras dimensões, mas nunca se apartar de nós.

Quando me entreguei ao meu Senhor confessei que viveria o meu chamado para sempre. Eu tinha 15 anos e não tinha ideia dos desafios e da dimensão desse compromisso, mas tinha convicção plena de que, “Aquele que vos chama é fiel” (1Ts 5.24). Surpreendi-me com as oportunidades de servir com os meus dons e além deles. São 52 anos de ministério ininterrupto, cada ano que passa novas oportunidades surgem e a disposição para servir é renovada.

Depois de 28 anos na direção do Seminário Betel em São Paulo, o Senhor me trouxe de volta à João Pessoa e alguns entenderam que eu estava me aposentando. Deixei a responsabilidade de dirigir um seminário, mas o compromisso com a vocação de preparar os vocacionados me faz continuar servindo como diretora do Centro de Educação Teológica e Missiológica do Betel Brasileiro, órgão de organiza e supervisiona as nossas vinte extensões.

A vida só tem sentido dentro do propósito para o qual o Senhor nos escolheu. Para o cristão, viver a vocação é não ter a vida por preciosa até cumprir a carreira que o Senhor designou para cada um de nós, até o último suspiro. “Os dons e a vocação de Deus são irrevogáveis” (Rm11.29). A dimensão ministerial pode mudar, o tipo de serviço pode mudar, mas nada pode apagar a chama da vocação. O vocacionado é um servo, cujo estilo de vida é servir por amor. Este é o modelo do Mestre. A força do amor nos mantém presos no altar dos sacrifícios até a morte, porque “nenhum laço de amor pode ser mais forte do que o laço da vocação”.

Durvalina B. Bezerra é diretora do Centro de Educação Teológica e Missiológica Betel Brasileiro.

Crédito da imagem: Jill Wellington, Pixabay

“É tempo de colher, mas ainda é tempo de plantar” é o tema do 4º Encontro Nacional promovido pelo Movimento Cristão 60+

Se você não pôde participar dos 3 encontros anteriores, uma boa notícia: Vem aí o 4º Encontro que acontecerá em Sumaré, SP

O aumento da população com mais de 60 anos tem sido amplamente divulgado nos meios de comunicação. Junto com esta mudança demográfica – não só no Brasil, mas em todo o mundo – novos desafios e novas oportunidades surgem para a Igreja.

Para o 4º Encontro Nacional 60+ são convidadas pessoas com 60, 70, 80 ou mais anos, aposentados ou não, e lideranças evangélicas que já têm ministérios com os 60+ ou que desejam criar iniciativas a eles direcionadas, conhecendo melhor as suas necessidades e aptidões.

Será um tempo para reunir interessados para refletir juntos sobre as diversas questões ligadas ao assunto, por meio de devocionais e reflexões bíblicas, palestras, mostra de oportunidades e boas práticas, cânticos, troca de experiências.

Este é o tema geral do 4º Encontro: É tempo de colher, mas ainda é tempo de plantar. Nesta faixa de idade é possível desfrutar dos frutos cultivados ao longo da vida nas diferentes áreas de vida. Por outro lado, a experiência de vida dos 60+ pode enriquecer a igreja e os ministérios a serviço do Reino. Como o chamado de Deus é para toda vida, é importante descobrir novos papeis e despertar novas aspirações para o serviço ao Reino de Deus.

Seguindo os três pilares do MC60+ (integração na Igreja, segunda carreira e auto cuidado), as reflexões serão desenvolvidas a partir destes subtemas: Novos papeis na igreja, Novas oportunidades de trabalho e Nova maneiras de cuidar de si.

No site MC60+ você pode acessar conteúdos dos encontros anteriores, conhecer diferentes experiências de grupos 60+ em igrejas locais e se edificar com testemunhos de vida e de atuação numa segunda carreira.

O Movimento Cristão 60+ é formado por um grupo de cristãos com diferentes experiências profissionais e eclesiásticas que buscam compartilhar a visão de que mesmo na terceira idade podemos servir a Deus com vigor e entusiasmo, dispondo nossas experiências e habilidades anteriormente adquiridas a serviço do Reino, por intermédio de iniciativas individuais ou coletivas de apoio e cuidado integral a indivíduos, familiares e comunidades; engajamento em projetos eclesial, social, educacional, cultural e ambiental.

A base bíblica que os norteia é o Salmo 92: 12-15.

Clique aqui e conheça o programa do 4º Encontro.
E saiba como inscrever-se aqui.

A oração deste idoso

“Não me rejeites na minha velhice; quando me faltarem as forças, não me desampares… Não me desampares, pois, ó Deus, até à minha velhice e às cãs…” (Salmo 71.9 e 18)

Por Kléos M. Lenz César

Senhor, fui moço e agora sou velho… e não posso evitá-lo. Aceito o envelhecimento do corpo como uma situação normal, mas peço-te que não me deixes envelhecer no espírito. Renova a minha mente dia após dia.

Senhor, fui moço e agora sou velho… e já aprendi muitas coisas, mas quero continuar aprendendo sempre. Abre os meus olhos para perceber o que ainda não percebi. Ensina-me coisas novas.

Senhor, fui moço e agora sou velho… mas quero conservar o amor à minha família, ao próximo, aos meus amigos, aos meus irmãos em Cristo, a todos aqueles que me rodeiam. Preserva em mim esse amor e torna-o cada dia mais intenso.

Senhor, fui moço e agora sou velho… mas ainda tenho projetos de vida. Quero trabalhar por ti enquanto aqui viver. Torna esses projetos uma realidade em minha vida. Dá-me forças e entusiasmo para realizá-los.

Senhor, fui moço e agora sou velho… mas recuso-me ser achado na “antessala da morte”. Não quero ser encontrado na “fila dos pré-mortos”. Enquanto conservares a minha vida, mantém-me a cabeça erguida, enche-me de otimismo, entusiasmo e vida.

Senhor, fui moço e agora sou velho… e assumo a minha ancianidade; entretanto, não quero absorver os chamados “complexos de velhice”. Eles me humilham e me fazem um pessimista depressivo. Livra-me deles.

Senhor, fui moço e agora sou velho… e às vezes sinto medo do futuro, da enfermidade, da solidão, da viuvez e da morte. Ajuda-me a não me preocupar com essas possibilidades. Ajuda-me a não ser hipocondríaco. Ajuda-me a fixar meu olhar em Jesus e a apropriar-me de suas virtudes. Ajuda-me, dia após dia, a ter vivas em minha mente suas lindas e maravilhosas promessas.

Senhor, fui moço e agora sou velho… e, embora às vezes a vida me seja difícil, não tenho queixas de ti. Tu me tens sustentado desde o ventre de minha mãe, “a substância ainda informe”, e sei que o farás até o momento de minha partida. Sustenta esta minha fé. Não permitas que ela se abale, qualquer que seja a circunstância que eu tenha de enfrentar.

Senhor, fui moço e agora sou velho… mas tenho uma família encantadora. Estão todos nos teus caminhos, servindo-te em suas profissões. Minha esposa é uma companheira dedicada, que caminha comigo nesta nova etapa da vida. Meus filhos são amáveis e solícitos por mim. Estão todos ativos em tua Igreja. Ajuda-me sempre a amá-los e a valorizar o seu carinho.

Senhor, fui moço e agora sou velho… e não sei o número dos dias que me restam, e nem quero saber. Entreguei-te o meu relógio, e não o quero de volta. Não desejo existir nem mais nem menos um dia além ou aquém daquele que predeterminaste para mim. Mas quero que me ajudes a viver intensamente enquanto não chegar a minha hora.

Senhor, fui moço e agora sou velho… e não devo estar muito distante do céu. Alegra-me sempre pensar que, quando os meus olhos se fecharem, minha alma estará contigo para todo o sempre. Ajuda-me, Senhor, a aguardar esse dia em plena confiança e tranquilidade.

Senhor, fui moço e agora sou velho… mas ainda sinto alegria de viver porque sei que Tu estás comigo, que és o meu pastor, que nada me faltará, e que me fazes repousar em pastos verdejantes, junto das águas de descanso. Ajuda-me a continuar um velho alegre e feliz.

Senhor, fui moço e agora sou velho… mas, enquanto viver, quero honrar o teu nome. Se, por acaso, eu vier a fracassar, leva-me para junto de ti, antes do fracasso.

Por Jesus Cristo, Senhor de todas as idades, meu Salvador, amém.

Kléos Magalhães Lenz César, foi professor de poimênica e hiperetologia no Seminário Teológico Presbiteriano do Rio de Janeiro por 6 anos. Foi pastor e professor de música no Instituto de Educação Clélia Nanci, em São Gonçalo, RJ.

Texto publicado originalmente no livro Fui Moço, Agora Sou Velho… E Daí?, Editora Ultimato.

Crédito da imagem: Pixabay

Como aprender a “contar os nossos dias”?

“A velhice é uma realidade concreta, durável, e vivida, que propõe problemas práticos, cujos conteúdos podemos discutir com objetividade.”
Paul Tournier

Cada fase tem seus desafios, suas limitações e importância na formação da pessoa. Quem já passou pela infância, adolescência e juventude é uma pessoa com todas as responsabilidades da vida adulta que caminha para maturidade. Na perspectiva de uma vida longa é possível esperar que há muita coisa boa pela frente.

Enquanto o envelhecer acontece, o movimento da vida continua (saúde, espiritualidade, família, compromissos, serviço entre outros) e os 50, 60, 70, 80, 90+ são encorajados pela Bíblia a buscar conhecer a Deus e sua vontade, e ajustar-se a ela. Aprender a discernir as coisas essenciais, verdadeiramente importantes e duradouras, das coisas circunstanciais, secundárias e efêmeras é um longo aprendizado que inclui presente e futuro, até o final da vida.

Pensando sobre a “validade” da vocação – quando ela parece não fazer mais sentido –, Ultimato lançou a série de estudos bíblicos Conversando Sobre o Futuro. De autoria de Marcelo Barreto, os 8 estudos refletem sobre trabalho, saúde emocional, aposentadoria, relacionamentos, entre outras questões e desafios para os que deixaram para trás as “coisas próprias de criança”.

Com assuntos bastante sugestivos, os estudos lembram que envelhecer se aprende, envelhecendo, contando os dias (Sl 90.12) e conversando sobre o futuro (Pv 27.1).

1. Preparando-me para envelhecer

2. Preciso parar de trabalhar?

3. Alegria no trabalho, por que não?

4. Mantendo um corpo saudável

5. Proteja a sua mente

6. Cultivando relacionamentos significativos

7. Administrando as finanças para a aposentadoria

8. Foque no que é essencial

Disponíveis no blog Estudos Bíblicos do portal Ultimatoonline, os estudos podem ser usados no momento da devocional diária a sós, na igreja ou em pequenos grupos.

Crédito da imagem: Marcia Foizer

Engata Terceira, um programa do Águias de Cristo

Por Elias Bispo

Há quase 30 anos, por iniciativa do Rev. Edijéce Martins Ferreira, pastor emérito da Igreja Presbiteriana da Madalena, em Recife, PE, foi organizado o Ministério da Terceira Idade, denominado Águias de Cristo.

Dia das Mulheres

As programações do Águias de Cristo são diversificadas e abrangem aspectos espirituais, evangelísticos, missionários, culturais, musicais, esportivos e recreativos, buscando-se a interação intergeracional e com outros ministérios da comunidade.

Essas atividades foram interrompidas em decorrência do distanciamento social imposto pela pandemia da Covi-19, ensejando o desenvolvimento do Programa de Assistência a Terceira Idade, Engata Terceira.

Foram consideradas algumas linhas mestras como consolidação da cosmovisão cristã, assistência espiritual e material, manutenção das amizades, estilo de vida saudável e, na medida do possível, com a flexibilização das regras de isolamento, o retorno à igreja.

Culto da Terceira Idade

A população idosa da Madalena é composta por cerca de 130 idosos, com idades entre 60 a 100 anos, sendo 89 mulheres e 41 homens, distribuídos nas seguintes faixas etárias:

  • 90 – 2 idosos
  • de 80 a 89 – 25 idosos
  • de 70 a 79 – 44 idosos
  • de 60 a 69 –  59 idosos

O Engata Terceira exigiu a elaboração de um plano de ação que possibilitasse a assistência com base nas seguintes premissas:

  1. Mobilização dos irmãos interessados em participar da ação de várias faixas etárias, em especial os mais jovens;
  2. Fazimento de pelo menos um contato mensal com todos os idosos;
  3. Realização de contatos por telefone com o objetivo de se atingir toda a população de idosos;
  4. Remessa de mensagens físicas a essa membresia, que corresponde a 25% da comunidade;
  5. Fazê-los se sentir prestigiados e não esquecidos pela igreja, comemorar o Dia do Idoso;
  6. Levantar as necessidades dos contatados, com consolidação e repasse das informações ao Conselho e Junta Diaconal, quando necessário.
Atividade laboral

Passada a pandemia, o Águias de Cristo retornou as suas atividades com muita força, colhendo-se bênçãos como a manutenção da identidade do grupo, a abertura de um diálogo intergeracional entre aqueles que participaram do projeto; comunhão entre os idosos e os jovens; o resgate do sentimento de pertencimento a comunidade; a alegria de sentir integrante do Corpo de Cristo.

Elias Bispo é contador, atua na área financeira há 44 anos, educador financeiro, servidor público, casado com Mércia (psicóloga) há 42 anos, um casal de filhos, três netos, presbítero na Igreja Presbiteriana Madalena.

Não tenho medo da morte

Thomas Hahn escreve com o coração sincero este depoimento na “última idade”. Com 88 anos, ele celebra as dádivas de Deus e a igreja em que está inserido – mesmo em meio a muitas dificuldades. 

A Igreja de Cristo tem um mandato muito especial. Fundada e encabeçada por Jesus, que vive e reina para sempre, ela encontra sua razão de ser na formação de discípulos imitadores de Cristo. É neste contexto que gostaria de relatar minha experiência com a igreja da qual sou membro – por coincidência, desde que me tornei idoso.

É difícil precisar o momento em que nos tornamos idosos. Está mais para processo do que para momento. A parte física foi mais definida? Primeira cirurgia de coluna aos 72, a segunda aos 75, resultando em perda definitiva da capacidade de andar. Aos 76, aposentei-me do meu trabalho como corretor de seguros. Alguns anos depois, um erro médico prejudicou minha capacidade de ler: hoje me limito a poucas páginas diárias com o auxílio de lupa. Dirigir, não mais, à exceção da minha rua, que tem supermercado, farmácia – e, a cereja do bolo, minha igreja, a 200 metros do meu condomínio.

As vicissitudes da nossa economia conseguiram reduzir minha aposentadoria de uma zona de relativo conforto para um salário mínimo. Idem para minha esposa. Minhas contas – ah, como eu gostaria de reduzir meus gastos farmacológicos! – são custeados por meus filhos; é claro, portanto, tenho que controlar da melhor forma possível o que, quanto e como gasto.

Sou, então, um exemplo acabado de um idoso dependente, que passa a maior parte do tempo sentado em casa. E aí vem a surpresa: não estou deprimido – pelo menos não mais do que o justificado pelo noticiário do jornal! Por que será?

Em primeiríssimo lugar, porque pela bondade de Deus, tive, como primeiro efeito da minha conversão aos 38 anos, a perda de qualquer medo da morte. A vida eterna é uma realidade que se enraizou no meu ser – e esta lição aprendi na igreja, no ensino bíblico.

Minha convicção foi testada duas vezes com paradas cardíacas, nenhuma das quais me deixou com sequelas de ansiedade quanto à duração da minha vida. Conclusão: tenho vivido minha terceira (e última) idade sem medo da morte, sem angst, sem sofrimento espiritual, mesmo que severamente cerceado em possíveis atividades.

Como consequência desta minha fé, conversei com meu Deus, nos seguintes termos: “Não estou reclamando, ou me queixando, mas, para ser bem sincero, eu não estou curtindo ficar por aqui, só aguardando meu nome ser chamado. Mal posso esperar pelo que tens preparado para mim. Então, eis o que proponho: eu topo ficar por aqui, desde que possa, de alguma maneira, servir-te, servir ao teu Reino. Pode ser?” Creio que Deus aceitou esta proposta meio idiota, feita há uns 15 anos. Na minha igreja preguei, toquei piano, criei um grupo de homens, aconselhei, ministrei à solidão dos pastores – e, em dezembro de 2023, sem ter o menor preparo formal, fui ordenado pastor da igreja! Igreja Batista, ainda por cima – e tem crente por aí que não crê em milagres… E tudo ocorreu dentro das minhas limitações físicas.

É bem verdade que a atitude da igreja para com minha faixa etária teve muito a ver com sua visão, sua maneira de ser. Não estamos engajados em crescimento numérico, excelência, show-business e outras métricas pelas quais várias igrejas se pautam. Reforçamos, sempre que podemos, nossa identidade como família: irmãos e irmãs, filhos do mesmo Pai. Sou irmão mais velho, mas irmão, não um ET. Existe respeito – mas aí, tem que ser mútuo, não é?

Thomas Hahn e Christine

Conclusão: A Igreja tem uma parcela importante de contribuição para o bem-estar espiritual do idoso. Primeiro, criando uma cultura de inclusão; segundo, cuidando do ensino quanto à morte e vida eterna do crente. E ao crente, cabe se colocar à disposição de Deus para sua obra, confiantes num Deus que conhece nossas limitações. Ser aposentado da fé é privar-se da vida!

Thomas Hahn, 88 anos, casado com Christine há 60, pastor da Igreja Batista da Granja Viana, em Cotia, SP.

Crédito da imagem: Unsplash

Segunda carreira e missões

Adércio e sua esposa Ilda compartilharam o seu testemunho no II Encontro Nacional do Movimento 60+. Eles estão desenvolvendo uma segunda carreira, agora na área de missões transculturais.

Quando pensamos em missionário, vem ao nosso imaginário alguém jovem, saudável, teologicamente bem preparado e fluente em línguas estrangeiras, especialmente inglês, que costumamos considerar fundamental para bom desempenho.

Deixo claro, porém, que todos os cristãos, em todos os momentos da vida, são chamados para testemunhar a salvação em Cristo, independentemente de local de origem, idade, sexo, nacionalidade, instrução, origem e condição financeira.

Nesse sentido, quando minha esposa e eu estávamos na Ásia, ouvi um jovem missionário americano dizer que há lugares do mundo que somente quatro tipos de pessoa visitam: pesquisadores, em busca de descobertas; militares, em ações de guerra; milionários, em turismo ou caçada de animais exóticos, e missionários, em proclamação do Evangelho a alguém que ainda não ouviu falar sobre Jesus e, é claro, atendendo ao desafio para deixar tudo e viver apenas com duas malas.

Lembro-me de que, quando jovem, já casado e com filhas, fiz um plano de carreira e decidi: “Com meus 50 anos, desejo estar aposentado e que minhas filhas estejam emancipadas. Assim, poderei servir melhor ao Senhor!”.

Para esse propósito, trabalhei até completar 52 anos. De fato, depois do casamento das minhas duas primeiras filhas, eu me aposentei. Como diz o ditado: “Deus nos chama, mas o Diabo nos atrasa”.

A verdade é que, em cada fase da nossa vida, Deus abre portas para que tomemos decisões com o propósito de expandir Seu reino em todos os lugares da Terra.

Em 2004, fui convidado para assumir a auditoria e a expansão de uma empresa gráfica em Luanda, capital de Angola, na África. Pensei: “Começarei daqui!”. Visitei missionários e igrejas do país, de língua portuguesa, falei sobre minha fé a grandes empresários locais e viajei por várias províncias.

Quando retornei ao Brasil, iniciei uma pequena empresa particular de artes gráficas com o propósito de ajudar missões com os recursos financeiros obtidos.

Em 2012, vendi a empresa, minha esposa e eu fomos exercer nossa segunda carreira profissional. Ela é professora de espanhol, aposentada, e eu sou técnico em artes gráficas também aposentado. Na Ásia Central, trabalhei como voluntário em uma empresa gráfica mista que imprimia material secular e cristão de alta qualidade.

Minha esposa foi convidada para lecionar espanhol, como matéria extracurricular, para o quinto ano de economia de uma universidade. Obtivemos o visto para viver no país.

Aprendemos a língua local – o idioma russo – e testemunhamos a salvação em Jesus Cristo a muitos.

Em 2019, voltamos ao Brasil, e fui convidado para fazer parte da diretoria da nossa missão – W.H. Brasil.

Em razão de tantas mudanças e inserções em culturas diferentes, por vezes, quando comparados a certos embaixadores, até mesmo de grandes países, nós nos sentimos mais bem-preparados do que eles!

De fato, é necessário que conheçamos a cultura na qual estamos inseridos – o que podemos ou não fazer. Para tanto, precisamos estudar o tipo de governança do local e como obter o visto oficial para nos mantermos o maior tempo possível nele, precisamos nos comunicar bem na língua local e precisamos pesquisar e respeitar a religião, a cosmovisão e a antropologia do povo – o que é certo e o que é errado para os nacionais.

Então, a posse dessas verdades se soma ao reconhecimento de que somos pecadores e, portanto, o pecado nos separa de Deus, mas Jesus nos salva da morte eterna. Essa mensagem de vida eterna, que é única, deve ser aceita como pessoal e intransferível.

É exatamente essa mensagem que minha esposa e eu temos pregado para as pessoas em nossas andanças pelo mundo. Na eternidade, quando nos apresentarmos perante o tribunal de Cristo,a fé em Jesus fará total diferença.

Quantos cristãos, porém, têm o chamado para missões, mas têm deixado o tempo passar sem nada planejar! Não falo apenas sobre missões transculturais, pois a missão pode ser feita onde quer que for. Somos chamados para testemunhar nossa salvação em Cristo.

Você está na segunda… terceira… carreira?

Há mais para você… para além do que colocar pantufas e pijamas… até mesmo para além do que só cuidar dos netos!

Cuide da sua saúde física, emocional e mental.

Mantenha uma alimentação saudável.

Pratique exercícios físicos.

Proclame Jesus em todo tempo e em qualquer lugar!

Adercio da Silva Corrêa, casado com Ilda Maria Fernandes, é diretor-presidente da Missão W.H Brasil e autor dos livros Missões na Melhor Idade e Pensamentos de Comunhão com a Eternidade.

Como honrar os idosos em um mundo que valoriza os jovens

Por Ariane Gomes

Há pouco menos de um ano, o bilionário norte-americano Bryan Johnson, 45 anos, ocupou por muitos dias as páginas de notícias por gastar 2 milhões de dólares por ano para rejuvenescer e voltar a ter o corpo de quando tinha 18 anos.

Para alcançar seu objetivo, Johnson mantém uma rotina que inclui a ingestão de suplementos e remédios que visam a manutenção da saúde e a proteção contra inflamações; uma sequência diária de exercícios físicos e alimentação com pratos preparados de acordo com os resultados de exames médicos realizados mensalmente e o acompanhamento de uma equipe de dezenas médicos.

Esforços obstinados como o de Johnson revelam uma percepção ruim do envelhecimento. Há uma fuga desesperada desta fase da vida sob alto custo. Envelhecer é quase uma desonra. Além deste aspecto, atitudes como a de Johnson projetam uma sombra sobre o idoso, sua história e suas possibilidades, como se a inutilidade fosse a consequência natural do envelhecer.

Esta percepção e atitude traz um grande prejuízo a pessoas, famílias e às relações sociais. É um desserviço à intergeracionalidade, à honra, à história e à vida, que é dada e mantida por Deus.

O artigo A geração esquecida, publicado em Christianity Today, lembra que a fé cristã exige outro caminho: “Em toda a Bíblia, Deus lança uma visão para incluir os idosos em todos os aspectos da vida comunitária. Especialistas em cuidados com idosos estão descobrindo que a visão bíblica não só beneficia os idosos, mas também os jovens”.

A igreja é convocada não apenas a incluir idosos, mas a oferecer portas abertas para serem protagonistas junto com os mais jovens compartilhando histórias, experiências, saberes e realizando serviços para os quais têm habilidades e força.

Para quem deseja compreender e relacionar-se com os idosos, o artigo mencionado acima faz três sugestões: aprender a ouvir, trabalhar para o bem-estar, ser fiel aos esquecidos.

Aprender a ouvir

Significa não deixar a pessoa para trás, reduzindo-a à sua utilidade, mas dando valor à sua essência como portador da imagem de Deus. A razão pela qual as pessoas importam não é porque elas têm algo para contribuir. Eles são criados para refletir Deus no mundo.

Para os idosos, contar histórias sobre suas vidas está ligado a melhorias no bem-estar geral, maior qualidade de vida e redução da solidão. Os jovens que aprendem a fazer boas perguntas e ouvir pacientemente as histórias dos idosos se beneficiam da construção de conexões sociais intergeracionais e têm a oportunidade de desempenhar um papel na preservação da história e da cultura.

Trabalhar para o bem estar

Ao procurar maneiras de honrar os idosos, é provável que as necessidades surjam. Talvez eles não possam mais manter o trabalho no quintal ou a limpeza. Talvez ir ao mercado seja assustador. Os cristãos podem encontrar oportunidades significativas e tangíveis para oferecer ajuda e apoio aos vizinhos e a outros crentes idosos. 

Ser fiel aos esquecidos
Na primeira carta de Paulo a Timóteo há um convite para que os jovens tratem seus idosos com bondade, respeito e dignidade: “Não repreenda um homem mais velho; pelo contrário, exorte-o como você faria com o seu pai” (1Tm 5.12). Embora honrar os idosos com nosso tempo não pareça ser prioridade em nossas vidas ocupadas, o desejo de Deus é que os cristãos honrem toda a humanidade. Criar vínculos com aqueles que têm a sabedoria, a força e o entendimento (Jó 12.12) é uma bela imagem do céu na terra.

Ariane Gomes atua como coordenadora de produção de Ultimato e gestora de conteúdo do Portal Ultimato.

Saiba mais:

>> Movimento Cristão 60+ e Editora Ultimato firmam parceria para produção e divulgação de conteúdos com foco no público de sessenta anos ou mais

Crédito da imagem: Pixabay