Sessenta Mais se reúnem para ouvir “Agnus Dei” ao som de duas gaitas

Por Cilas Gavioli

Que tal ouvir Asa Branca ou Agnus Dei, ao som da gaita, numa roda de amigos?

Essa é exatamente uma das boas coisas que acontecem no Café Prosa e Companhia, um encontro trimestral dos 60+ da Chácara Primavera – momento de prosa, amizade e bons relacionamentos. Nesse encontro lúdico, há um período de adoração embalado pelos talentos dos 70 e 80 mais. No último encontro, por exemplo, o Sr. Ângelo Gilberto, de 83 anos, tocou em duas gaitas.

Nosso trabalho com os 60 Mais é muito novo. Nasceu em 2023.

Recentemente, iniciamos uma atividade toda quinta-feira à tarde, chamado Espaço Gerações – Longevidade, que consiste em oficina de memória e espiritualidade.

Temos também um grupo de mulheres cuja tarefa é ligar para os 60, 70, 80 mais para saber como eles estão passando. Essas mulheres me ligam periodicamente, e, caso haja uma demanda pastoral, elas me comunicam.

Existe também um outro setor que é o de visitação. Um grupo de pessoas sai visitando os 70 ou 80 mais que estão enfermos ou reclusos em suas casas.

Nossa equipe conta com o apoio de Samila Battistoni, psicóloga especialista em pessoa idosa, Daniele Rodrigues, fonoaudióloga, e Thiago Viana, músico.

Sabemos que é só o começo e que temos muito o que aprender. Afinal, não é pouca gente: temos quase 300 pessoas 60 mais em nossa comunidade!

Cilas Fiuza Gavioli, casado com Raquel, com quem tem um casal de filhos e uma neta, é pastor auxiliar da Igreja Presbiteriana Chácara Primavera, em Campinas, SP, servindo na diaconia e no ministério 60 Mais.

Saiba mais sobre o Ministério Chácara 60+ aqui.

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Uniedas segue fazendo discípulos entre indígenas no Brasil e na América do Sul

Por Xênia M. Lança de Q. Casséte

Indígena do povo Terena do Mato Grosso do Sul, Jader Oliveira também é pastor e presidente da União das Igrejas Evangélicas Indígenas da América do Sul (Uniedas).1 Segundo Jader, “A Uniedas foi fundada em 1972, cinco anos após a Funai (Fundação Nacional do Índio) proibir a permanência de missionários cristãos nas aldeias, no ano de 1967. E nesse momento fomos desafiados a continuar a caminhada de fazer discípulos entre nosso povo”.

A Missão Uniedas está presente em seis estados brasileiros: Acre, Rondônia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Alagoas e São Paulo. A Missão trabalha com 41 etnias no Brasil (das 266 etnias brasileiras, 117 ainda não têm presença missionária). “Hoje, a Uniedas não é apenas do povo Terena, mas também é Xavante, Xingu, Pataxó, Xucuru, Caiapó, etc. É um ministério do povo indígena e carecemos de orações”, diz Jader.

Há desafios e conquistas: “Deus vai nos dando possibilidades, dentro da nossa realidade. Fazemos nossos próprios barcos para irmos evangelizar pelos rios da Amazônia, Rondônia, Roraima, Pará e Mato Grosso. No início, havia sete igrejas da missão e atualmente são 43 em todo o Brasil. Nós entendemos que Deus nos amou como o povo que somos, com a nossa cultura, com a nossa cor, cor da terra. Somos índios porque nascemos índios e não será a religião, pesquisas ou teorias que vão tirar a nossa identidade. Mas formos alcançados pelo Evangelho do Senhor Jesus Cristo e temos certeza de que quando na Cruz do Calvário Jesus disse “Está tudo consumado” as 266 etnias registradas no Brasil também estavam presentes no Seu maravilhoso plano de salvação da humanidade”.

A esperança que o Evangelho trouxe a todos é o que faz a Missão Uniedas seguir levando o Evangelho aos povos indígenas no Brasil e na América do Sul, porque todos precisam dessa esperança e de salvação.

Preparando obreiros e missionários

“Temos institutos preparando missionários e obreiros como o Centro de Treinamento em Pimenta Bueno, RO, com 48 alunos. No Baixo Xingu, o irmão Terena, pastor Cirenio, divide uma casa de seis por trinta e quatro metros como moradia para sua família e para cerca de 28 jovens a quem discípula e ensina. E é uma luta diária para alimentar todos”.

Segundo a Uniedas, há muitos missionários indígenas dispostos evangelizar indígenas no Brasil e no exterior como o Edson, um jovem da tribo Caxinauá que sobe em um barco e viaja durante três dias junto com sua esposa e seus filhos até aldeias indígenas no Peru para falar do amor de Cristo e da salvação que ele dá. E entre os povos indígenas do Xingu há uma igreja e duas congregações, fruto do trabalho missionário da Missão. Para Jader, “é hora da igreja brasileira começar a ouvir o missionário indígena, suas experiências e metodologias”.

Primeira igreja dos Terena

A primeira igreja evangélica dos Terena foi construída em 1926 (e continua no mesmo local). Henrique Winston e John Hey, missionários da Inglaterra e da Escócia, que vindo do Paraguai e chegando ao Mato Grosso em 1912, trouxeram as boas novas do Evangelho aos Terena. Entre 1905 e 1906, o Serviço de Proteção ao Índio (SPI), órgão que inaugurou a política indigenista no Brasil, iniciou aldeamentos e as reservas indígenas. “Esses missionários chegaram entre nós no período em que estavam sendo feitos os aldeamentos. Não chegaram pregando o Evangelho nem usando um púlpito ou abrindo a Bíblia. Eles começaram um relacionamento nos ajudando no difícil processo de sair da vida nômade e, então, começarmos a estabelecer um lugar para nosso povo”, conta Jader.

Winston era construtor, carpinteiro, oleiro e cozinheiro e ensinou estas profissões aos Terena. E quando chegou a hora de construir o primeiro templo os missionários e os indígenas criaram uma olaria e uma serraria que colaborou para a construção. Naquele momento de medo e adaptação dos Terena a uma nova forma de vida, os missionários também os ensinaram a furar poços, a cuidar da alimentação e abriram uma escola, dando grande ênfase à educação dos indígenas. “O que mais impactou a vida do nosso povo foi a educação de adultos e crianças. Hoje, nós temos inúmeros irmãos Terena com graduação superior, pós-graduação, mestrado e doutorado e alguns com pós-doc. Tudo isso como fruto do trabalho que os missionários fizeram entre nós no início do século 20”, relembra Jader.

“Hoje, a cidade em que moro, com 50 mil habitantes tem uma universidade federal onde estudam mais de quatrocentos indígenas. E a gente sempre escuta que a universidade só não fecha porque tem os alunos indígenas”, relata o pastor. “Então, o Evangelho que foi pregado para nós não só nos apresentou o céu e o que virá depois, mas nos deu instrumentos para vivermos como cidadãos brasileiros e cidadãos do Reino de Deus”.

Apesar de o Evangelho não ter sido pregado no idioma Terena, isso não mudou a sua cultura. “Isso é irrelevante para nós diante do que as boas novas do Evangelho trouxeram para o nosso povo”. A bisavó do pastor Jader, Tati, foi a primeira Terena que se converteu ao Evangelho, já com mais de 60 anos. Ela era filha de um dos maiores feiticeiros dos Terena. E o primeiro pastor Terena era seu filho. Todos os seus netos foram pastores e uma grande parte dos bisnetos também são pastores.

A respeito do trabalho feito pela Uniedas, Jader conta: “Nós preferimos ficar ‘embaixo do radar’, ir somente pelos rios e estradas para não entrar em atrito direto com os que são contra nosso projeto de missões entre indígenas no Brasil”. Assim, quando os que não concordam com este trabalho chegam nas aldeias, a Uniedas pode sair porque, de um modo geral, já está deixando uma igreja constituída e alguns líderes treinados. “Nós plantamos, outros regam e colhem os frutos, mas a obra é de Deus, não nossa”, afirma o pastor Jader.

Censo 2022

De acordo com o último Censo Demográfico apresentado em 2022 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), existem hoje, no Brasil, 266 povos indígenas, totalizando uma população de 1.693.535 pessoas. Esse número de pessoas autodeclaradas indígenas no Brasil representa uma parcela de 0,83% de toda a população que vive no país. Uma das constatações do levantamento é que 51,25% dessas pessoas vivem na Amazônia Legal composta pelos estados do Norte, Mato Grosso e parte do Maranhão. Só no Mato Grosso do Sul existem hoje, 116,3 mil indígenas, incluindo os Terenas.

Ainda conforme a Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, sobre o Censo 2022, ao se considerar o total de indígenas que vivem no país, 622,1 mil (36,73%) residem em Terras Indígenas e 1,1 milhão (63,27%) fora delas; três estados respondem por quase metade (46,46%) das pessoas indígenas vivendo nas Terras Indígenas no Brasil: Amazonas (149 mil), Roraima (71,4 mil) e Mato Grosso do Sul (68,5 mil).

Durante a cerimônia de apresentação dos dados do Censo Indígena de 2022, em Belém (PA), Sonia Guajajara, ministra dos Povos Indígenas, disse que as informações do Censo vão “subsidiar a presença indígena no governo brasileiro, que está trabalhando de forma totalmente transversal, integrada com outros ministérios para pensar políticas públicas adequadas, que possam chegar a essas distintas realidades”.

Nota

1. Jader Oliveira participou do 2º Encontro do Movimento Cristão 60+, em Pompeia, SP, onde compartilhou sobre o trabalho da Missão Uniedas.

Terenas criaram rede de igrejas evangélicas. Acesso em 03 de maio de 2024.

Brasil tem 1,69 milhão de indígenas, aponta Censo 2022. Acesso em 03 de maio de 2024.

Brasil tem 1,7 milhão de indígenas e mais da metade deles vive na Amazônia Legal. Acesso em 06 de maio de 2024.

Xênia M. Lança de Q. Casséte, jornalista, aposentada, faz parte do grupo 60 + da Igreja Batista da Redenção (Redê).

Movimento Cristão 60+ anuncia a programação do seu 4° Encontro

Por Délnia Bastos

Com o provocante tema “É tempo de colher, mas ainda é tempo de plantar”, o Movimento Cristão 60+ anuncia a programação do seu próximo encontro, que acontecerá em Sumaré, SP.

Os participantes serão recebidos na tarde do dia 23/9, a partir das 15 horas. Após o jantar, participarão da abertura do evento, ouvindo uma explanação geral sobre os temas principais, uma palestra sobre a visão bíblica da velhice e um panorama dos 60+ no Brasil.

No segundo dia, às 9h, após o café da manhã e um momento de relacionamento, louvor e oração, a primeira devocional será sobre “Florescer e frutificar – vida abundante para os 60+”. A seguir, haverá a segunda palestra, abordando uma via de mão dupla: “Novos papéis na igreja – o que a igreja pode fazer pelos 60+ e o que os 60+ podem fazer pela igreja”, seguida de discussão em grupos quanto à prática local dos participantes neste assunto, fechando a manhã com o compartilhar das conclusões dos grupos em plenária. Após o almoço, serão oferecidos diversos workshops (veja relação abaixo). Encerrando o dia, após o jantar, será o momento especial para louvor e adoração, seguido da terceira palestra: “Novas oportunidades de trabalho”. Para encerrar o dia, haverá testemunhos práticos de segunda carreira.

No terceiro e último dia do evento, a rotina da primeira parte da manhã se repete, sendo a segunda devocional sobre “Florescer e frutificar – a alegria de colher”, seguida da quarta palestra “Novas maneiras de cuidar de si mesmo”, com a mesma dinâmica de discussão em grupos e devolutivas em plenária, culminando com a celebração da Ceia do Senhor no final da manhã. O encerramento será logo após o almoço.

Este 4⁰ Encontro acontece em tempo oportuno, quando o assunto é pauta importante em diversos círculos, evangélicos ou não. Recentemente o Movimento Lausanne trouxe tópicos específicos sobre o envelhecimento (Veja Envelhecimento global da população e O envelhecimento global e a obra missionária).

Workshops

Envelhecer com sentido, dignidade e relevância

Sucessão: processo de transferência de conhecimento, cultura, valores e legado da atual geração para a nova geração

Amor e sexualidade na terceira idade

Como enfrentar as doenças, especialmente as demências, na velhice?

Como lidar com a solidão na velhice? Estabelecendo rede de apoio

Ministérios dos 60+ para os 60+: Os modelos de sucesso

Igreja promovendo autocuidado na área da saúde física e mental

Revisão de vida depois dos 60+: avaliação, renovação, legado e ensinando as futuras gerações

Serviço:
4º Encontro Nacional MC 60+
É tempo de colher, mas ainda é tempo de plantar
Quando: 23 a 25 de setembro de 2024
Onde: Estância Árvore da Vida, em Sumaré, SP
Para inscrever-se, clique aqui.

Délnia Bastos é casada, mãe de três filhos e avó de cinco netos, e serve na área de governança em algumas iniciativas de missão.

George Andries Roth (1809–1887). Original from the Rijksmuseum. Rawpixel

Alegorias

Estamos ocupando inutilmente a terra?

George Andries Roth (1809–1887). Original from the Rijksmuseum. Rawpixel

Por Wilfried Körber

No texto bíblico encontramos muitas alegorias, também chamadas de parábolas. Alegoria é a exposição de um pensamento sob forma figurada. Se a Palavra de Deus diz que o reino dos céus é como um grão de mostarda, isso quer dizer que apesar de ser uma semente muito pequena, crescida, é maior do que as hortaliças, e se faz árvore, de modo que as aves do céu vem aninhar-se nos seus ramos (Mt 13.31-32).

No texto de hoje quero comentar outra alegoria ou parábola. Observe se há alguma aplicação à sua vida.

“Então Jesus proferiu a seguinte parábola: ‘Certo homem tinha uma figueira plantada na sua vinha e, vindo procurar fruto nela, não achou. Pelo que disse ao viticultor: Há três anos venho procurar fruto nesta figueira e não acho: podes cortá-la; para que está ela ainda ocupando inutilmente a terra? Ele, porém, respondeu: Senhor, deixa-a ainda este ano, até que eu escave ao redor dela e lhe ponha estrume. Se vier a dar fruto, bem está; se não, mandarás cortá-la’” (Lc 13.6-9)

Temos aqui várias lições a aprender: Deus aprecia quando uma planta produz muito fruto (Jo.12.24). A Bíblia considera fruto na nossa vida a qualidade de nossas obras, boas ou más. Mas a parábola, ou alegoria, ensina ainda outra coisa importante: O dono da vinha, que depois de três anos não encontrou fruto na figueira, disse que ela estava ocupando inutilmente a terra. Essa é forte! Será que nós estamos ocupando inutilmente a terra? Se não fosse o viticultor paciente, seriamos cortados e lançados fora. Sabem quem é esse viticultor? É outra alegoria: É Jesus, que cuida com zelo, da vinha do Pai.

É com essa história e muitas outras alegorias que a Bíblia se torna um livro rico e sábio para nos indicar o rumo que leva ao Pai.

Há ainda outra pessoa que entra na composição das parábolas. É o Espirito Santo. É ele o poder que vivifica a Palavra e desperta nossas consciências. Você, leitor, é alguém que quer produzir frutos para o reino de Deus? Então, não seja inútil. Cortado, você só vai servir para o fogo.

  • Wilfried Körber nasceu em Göttingen na Alemanha em 1931 e vive no Brasil desde 1937. Converteu-se aos 16 anos na então Igreja Alemã Batista Zoar, frequentada por sua mãe. Membro fundador da Igreja Batista Filadélfia de São Paulo, envolveu-se com o trabalho de evangelização de crianças e missões, com sua esposa Gisela, de saudosa memória. Há mais de uma década escreve textos para o devocionário Presente Diário. Atualmente vive em Sorocaba, SP. @lampadaparaosmeuspes_.

Roda de Conversa 60+ na Igreja Batista da Redenção (Redê)

O envelhecimento costuma amedrontar muitas pessoas, mas pode e deve ser um tempo de alegria, paz, criatividade, comunhão e serviço à família, comunidade e país

Por Xênia Casséte

Com o tema: “Aprender a Envelhecer… Como assim?” aconteceu, no dia 18 de maio de 2024, a primeira Roda de Conversa do grupo 60+ da Igreja Batista da Redenção (Redê), em Belo Horizonte, que contou com a participação de oitenta pessoas com idades entre 41 e 91 anos. Com o apoio do Colegiado da igreja e mais de perto do pastor Christian Gillis, a equipe de planejamento do evento convidou os psicólogos Deborah Costa Equárcio e João Marcos Cardoso, ambos membros da Redê, para falarem sobre o tema do envelhecimento, cuidados e aceitação.

Deborah e João Marcos trouxeram informações atualizadas e estatísticas sobre a velhice no Brasil e no mundo e falaram dos sentimentos que cercam os idosos e os demais sobre questões que trazem preocupações ligadas a esta fase da vida, suas perdas e ganhos. Ao final houve muitas perguntas, respondidas pelos palestrantes.

A psicóloga clínica, professora e mestre em Psicologia, Deborah Costa Esquárcio falou sobre os três tipos de velhice: habitual, patológica e bem-sucedida e afirmou que estão ligados aos tipos de envelhecimento. João Marcos – psicólogo clínico, professor, mestre e doutor em Linguística pela UFMG e colaborador na área da saúde mental em missões (Cuidado Integral do Missionário – CIM) –, disse aos presentes que “não precisamos enfrentar a velhice, mas compreender o estado e a natureza da nossa própria velhice”.

No encerramento a equipe de planejamento ofereceu canecas aos participantes mais jovem e mais velho do evento; sorteou o livro Aprender a Envelhecer e, em seguida, um lanche foi oferecido a todos os presentes.

O Grupo de 60+ da Redê surgiu a partir da classe da Escola de Cristo ministrada pelos professores Cheng e Wen Lee em 2023, com o estudo do livro Aprender a Envelhecer, de Paul Tournier. Os dezessete alunos do curso foram incentivados pelos professores a formarem o grupo 60+ para oferecer aos membros da igreja oportunidades de conhecer mais sobre o envelhecimento e de se preparar para esse tempo que costuma amedrontar muitas pessoas, mas que pode e deve ser um tempo de alegria, paz, criatividade, comunhão e serviço na família, na comunidade e no país.

Xênia Casséte, jornalista, aposentada, faz parte do grupo 60 + da Igreja Batista da Redenção (Redê).

Leia mais:

>> Engata Terceira, um programa do Águias de Cristo

>> Estão abertas as inscrições para o 4º Encontro do MC 60+

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O cuidado com os idosos vai além das tarefas diárias, envolvendo um profundo respeito, amor e diálogo

Entrevista com Adriana Saldiba

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Ao valorizar as pessoas idosas, a igreja ajuda as diferentes faixas etárias a enxergarem a velhice como algo bom e cria um alicerce comunitário importante para o envelhecimento ativo e saudável

Adriana Saldiba, nutricionista e doutora em Ciências pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, traz à tona uma perspectiva sobre o processo de envelhecimento.

Casada com o Rev. André Saldiba e mãe de três filhos, sua dedicação se estende não apenas à sua família, mas também ao ensino e à pesquisa como coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Ciências do Envelhecimento na Universidade São Judas Tadeu. Além disso, Adriana lidera a REPRINTE, uma rede nacional de programas interdisciplinares sobre envelhecimento.

Conversamos com Adriana sobre o papel dos valores cristãos no cuidado com os idosos, os desafios enfrentados pelas famílias e a importância da comunicação intergeracional. Ela compartilha preciosos ensinos sobre como a fé pode fortalecer as famílias diante dos desafios do envelhecimento e como a esperança na vida eterna influencia a forma como os cristãos encaram esse processo inevitável.

Adriana nos conduz por uma jornada de reflexão, destacando a importância da autonomia e independência das pessoas idosas, bem como a necessidade de uma rede de apoio familiar sólida para promover um envelhecimento ativo e saudável. Ela nos convida a explorar como as igrejas e comunidades religiosas podem desempenhar um papel vital no apoio às famílias que cuidam de membros idosos, incentivando práticas intergeracionais e a valorização das pessoas idosas dentro desses espaços.

Por meio de suas experiências e conhecimentos, ela nos mostra que o cuidado com os idosos vai além das tarefas diárias, envolvendo um profundo respeito, amor e diálogo dentro da família. Sua visão nos inspira a repensar nossas abordagens ao envelhecimento e a reconhecer o valor intrínseco de cada indivíduo em todas as fases da vida.

Confira a seguir.

Como os valores cristãos influenciam a maneira como as famílias lidam com o envelhecimento de seus membros?

A família é uma rede de apoio fundamental para a garantia de um envelhecimento saudável. Valores cristãos que permeiam as famílias podem gerar um ambiente de amor, de alegria, de respeito, de honestidade, de gratidão, de paciência, de solidariedade e de lealdade às pessoas idosas para que possam usufruir de um envelhecimento ativo com total autonomia.

Diversos trabalhos têm evidenciado que um envelhecimento ativo garante uma melhor qualidade de vida do processo de envelhecer.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS, 2005), “o envelhecimento ativo é o processo de otimização das oportunidades de saúde, participação e segurança, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida à medida que as pessoas ficam mais velhas”.

A palavra “ativo” refere-se à participação contínua nas questões sociais, econômicas, culturais, espirituais e civis, e não somente à capacidade de estar fisicamente ativo ou de fazer parte da força de trabalho.

Quais são os desafios mais comuns ao lidar com membros idosos?

Manter a autonomia e a independência das pessoas idosas é um grande desafio! Isso deveria ser uma meta de todos e envolve amigos, colegas de trabalho, vizinhos e membros da família.

A autonomia refere-se à capacidade de uma pessoa controlar, lidar e tomar decisões pessoais sobre sua vida diária, de acordo com suas próprias regras e preferências.

Por outro lado, independência é geralmente definida como a capacidade de realizar atividades relacionadas à vida diária sem depender significativamente da ajuda de outras pessoas, permitindo viver de forma autossuficiente na comunidade.

A qualidade de vida, por sua vez, é definida como a percepção que um indivíduo tem de sua posição na vida, considerando sua cultura e sistema de valores, além de seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações.

Este conceito abrangente incorpora diversos aspectos, como saúde física, estado psicológico, nível de dependência, relações sociais, crenças e interação com o ambiente.

À medida que uma pessoa envelhece, sua qualidade de vida está fortemente ligada à sua capacidade de manter autonomia e independência.

Isso significa que preservar a habilidade de tomar decisões pessoais, realizar atividades cotidianas e permanecer engajado na comunidade são aspectos cruciais para promover uma boa qualidade de vida na velhice.

Na perspectiva cristã, como a noção de honrar pai e mãe se aplica ao cuidado dos idosos na família?

Quando honramos nossos pais e nossas mães, nós incentivamos as crianças a valorizarem, a respeitarem e a cuidarem com amor e carinho das pessoas idosas.

O processo de envelhecimento é algo inerente a todos os seres humanos. A partir do momento que nascemos, já começamos a envelhecer a cada dia. Falar sobre envelhecimento precisa ser algo natural. “A criança de ontem é o adulto de hoje e o avô ou avó de amanhã”.

A qualidade de vida das pessoas idosas quando se tornarem avós é influenciada não apenas pelas experiências e pelos desafios enfrentados ao longo da vida, mas também pela forma como as gerações futuras fornecerão assistência e apoio uns aos outros, quando necessário.

Como a comunicação entre diferentes gerações dentro da família pode facilitar o processo de envelhecimento e a aceitação da ajuda?

A família deve ser o espaço de valorização da pessoa idosa, no qual avôs e avós brincam, contam histórias e cozinham com os netos e com as netas.

Além disso, avós e avôs devem ter autonomia para tomar as suas decisões e ser respeitados por todos da casa.

Isso fortalece a habilidade das pessoas idosas de tomar suas decisões e realizar as suas atividades cotidianas, garantindo assim um envelhecimento ativo e saudável.

Crianças que convivem com pessoas idosas tendem a desenvolver, quando adultas, uma escuta atenta às pessoas idosas, respeitando as suas queixas, as suas trajetórias de vida, seus medos, suas inseguranças, sua história!

Quais são os benefícios de envolver toda a família no cuidado e apoio aos membros idosos? Como podemos promover essa colaboração familiar?

A capacidade funcional de um indivíduo determina sua habilidade de realizar atividades do dia a dia, podendo ser classificado como dependente, quando necessita de auxílio, ou independente, quando consegue realizar essas atividades sem ajuda externa.

O comprometimento da capacidade funcional ocorre quando o indivíduo encontra dificuldades em realizar as atividades cotidianas, o que está associado a um maior risco de fragilidade, dependência, institucionalização, quedas, problemas de mobilidade e até mesmo mortalidade.

Essas complicações podem resultar em cuidados de longo prazo e custos elevados.

É fundamental que a família das pessoas idosas esteja bem-informada sobre a importância de incentivar a realização das atividades básicas diárias das pessoas idosas, como tomar banho, se vestir, se alimentar, além do incentivo à ações mais amplas e complexas, como a realização de compras para a família, uso do telefone, uso de meio de transportes, entre outras atividades.

Muitas vezes, a imobilidade na velhice é incentivada pela família, como uma forma de cuidado à pessoa idosa, mas. pelo contrário, o melhor cuidado à pessoa idosa é incentivá-la a ter autonomia e independência.

É essencial que a família esteja consciente do seu papel crucial no estímulo à independência e à autonomia da pessoa idosa, promovendo assim uma melhor qualidade de vida e prevenindo complicações associadas à perda de capacidade funcional.

Como as igrejas e comunidades religiosas podem desempenhar um papel importante no apoio às famílias que cuidam de membros idosos?

O rompimento de laços sociais e a perda de familiares podem levar a pessoa idosa à solidão.

O isolamento social e a solidão na velhice estão ligados a um declínio de saúde física e mental.

A igreja tem um papel de acolher as pessoas idosas e as famílias que promovem essa rede de apoio.

Atividades intergeracionais, espaço de fala e de escuta, incentivo ao voluntariado das pessoas idosas podem ser estratégias sólidas para a igreja inibir o ageísmo e o capaciticismo, e trazer a valorização das pessoas idosas.

A comunidade de fé pode também promover um aprofundamento dos valores cristãos entre os seus frequentadores para fortalecer a rede de suporte social das pessoas idosas e, consequentemente, garantir um envelhecimento saudável.

A igreja, ao valorizar as pessoas idosas, engaja diferentes faixas etárias da comunidade a enxergar a velhice como algo bom e cria um alicerce comunitário importante para o envelhecimento ativo e saudável.

O conceito de família na perspectiva cristã é amplo e inclui não apenas os laços sanguíneos, mas também os relacionamentos espirituais. Como isso se reflete no cuidado dos idosos dentro das comunidades cristãs?

O apoio familiar desempenha um papel crucial na preservação da saúde física e mental do indivíduo.

Quando percebido como disponível e satisfatório, ele beneficia tanto quem o recebe quanto quem o oferece dentro da família.

Por isso, compreender o contexto familiar é essencial para um planejamento assistencial adequado às pessoas idosas, envolvendo uma compreensão das dinâmicas e estruturas familiares.

A família é um sistema dinâmico que busca promover o desenvolvimento emocional e a liberdade do indivíduo no mundo.

Em situações de disfuncionalidade, a capacidade de fornecer cuidados pode ser prejudicada, o que impacta negativamente na independência, autonomia e qualidade de vida das pessoas idosas.

A falta desse suporte familiar pode levar a problemas psicológicos e afetivos, levando a sérias complicações de saúde física, mental e social da pessoa idosa.

Como a esperança e a promessa da vida eterna influenciam a maneira como os cristãos encaram o envelhecimento e a morte?

O fato de termos esperança na vida eterna pode trazer sentido e significado à morte e nos incentiva a deixar um legado, uma marca significativa à outras gerações.

Essas convicções podem nos auxiliar a experimentar um envelhecimento ativo pleno, repleto de autonomia e independência com participação pertinente nas questões sociais, econômicas, culturais e espirituais mesmo durante a velhice.  

Você poderia compartilhar exemplos de famílias que encontraram força e consolo em sua fé ao lidar com os desafios do envelhecimento de seus entes queridos?

Nos desafios para cuidar das pessoas idosas, não há uma “receita de bolo” ou um guia prática com o passo a passo. Cada família tem a sua dinâmica e o seu jeito singular.

Famílias que respeitam e valorizam a autonomia das pessoas idosas, que estimulam o diálogo acolhedor e atento, também têm conversas difíceis, mas pautadas no amor, no perdão, no respeito e no cuidado um do outro, podendo, dessa maneira, encontrar um caminho saudável diante dos desafios diários do envelhecimento.

Acertos mais comuns da família com pessoas idosas

  • Famílias que escutam e valorizam as pessoas idosas da casa.
  • Crianças que entendem a importância da pessoa idosa na família.
  • Avôs e avós que brincam, contam histórias e cozinham com os netos e com as netas.
  • Famílias que dialogam muito, têm conversas difíceis também, mas pautadas no amor, no respeito e no cuidado um do outro.
  • Avós e avôs que têm autonomia para tomar as suas decisões e são respeitados por todos da casa.

Saiba mais:

Aposentar não é deixar de ser produtivo, por Robert Koo

Segunda carreira e missões, por Adécio da Silva Corrêa

Estão abertas as inscrições para o 4º Encontro do MC 60+

Estão abertas as inscrições para o 4º Encontro do MC 60+

Com o tema “É tempo de colher, mas ainda é tempo de plantar”, o 4º Encontro Nacional do Movimento Cristão 60+ quer ajudar os participantes a refletirem sobre como nesta faixa de idade é possível desfrutar dos frutos cultivados ao longo da vida nas diferentes áreas, a descobrir novos papeis e a despertar novas aspirações para o serviço ao Reino de Deus.

Seguindo os três pilares do MC60+ (integração na Igreja, segunda carreira e auto cuidado), as reflexões serão desenvolvidas a partir destes subtemas: Novos papeis na igreja, Novas oportunidades de trabalho e Nova maneiras de cuidar de si, por meio de devocionais e reflexões bíblicas, palestras, mostra de  oportunidades e boas práticas, cânticos, troca de experiências.

Para este encontro são convidadas pessoas com 60, 70, 80 ou mais anos, aposentados ou não, e lideranças evangélicas que já têm ministérios com os 60+ ou que desejam criar iniciativas a eles direcionadas, conhecendo melhor as suas necessidades e aptidões.

E a boa notícia é que estão abertas as inscrições.

Clique aqui ou acesse o QR Code ao lado e inscreva-se.

O Movimento Cristão 60+ é formado por um grupo de cristãos com diferentes experiências  rofissionais e eclesiásticas que buscam compartilhar a visão de que mesmo na terceira idade podemos servir a Deus  com vigor e entusiasmo, dispondo nossas experiências e habilidades anteriormente adquiridas a serviço do Reino, por intermédio de iniciativas individuais ou coletivas de apoio e cuidado integral a indivíduos, familiares e comunidades; engajamento em projetos eclesial, social, educacional, cultural e ambiental.

A base bíblica que os norteia é o Salmo 92.2-15.

Serviço:

4ª Encontro Nacional do Movimento Cristão 60+ (MC 60+)

Quando: 23 a 25 de setembro de 2024

Onde: Estância Árvore da Vida, em Sumaré, SP

Inscreva-se aqui.

Clique aqui e conheça o programa do 4º Encontro

Aposentar não é deixar de ser produtivo

Experiências profissionais, pessoas com quem convivi, lugares que conheci, foram divinamente escolhidos para que, mesmo “aposentado”, eu pudesse ser usado por Deus para ser luz em meio à escuridão

Por Robert Liang Koo

Revisitar a sua própria história é sempre surpreendente. Como cheguei aqui? Não foi por minha escolha nem muito menos por mérito. Foi pela mão invisível de Deus, que me guiou, abrindo as portas, fazendo-me entrar mesmo sem entender. Pela graça de Deus, sou o que sou. E a graça não foi em vão, mas tem seu propósito (1Co 15.10).

Tenho 78 anos, três filhos e nove netos. Sou a quarta geração de uma família cristã da China. Meu avô nasceu na Coreia por causa das perseguições aos cristãos em meados do século 19. Chegamos ao Brasil em 1958, e me formei em engenharia eletrônica no Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) em 1971. Sou grato a Deus por ter conhecido a Aliança Bíblica Universitária (ABU) durante o tempo de faculdade. Ela me deu base bíblica para entender o embate ideológico, influenciou minha formação espiritual e despertou em mim compaixão pelas causas sociais que iriam direcionar toda a minha vida. Já casado, vivi alguns anos nos Estados Unidos e com isso pude entender e comparar três culturas diferentes: a oriental, a americana e a de terceiro mundo (a brasileira); a concepção de vida e o cristianismo tingido por cada cultura.

De volta ao Brasil, permaneci por um certo tempo na academia, dando aula e fazendo  pesquisa. No fim da década de 80, comecei a minha própria empresa na área de automação industrial. O interessante é que nunca foi meu sonho ser um empresário, mas as circunstâncias me levaram por esse caminho. Embora eu não tivesse formação nem experiência empresarial, a graça de Deus foi mais do que suficiente. Minha empresa conseguiu sobreviver em meio a várias crises e decisões equivocadas, cresceu e permanece sólida, depois de 35 anos.

Também nessa época, comecei a pastorear a igreja da qual fui um dos fundadores. Como não havia feito seminário teológico, dediquei-me à leitura de bons livros, não só de teologia e de comentários bíblicos, mas principalmente de temas relacionados a orientação da formação espiritual. As obras de A. W. Tozer, John Stott, Eugene Peterson são as minhas leituras preferidas. Eu acredito que a congregação precisa não somente de exposição bíblica e ortodoxia, mas principalmente de saber como aplicar esses conhecimentos na sua vida diária.

Ao me aproximar dos 70 anos, iniciei o processo de passar a responsabilidade tanto da empresa como da igreja para outras pessoas. Eu sabia que retardar esse processo traria prejuízo, pois impediria o amadurecimento e a formação de novos líderes, então passei um bom tempo caminhando junto com eles.

Sempre alguém me pergunta: “Você já se aposentou?”. Fico pensando o que isso significa. Ter idade para receber uma aposentadoria não significa parar de trabalhar, ou que não temos mais utilidade. Não encontro base bíblica para deixar de ser produtivo mesmo que estivesse com idade avançada.

O trabalho vai mudando de acordo com a necessidade e a oportunidade, mas a vocação permanece sempre a mesma. Trabalho é o meio para cumprir a vocação. À medida que o tempo passa, a vocação que antes estava abstrata, nebulosa, fica mais concreta e clara, e o trabalho, mais objetivo. Trabalho é uma bênção de Deus. Ele traz maturidade e compreensão do mundo. O meu trabalho secular (academia, governo e empresa) me deu ferramentas para cuidar da igreja e das pessoas.

Mais recentemente, em meio à pandemia, montamos um projeto social para abençoar produtores rurais e comunidades urbanas com a distribuição de alimentos vindos do campo. Olhando para trás, vejo que minhas experiências profissionais, pessoas com quem convivi, lugares que conheci, foram divinamente escolhidos para que, mesmo “aposentado”, eu pudesse ser usado por Deus para ser luz em meio à escuridão.

Dom não é somente talentos que recebemos pela graça, mas engloba toda experiência adquirida debaixo do desígnio de Deus e deve ser usado para a sua glória até o último dia da nossa vida.

Robert Liang Koo foi empresário e pastor em São Paulo por mais de 30 anos. Atuou na ABUB nas décadas de 60 e 70. É engenheiro pelo ITA e PhD pela Carnegie-Mellon University, nos Estados Unidos. Ele integra o núcleo fundador do MC60+.

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HOTEL MAPLE VILLAGE

50 apartamentos duplos (para duas pessoas) com ar-condicionado, roupa de cama, frigobar, TV, WI-FI e serviço de quarto.

CASA DE HÓSPEDES Com PREMIUM

21 suítes: quarto duplo para casal ou duas pessoas, com uma cama box de casal e uma cama box solteiro. Todos com frigobar, ar-condicionado, WI-FI, Smart TV, micro-ondas na área comum, roupa de cama e banho, e varanda.

PRÉDIO BRASÍLIA

23 suítes triplos (para três pessoas) com ar-condicionado, roupa de cama, frigobar, TV, WI-FI e serviço de quarto.

HOSPEDAGEM COLETIVA SIMPLES

Prédios de apartamentos: ventilador no teto, roupa de cama e de banho não inclusa. Capacidade de hospedagem de 3 a 4 pessoas em beliches (usa-se somente a cama de baixo), com banheiros nos quartos.

Pequenas grandes coisas que nós, idosos, devemos fazer

Por Thomas Hahn

Eis minha única credencial para falar sobre a velhice: sou um velho. A arrogância da minha ignorância não me constrange: me liberta, assim como liberta você, leitor, de me levar muito a sério. Ficamos ambos mais leves.

O que fazer durante o ocaso da nossa vida?

Permito-me fazer algumas sugestões de como proceder em nossa caminhada.

Simplificando

Somos acumuladores de coisas que, em certo momento, nos pareceram vitais, mas que mais tarde provam ser pesadas e desnecessárias. Nossa inércia natural faz com que não tomemos decisões que tornariam nossas vidas mais simples, menos pesadas? As de nos desfazermos daquela casa com quartos para as crianças? Elas cresceram, voaram do ninho, casaram. A casa ecoa o silêncio. Mudei para um pequeno apartamento que contém o espaço que minha esposa e eu realmente precisamos, e que nos custa muito menos em manutenção.

A casa de praia/campo para qual só vamos uma vez por mês para pagar as contas? Passe adiante, e alugue um quarto de hotel, variando o destino. Simplifique os investimentos para que sejam facilmente administrados, seja por você, seja pelos seus sucessores. Deixe as coisas em ordem para os herdeiros, consultando um advogado para escolher o melhor caminho. Em síntese: diminua o peso e viva uma vida de leveza.

Aprendendo a depender

Você era o provedor, o sustentáculo, a coluna de sustentação. Agora você se vê dependente. Pode ser financeira, ou fisicamente. Lembro-me da minha reação, no hospital, depois de uma pesada cirurgia, sendo ensaboado e banhado no chuveiro por um enfermeiro. No começo, humilhação. A seguir, a percepção da providência de Deus, dando a este enfermeiro o dom de cuidado. A Graça de Deus em ação, e eu o receptor desta imensa Graça. A dependência mudou meu olhar, minha percepção. Aprendi a ver Deus realizando sua obra; meu foco deixou de ser autocentrado, e passei a ver o outro mais claramente.

Perdendo

A terceira idade é um período que se caracteriza por perdas. Perdas físicas: não é como desejaria, um processo de declínio lento e gradual, mas sim uma sucessão de quedas súbitas, de mudanças bruscas de patamares. Pode ser financeira: viver na aposentadoria é bem mais desafiador do que se imaginava. Perdas de pessoas queridas, amigos e amigas que se vão, pedaços nossos que são tirados, ficando os buracos da ausência, dores que continuam a doer, a despeito das orações e lembranças de versículos bíblicos sobre o consolo. E, por fim, a perda que define o início da nossa velhice: a perda da relevância. Não somos mais players. Os mais jovens não nos consultam – pelo contrário, nos dão conselhos que soam como ordens. Em nosso local de trabalho, nossa opinião patentemente não carrega nenhum peso; se perguntados, é meramente protocolar. Neste aspecto, a igreja pode mitigar a dor da irrelevância, invocando a sabedoria dos idosos (de verdade, não de mentirinha).

Aprendendo uma nova linguagem

Fazemos parte de uma civilização que endeusa a prosa da ciência. Com isto, perdemos o senso do Belo. Nossa teologia se debruça sobre a prosa racional e expositiva de Paulo, mas esquece que a cada raciocínio doutrinário segue-se uma doxologia, uma explosão poética de louvor e adoração, posto que a linguagem do amor é a poesia. E, já que em breve nós, os velhinhos, seremos adoradores na presença de Deus, convém que aproveitemos este tempo para sermos mais poetas e menos prosadores.

Já que falei em amor, faço uma proposta: reúna-se com as pessoas que lhe são realmente importantes, e diga-lhes o quanto as ama. Não em público, mas em casa, à mesa, com pão e vinho, olho no olho. Solene, não no piloto automático do “Te amo, irmã/irmão”. Quando meus filhos e seus cônjuges vieram me ajudar a comemorar meus oitenta anos, pedi a palavra antes do almoço, e lhes informei que eu os respeitava, admirava, e amava. Foi tão gostoso, que eu gostaria que você tivesse um prazer semelhante!

Uma última palavra sobre o amor: lembremos que dentro desta palavra existe outra, sem a qual a primeira não subsiste. Esta palavra é perdão. Na etapa final de nossa vida aqui na Terra, devemos fazer um esforço para, enquanto possível, consertar relacionamentos quebrados. Perdoar ou pedir perdão, conforme o caso. Mesmo sabendo que nem sempre nosso esforço será exitoso. Sem perdão não há como construir o amor, e o amargor continuará em nós.

Que o outono e o inverno da sua vida sejam inundados pelo amor do nosso Deus Triúno: Pai, Filho e Espírito Santo!

Thomas Hahn, 88 anos, casado com Christine há 60, pastor da Igreja Batista da Granja Viana, em Cotia, SP.

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