IV Encontro do MC 60+ reúne idosos de todo o país – Um espaço de compartilhamento

Por Xênia M. Lança Q. Casséte

Na primeira devocional do IV Encontro MC60+, Ágatha Cristian Heap, pastora auxiliar na Igreja do Nazareno em Atibaia, SP, e mestre em religião com ênfase em teologia, lembrou aos presentes da promessa de Deuteronômio 7.9: “Saibam, portanto, que o Senhor, o seu Deus é Deus, ele é o seu Deus fiel que mantém a aliança e a bondade por mil gerações daqueles que o amam e obedecem aos seus mandamentos”. A pastora disse aos participantes do encontro: “Conscientes da bondade e soberania de Deus, podemos caminhar em paz. Isso também nos impulsionará a servir. Podemos escolher amadurecer ou apodrecer”.

Ágatha relatou um diálogo entre os personagens Charlie Brown e seu cachorro filósofo, Snoopy: “Charlie Brown, realista, disse: – Um dia nós vamos morrer, Snoopy. E com sua sabedoria canina, Snoopy respondeu: – É, mas até lá, em todos os outros, nós vamos viver”

Experiências das igrejas com 60+

Ainda no primeiro dia do encontro foram compartilhadas as experiências de algumas igrejas que já têm um ministério específico com os 60+. O irmão Elias Bispo falou sobre o trabalho “Águias de Cristo” da Igreja Presbiteriana Madalena, em Recife, PE, que há 30 realiza anos o projeto “Engata Terceira” que abriu um diálogo intergeracional com idosos e jovens da comunidade. Os cerca de 130 idosos do projeto participam de classes da Escola Bíblica Dominical (EBD) com temas específicos; são integrados ao Ministério de Missões da igreja, com preparação de cultos missionários, onde os 60+ aprendem e cantam hino na língua do país em foco; fazem a decoração em eventos especiais; recebem o pastoreio necessário para este tempo da vida.

Em seguida, Cheng Lin que faz parte do grupo criador do MC60+ e é membro da Igreja Batista da Redenção em Belo Horizonte, contou sobre a experiência do Grupo 60+ da igreja, que teve início há dois anos e já reúne mais de 80 pessoas nas rodas de conversa e palestras com vários temas pertinentes a esta etapa da vida. Também estão estudando juntos o livro Culpa e Graça, do psiquiatra cristão Paul Tournier. Outros dois livros do mesmo autor já foram estudados: A Missão da Mulher e Aprender a Envelhecer, todos da Editora Ultimato.

Também a Igreja Ação Evangélica (Acev), há 86 anos em Patos, no sertão da Paraíba, compartilhou mais uma vez o trabalho social da igreja que trabalha com projetos de perfuração de poços comunitários para a população pobre da região, saneamento comunitário com a construção de banheiros, hortas comunitárias, doação de cabras e kits de galinheiro e 2 galinhas para a sustentabilidade das famílias. E um outro projeto da Acev é o “Melhor Idade”, que reúne mulheres idosas uma vez por semana para oração, celebração, compartilhamento e atividades específicas.

Cristolândia

Alex e Rafaela, missionários da Missão Batista Cristolândia em Parelheiros, distrito da zona Sul de São Paulo, SP, que trabalham com a missão de resgatar, reeducar, evangelizar, discipular, ressocializar e devolver às famílias as pessoas usuárias de drogas. Contaram que vários voluntários com mais de 60 anos ajudam a instituição levando pastoreio aos assistidos pela Cristolândia e para os missionários que ali trabalham, além de oferecerem cursos diversos. “Robert Koo é um desses voluntários. Várias igrejas têm enviado voluntários, além de cestas básicas. A irmã Odete, 77 anos, sai do bairro da Penha uma vez na semana para ensinar crochê e bordado na Cristolândia de Parelheiros, que fica a 60 km da capital”, contaram os missionários. E o próprio Alex, missionário hoje na instituição, compartilhou um pouco da sua história de restauração de vida a partir da iniciativa de um irmão 60+ que se disponibilizou a conseguir uma vaga na Cristolândia para ele, que era usuário de drogas desde a adolescência e vivia nas ruas. Por causa do gesto de bondade e interesse daquele irmão idoso, Alex foi recebido pela instituição, passou pelo processo de desintoxicação e creu em Jesus e foi discipulado. Posteriormente, Alex fez o seminário teológico e foi convidado para ser missionário na Cristolândia, onde serve e coordena hoje, com sua esposa.

Panorama dos 60+ no Brasil

O engenheiro e consultor organizacional, Oseas Heckert apresentou um panorama sobre a situação dos 60+ no Brasil. Heckert falou sobre os direitos do cidadão 60+ no Brasil, e citou o Estatuto do Idoso (Lei 10.741/2003); a Política Nacional do Idoso (Lei 8.842/1994) e dos benefícios da Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS). Entre os benefícios estão a gratuidade nos transportes públicos municipais, gratuidade de medicamentos, proteção do Estado contra a violência física, financeira e psicológica, e outros. O palestrante também apresentou gráficos sobre o envelhecimento da população mundial que apontam o Brasil com 40% (75 milhões) de pessoas 60+ no ano de 2.100 (World Population Prospects: The 2017 Revision).

De acordo com o censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) 2022, hoje, no Brasil, a população com 60+ representa 15,8% (32 milhões) de pessoas. E conforme os dados apresentados pelo palestrante, esse crescimento da população idosa no mundo e no Brasil já representa um cenário de sérias dificuldades socioeconômicas. Especificamente no Brasil, a previsão para o ano de 2.051 é que o número de beneficiários do INSS superará o de pagadores de impostos, a população ativa.

Futuro

“Precisamos falar sobre o futuro” foi a palestra do administrador, consultor e futurista social, Volney A.Faustini, membro da 1ª. Igreja Presbiteriana Independente de São Paulo. Ele garantiu aos presentes do IV Encontro MC60+ que não importa o que seja: idade, limitações etc, cada pessoa 60+ deve: 1) Pensar no seu legado – sua contribuição; 2) Ir ao encontro ao seu chamado – sua missão e 3) Construir o seu futuro – seu kairós.

Concluindo, ele chamou os presentes à reflexão: “A vida boa não é algo que um dia você vai alcançar. É um estilo de vida” e citou dois versículos bíblicos: “Servi uns aos outros, cada um conforme o dom que recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus” (1Pe 4.10). “Uma geração contará à outra a grandiosidade dos teus feitos; eles anunciarão os teus atos poderosos” (Sl 145.4).

Lectio Divina 

A devocional do último dia foi dirigida por Dora Bomilcar Andrade, coordenadora de Oração da Associação de Missões Transculturais (AMTB), que convidou os participantes do Encontro a acalmar a alma e a pedir a Deus para abrir os olhos e falar aos seus corações naquela manhã. “A humildade vai permitir você escutar a voz do Senhor, hoje”, disse Dora. Ela levou todos a fazerem uma “lectio divina” ou uma leitura orante da palavra de Deus. Enquanto todos silenciaram, a dirigente leu várias vezes o texto de Isaías 46:4: “Eu sempre cuidei de vocês. Mesmo na sua velhice quando tiveram cabelos brancos sou eu que os ajudarei, carregarei e os sustentarei”. A pergunta aos presentes, em leitura orante: “O que eu respondo ao Senhor motivado no que escutei?” E convidou todos ao tempo de leitura, silêncio, oração e finalizar escrevendo o que Deus falou a cada um particularmente.

O casal Flanalion e Maria Gracia Tenório de Albuquerque, da cidade de Lavras, MG, disseram estar muito felizes por virem ao Encontro. Gracia, que é católica, disse que foi muito importante participar porque desde sua adolescência se sentia chamada para a obra de Deus, mas nunca se envolveu ativamente. “Aqui eu vi que ainda é tempo de plantar. A palavra do senhor de 93 anos (Wilfried Korber) me fez entender que tenho que ter uma atividade e vou procurar fazer isso agora”. O médico veterinário, Flanalion, contou que foi membro de uma igreja presbiteriana, mas que se desligou e está desigrejado no momento. Fomos incentivados pela filha a participar do Encontro e foi muito bom! “Vi que ainda existem possibilidades e que sempre podemos fazer algo ou colaborar. Fomos muito desafiados neste ambiente de convivência tão boa. Agora meu período de validade está estendido. Eu sempre falei que era só até os 70. Estou com 67 anos e me reencontrei aqui. Eu sempre pedi a Deus que me falasse o que fazer. O encontro me permitiu ouvir a voz de Deus”, falou emocionado.

A jornalista Marília de Camargo César, membro da Igreja Batista de Água Branca, em São Paulo, autora dos livros O Grito de Eva, Feridos em Nome de Deus e Entre a Cruz e o Arco-íris chegou ao Encontro para conhecer mais uma atividade importante para o empresário Jiro Nishimura, 82 anos, membro da Igreja Holiness, fundador e presidente por anos da empresa Jacto Máquinas Agrícolas, uma potência no agronegócio no país. Marília foi convidada por ele para escrever sua biografia. A jornalista se disse encantada com o encontro e com tanta gente reunida com um objetivo. “Me emocionei com os cânticos que cantei na juventude”. Ela não veio como participante, mas se sentiu abençoada por poder ver tantos 60+ reunidos em um novo movimento da igreja que muitos ainda não conhecem. “Precisa ter mais divulgação para que as igrejas se envolvam, porque é muito importante neste momento em que o país está envelhecendo, muita gente desmotivada, isolada e solitária. Vim por um motivo e acabei enxergando outras coisas também muito importantes”, disse a jornalista.

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Xênia Marques Lança de Q. Casséte, é jornalista, membro da Igreja Batista da Redenção, em Belo Horizonte, onde participa do Grupo 60+, e faz parte da equipe do Coletivo Bereia – Informação e Checagem de Notícias.

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IV Encontro do MC 60+ reúne idosos de todo o país – Um espaço preferencial

Por Xênia M. Lança Q. Casséte

O IV Encontro do Movimento Cristão 60+ (MC60+) foi realizado nos dias 23 a 25 de setembro, na Estância Árvore da Vida, em Sumaré, SP. O período de louvor e adoração foi dirigido por Lili Yoshimoto, pastora, música e fundadora do Ministério Mais Barnabés. O encontro teve início com o jantar no dia 24/9 e no local formou-se uma fila extensa dos 60+ que chegavam para participar. Alguém que procurava um lugar na fila, perguntou com bom humor: “Não tem preferencial para idoso?”. A gargalhada ecoou.

Estiveram presentes no IV Encontro do MC60+ cerca de duzentas pessoas de várias partes do Brasil, a partir de 40 anos e até algumas crianças. Mas o participante mais idoso, que recebeu uma homenagem no encerramento do evento, tem 93 anos e conquistou a todos. Wilfried Körber, membro da Igreja Família de Sorocaba, SP, é muito alegre, extrovertido e demonstrou muita lucidez e sabedoria do Alto quando falou ao grupo reunido na Estância Árvore da Vida. Ele escreve e pinta telas, que vende para ofertar para missões.

O sr. Wilfried se aposentou aos 79 anos e cuidou da esposa enferma, que veio a falecer, infelizmente, mas enquanto isso ele decidiu que deveria gastar melhor o seu tempo com Deus: “Preciso usar meu tempo de forma útil para Deus até eu morrer”, disse aos presentes. Leu o texto de Mateus 21.18-19, e disse que “O importante é que nenhum de nós esteja ocupando inutilmente lugar no Reino de Deus”. E desafiou todos: “Neste tempo da vida, não fiquem parados ou vão enferrujar. Se não tiverem condições de sair, sejam intercessores”.

A palestra “O que a Igreja pode fazer pelos 60+ e o que os 60+ podem fazer pela igreja” foi ministrada pelo pastor da 1ª. Igreja Presbiteriana Formosa de São Paulo, Daniel Yoshimoto, que afirmou: “Uma igreja que abrange todas as gerações é a mais saudável”. E disse que há muitas possibilidades de trabalho na igreja de hoje para os membros 60+ e há ministérios novos fora da igreja também, como por exemplo: ser conselheiro, trabalhar em projetos sociais, se dedicar a missões e até ser missionário, trabalhar com refugiados e com estudantes que chegam de fora e não têm família para acolhê-los. “Talvez seja possível ter um pastor específico para os 60+ da igreja, o que pode ser uma oportunidade para alguém 60+”, disse o pastor.

Yoshimoto sugeriu que todos façam a pergunta: “Qual o meu papel na igreja neste momento?”. E aconselhou: “Mas o mais importante é viver de modo digno do Evangelho de Jesus Cristo”.

A Bíblia e a velhice

Erni Seibert, diretor-executivo da Sociedade Bíblica do Brasil (SBB), trouxe ao IV Encontro o tema “A Visão Bíblica sobre a velhice”, e usou vários textos e personagens bíblicos para dar um panorama sobre as diversas maneiras de olhar a velhice nos tempos bíblicos e nos dias de hoje. O palestrante fez várias perguntas cujas respostas foram demonstradas na Bíblia: 1) Qual a nossa visão sobre velhice? 2) O idoso é sábio? 3) A velhice é ruim? 4) O idoso atrapalha ou ajuda?; 5) O idoso tem uma missão a cumprir?; 6) A velhice é uma fase produtiva ou é o declínio da vida? (Jó 12:12-13, Salmos 92:13-15, Nm 8:24-26, Zacarias 8: 4, Provérbios 23:28, Isaías 65:20-22, Eclesiastes 9:10, Tito 2:2-5, Isaías 46:3-4).

Erni Seibert disse que o nosso comportamento neste momento da vida depende de nossa visão da velhice. O que pensamos? A velhice é benção? Castigo? Depende?… E continuou dizendo que “o idoso é diferente, não é menos ou mais”, e citou Provérbios 16:31: “Os cabelos brancos são uma coroa de honra que é encontrada no caminho da justiça”. Então, pode-se deduzir que a coroa de honra é para os que trilham ou trilharam os caminhos de Deus.

Envelhecer e viver bem

Ageu Heringer Lisboa, psicólogo e membro fundador do Corpo de Psicólogos e Psiquiatras Cristãos (CPPC) e seu primeiro presidente, dirigiu uma das oito oficinas oferecidas durante o IV Encontro MC60+. Com o tema “Envelhecer com sentido, dignidade e relevância” a oficina teve o maior número de participantes do evento. Ageu convidou a educadora Paula Dallapiccola para dar um testemunho pessoal de sua caminhada como 60+ trabalhando para viver com sentido, dignidade e relevância. Segundo o palestrante, “Há vários modos de envelhecer e morrer: cultura, tradições familiares, Bíblia, mas o que importa, como disse Paul Tournier, é ‘Aprender a envelhecer e viver bem até o fim’”.  Ageu incentivou os presentes a terem este objetivo e trabalhar por ele.

O palestrante disse que nós existimos no presente e que neste tempo lançamos sementes, as cultivamos e deixamos legados para as futuras gerações. Para isso nós precisamos viver e morrer com dignidade, sentido e relevância. Envelhecer com dignidade denota integridade, elevação ética, moral espiritual. “Viver de modo digno do Evangelho” de Cristo; envelhecer com sentido significa ter alvos, direção, propósito e autodoação generosa e criativa. E envelhecer com relevância é o resultado dos dois primeiros modos. Isso acontece no âmbito familiar e comunitário, onde temos a oportunidade de ser “o bom perfume de Cristo”, informou o psicólogo.

Ageu aconselhou: “Nossas vidas precisam ser desfrutadas como imagem e semelhança do Criador”. E citou o texto de Eclesiastes 3: “Há tempo para todas as coisas…tempo de morrer”. E acrescentou: “Nós precisamos também ter em mente a possibilidade da morte, que é um tempo impregnado do sagrado”. Para isso será preciso realizar tarefas prévias e planejar as póstumas com gratidão a Deus pelo tempo da vida.

Segunda carreira

O pastor, empresário e professor, Robert L.Koo, que faz parte do Núcleo Facilitador do MC60+, compartilhou com os participantes do Encontro o significado da “Segunda carreira”. “O dom de Deus e seu chamado são irrevogáveis, e independem da idade que tenhamos. Talvez vocês tenham esquecido seu dom e talento, mas agora é tempo de redescobrir”, disse Koo.

Segundo o palestrante, “é preciso pensar no sentido da vida neste momento e perguntar: – O que devo fazer?”, Para o pastor Robert, especialmente na velhice devemos nos oferecer para trabalhar para o Reino de Deus. “A segunda carreira tem esse propósito, porque é o que Deus quer que façamos. O ingrediente mais importante da segunda carreira é a vontade de Deus”, afirmou. Robert lembrou que o tempo é a nossa maior riqueza e disse que é necessário conhecer a si mesmo, saber suas limitações e não escolher uma Segunda Carreira sob pressão. “Pergunte-se: Qual é sua maior experiência neste tempo de sua vida?”.

Cuidar de si mesmo

O pastor, escritor e professor Gilton Medeiros, que é também o diretor executivo e fundador do Ministério Vida Radiante – Centro de Juventude e Cultura Cristã, ministrou a última palestra do IV Encontro do MC60+ com o título: “Novas maneiras de cuidar de si mesmo”. Ele disse que é possível observar uma perda paulatina do significado do que é ser gente. Hoje, “Intensifica-se a tendência de o mundo transformar as pessoas em número e um agente destinado a apenas consumir”, disse pontuando as marcas do atual cenário. E em meio às dificuldades que encontramos, o pastor aconselhou os 60+ com o texto de Mateus 6.27: “E qual de vós poderá, com todos os seus cuidados, acrescentar um côvado à sua estatura?”. Ele reafirmou a importância do cuidado de si mesmo nesta fase da vida. Para isso, é necessário que o 60+ entenda que “não tem controle sobre os fatos essenciais da vida como a saúde, as circunstâncias econômicas, sociais e políticas, com o clima e etc”.

Pr. Gilton recomendou que o 60+ deve viver plena e abundantemente e oferecer sua vida e talentos ao Senhor e para o crescimento do Seu Reino. “É preciso servir a Deus mais e melhor. Há muita coisa para se fazer e a nossa aposentadoria é no Céu”, afirmou. Segundo o palestrante, para cuidar melhor de si, o idoso deve deixar o passado no passado (Fp 3.13-14); assumir uma nova atitude – intencionalidade; planejar, programar a vida; construir relacionamentos intencionais; estabelecer objetivos concretos, alvos mensuráveis e metas que sejam desafios. O palestrante animou os 60+ do encontro a fazerem um inventário dos seus hábitos (bons e ruins), se propor a aperfeiçoar os bons hábitos e a eliminar os ruins.

Mais do que o esperado

Os participantes do IV Encontro do MC60+ não se cansavam de dizer que foi um tempo de muito aprendizado, que receberam mais do que esperavam tanto de ensino quanto de comunhão e alegria. O casal de Ponte e Lacerda, MT, pastor Manuel E. C. Oliveira e sua esposa Dazinha Chaves Oliveira, teóloga, que souberam do encontro pela Revista Ultimato disseram que foi maravilhoso encontrar pessoas que estão passando pelas mesmas coisas. “Nos reencontramos com esta nova realidade da vida, conhecemos irmãos com quem pudemos compartilhar além das palestras que nos ajudaram a refletir e a criar uma nova vida. Foi muito gratificante para nós”, disseram, anunciando que quando voltarem à Primeira Igreja Batista de Ponte e Lacerda vão reunir os 60+ da igreja, fazer cultos, cantar hinos do hinário Cantor Cristão e outras atividades compartilhadas no evento em Sumaré.

Para o casal Pr. Paulo e Dora Andrade, de Atibaia, SP, o encontro foi maravilhoso por reunir e dar esperança a um grupo marginalizado pela sociedade e incentivou todos a seguirem em frente, “porque não estamos mortos e ainda temos uma missão no Reino de Deus e um papel importante no mundo”, disse o pastor. Outro ponto positivo citado por Dora foi conviver com pessoas que têm as mesmas dificuldades, fazer novas amizades e uma troca generosa.

Despedidas

O encerramento do IV Encontro do MC60+ na manhã do dia 25/9, reuniu todos ao redor da mesa para a celebração da Ceia, em memória do Senhor e Salvador Jesus. Robert Koo dirigiu o momento. Ao final, muitos abraços, sorrisos e despedidas emocionadas. Em seguida a parada para foto de todo o grupo, que já é marca dos encontros. E a esperança de que haja muitos frutos individuais e na igreja brasileira para servir e desafiar a população que está envelhecendo.

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Xênia Marques Lança de Q. Casséte, é jornalista, membro da Igreja Batista da Redenção, em Belo Horizonte, onde participa do Grupo 60+, e faz parte da equipe do Coletivo Bereia – Informação e Checagem de Notícias.

A visão bíblica sobre a velhice

Por Erní Walter Seibert

Alguns chamam a velhice de bênção. Outros a consideram um castigo. Alguns pensam que na velhice a pessoa tem mais sabedoria. Para alguns os idosos têm uma missão a cumprir, para outros, é apenas o declínio da vida. Como você vê a velhice?

Na mitologia grega, contava-se que na cidade de Tebas havia uma esfinge (personagem com cabeça humana e corpo de animal) que desafiava os que ali passavam com um enigma. Se a pessoa não soubesse a resposta, ela era devorada. O enigma perguntava: “Quem, de manhã, anda com quatro pernas, de tarde, anda com duas, e, de noite, anda com três?” Ninguém havia conseguido responder, até que chegou Édipo. Esse herói mitológico, com uma história muito complicada, respondeu que era o ser humano. O homem, no amanhecer da vida engatinha com quatro pernas. Na idade adulta, anda com duas pernas. E, no entardecer da vida, usa bengala, andando com três pernas. Diante dessa resposta, a esfinge se atirou no despenhadeiro e morreu. Nessa visão mitológica, a velhice é o fim da vida, com certas limitações, mas pode trazer também certas possibilidades.

A visão que temos da velhice irá nos orientar sobre como encará-la e sobre como viver este tempo tão especial. Existem muitas maneiras de ver a velhice. Muitas visões parecem contraditórias. Mas elas podem coexistir, como num paradoxo. Vejamos algumas dessas visões. Alguns chamam a velhice de bênção. Outros a consideram um castigo. Alguns pensam que na velhice a pessoa tem mais sabedoria. Outros veem os velhos como ultrapassados. Para alguns a velhice atrapalha, para outros, ela ajuda. Para alguns os idosos têm uma missão a cumprir, para outros, é apenas o declínio da vida. Como você vê a velhice?

A visão determina o comportamento

A visão que temos da velhice tem vários componentes. Um primeiro aspecto que precisamos considerar é que a nossa visão é moldada por nossa experiência e o nosso aprendizado. Cada pessoa tem experiências únicas. As experiências da pessoa começam com a sua criação, família, passam pela escola, igreja, sociedade, leituras, amizades e tudo o mais que constrói a vida de alguém. Mas, além das experiências pessoais, há outros aspectos importantes para a construção da visão.

A sociedade e a cultura nas quais a pessoa cresce transmitem valores que são absorvidos e assimilados. Essa absorção nem sempre é consciente. Por exemplo, se entra um idoso num ônibus e rapidamente mais de uma pessoa lhe oferece um lugar para sentar-se, isso ensina a todos uma lição da cultura local. Da mesma forma, se ninguém oferece um lugar ao idoso, isso ensina outra lição.

De uma maneira bem especial, a leitura e o estudo da Bíblia Sagrada formatam a visão que as pessoas têm sobre a velhice. A Bíblia é um livro que a maioria dos leitores considera relevante para suas vidas. Mas, nem sempre, o que a Bíblia ensina é o mesmo que a sabedoria popular ensina. Por exemplo, possivelmente a sabedoria popular concorda com a afirmação de que com os velhos está a sabedoria. Mas a Bíblia não diz isso. Em Jó 12.12-13 diz: “Está a sabedoria com os idosos? Será que a longevidade traz o entendimento? Com Deus estão a sabedoria e a força; ele tem conselho e entendimento.” A sabedoria não está com o ser humano só por ele ser velho. A sabedoria sempre está com Deus.

Para termos uma visão bíblica da velhice, precisamos ver o que o texto bíblico diz. Vejamos a seguir alguns exemplos.

Viver uma vida longa seria o normal para o ser humano. Deuteronômio 5.16: — “Honre o seu pai e a sua mãe, como o Senhor, seu Deus, lhe ordenou, para que você tenha uma longa vida e para que tudo vá bem com você na terra que o Senhor, seu Deus, lhe dá”.

O idoso deve ser respeitado e Deus deve ser honrado. Levítico 19.32: — “Fiquem de pé na presença das pessoas idosas e as tratem com todo o respeito; e honrem a mim, o Deus de vocês. Eu sou o Senhor”.

O respeito ao idoso deve ser uma prática de vida. 1Timóteo 5.1-2: “Não repreenda um homem mais velho; pelo contrário, exorte-o como você faria com o seu pai. Trate os mais jovens como irmãos, as mulheres mais velhas, como mães, e as mais jovens, como irmãs, com toda a pureza”.

O idoso é diferente, não menos ou mais que pessoas de outras idades. Provérbios 20.29: “A glória dos jovens é a sua força, e a beleza dos velhos são os seus cabelos brancos”. Provérbios 16.31: “Os cabelos brancos são uma coroa de honra que é encontrada no caminho da justiça”.

Os idosos podem contribuir para a igreja e a sociedade. Salmos 92.13-15: “Plantados na Casa do Senhor, florescerão nos átrios do nosso Deus. Na velhice ainda darão frutos, serão cheios de seiva e de verdor, para anunciar que o Senhor é reto”.

Questões sobre a velhice

A Bíblia também trata algumas questões que estão presentes na vida dos idosos. É evidente que os tempos bíblicos eram diferentes dos dias de hoje. Mas a palavra bíblica nos leva a repensar práticas de nosso tempo. Vejamos alguns pontos.

Aposentadoria. Nos tempos bíblicos não havia a prática da aposentadoria como atualmente. A organização do trabalho era diferente do que as leis trabalhistas promovem em nosso país. Um texto que fala dos levitas nos leva a pensar no que poderia ser a aposentadoria em nossos dias. O texto bíblico diz: Números 8.24-26: “— Isto é o que diz respeito aos levitas: da idade de vinte e cinco anos para cima entrarão, para fazerem o seu serviço na tenda do encontro; mas a partir da idade de cinquenta anos deixarão de estar a serviço e não mais servirão; porém ajudarão os seus irmãos na tenda do encontro, no que diz respeito ao cargo deles; não terão mais serviço. Assim você fará com os levitas quanto aos seus deveres”.

O texto não diz que ao final da vida a pessoa não deve fazer nada. Ele ensina que o idoso pode continuar ajudando, mas com uma carga de trabalho menor. É uma visão diferente do que a de aposentadoria que temos no nosso país.

Ser útil e produtivo para a sociedade. Enquanto as forças permitirem, os idosos podem ajudar o próximo com o seu trabalho. Eclesiastes 9.10: “Tudo o que vier às suas mãos para fazer, faça-o conforme as suas forças, porque na sepultura, que é para onde você vai, não há obra, nem projetos, nem conhecimento, nem sabedoria alguma”.

Moderação. O consumo exagerado de bebidas alcoólicas é um problema comum entre idosos na nossa sociedade e já acontecia nos tempos do Novo Testamento. Outra questão que o texto bíblico menciona é a da fofoca. Os velhos podem usar melhor o seu tempo ensinando coisas boas aos jovens. O conselho bíblico ainda é válido hoje. Tito 2.2-5: “Quanto aos homens idosos, que sejam moderados, respeitáveis, sensatos, sadios na fé, no amor e na perseverança. Do mesmo modo, quanto às mulheres idosas, que tenham conduta reverente, não sejam caluniadoras, nem escravizadas a muito vinho. Que sejam mestras do bem, a fim de instruírem as jovens recém-casadas a amar o marido e os filhos, a serem sensatas, puras, boas donas de casa, bondosas, sujeitas ao marido, para que a palavra de Deus não seja difamada”.

Exemplos de idosos

A Bíblia também ensina sobre idosos contando detalhes da vida de alguns deles. Por vezes, a Bíblia revela poucas coisas sobre a vida dessas pessoas. Mesmo nesses casos, ela dá uma lição positiva sobre elas. Contudo, em outros casos, ela conta coisas boas e más que essas pessoas fizeram na vida. Mas mostra como foi importante essas pessoas sempre se voltarem para Deus e terminarem os seus dias confiando em Deus. Vale muito como a pessoa termina a sua vida. Destacamos quatro personagens.

Ana. A Bíblia tem apenas alguns versículos sobre a vida dessa personagem. Mas eles são ricos em ensinamentos. Lucas 2.36-38: “Havia uma profetisa, chamada Ana, filha de Fanuel, da tribo de Aser. Ela era bem idosa, tendo vivido com o marido sete anos desde que tinha se casado. Agora era viúva de oitenta e quatro anos. Ela não deixava o templo, mas adorava noite e dia, com jejuns e orações. E, chegando naquela hora, dava graças a Deus e falava a respeito do menino a todos os que esperavam a redenção de Jerusalém”.

Simeão. Sobre esse personagem também sabemos pouco. Ele esperava a vinda do Messias. E, quando toma o menino Jesus nos seus braços, ele faz uma oração que até hoje é lembrada de cor por muitos cristãos. Lucas 2.29-32: “Agora, Senhor, podes despedir em paz o teu servo, segundo a tua palavra; porque os meus olhos já viram a tua salvação, a qual preparaste diante de todos os povos: luz para revelação aos gentios, e para glória do teu povo de Israel”.

Davi. O grande rei de Israel teve muitas histórias que mostram um grande pecador. Mas ele ensinou por sua vida a importância do arrependimento e de sempre voltar para Deus. Ao final de sua vida, o autor do livro de Crônicas assim resumiu a biografia do rei Davi: 1 Crônicas 29.26-28: “Assim, Davi, filho de Jessé, reinou sobre todo o Israel. Ele reinou sobre Israel durante quarenta anos: sete anos em Hebrom e trinta e três em Jerusalém. Morreu em boa velhice, cheio de dias, riquezas e glória; e Salomão, seu filho, reinou em seu lugar”.

Abraão. Esse personagem é o pai de todos os que creem. Em sua vida também teve altos e baixos, mas sempre reconheceu seus pecados e se voltou para Deus. Tal como o rei Davi, teve o seu reconhecimento registrado no primeiro livro da Bíblia. Gênesis 25.7-8: “Abraão viveu cento e setenta e cinco anos. Ele morreu bem velho e foi reunir-se com os seus antepassados no mundo dos mortos”. 

Dois salmos sobre a velhice

Vários Salmos falam sobre a velhice. Destaco dois que ensinam muito sobre o tema. Se trata do Salmo 90 e do Salmo 71. Sugiro que você os leia em forma de oração, em sua Bíblia.

Depois desse rápido estudo sobre o que a Bíblia ensina sobre a velhice, certamente podemos concluir que:

Deus nos conhece

Deus é bom

Deus nos ajuda

Deus nos abençoa

Somos gratos a Deus pela velhice.

Erní Walter Seibert, diretor executivo da Sociedade Bíblica do Brasil e Vice-Presidente das Sociedades Bíblicas Unidas.

Este artigo é um registro da palestra “A visão bíblica sobre a velhice”, oferecida pelo Dr. Erni Seibert no 4º Encontro do Ministério Cristão 60+.

Florescer e frutificar – É tempo de colher!

Por Ágatha Cristian Heap

A cada dia podemos escolher viver. Devemos escolher viver!

Eu sou muito igrejeira. Amo ser igreja, amo fazer parte da comunidade de fé e congregar. Uma das coisas que aprecio na igreja é que ouso dizer ser ela o único lugar na sociedade humana onde todas as gerações se encontram e convivem com tanta frequência. Desde o bebê recém-nascido, passando pelas crianças na primeira infância, os juniores, pré-adolescentes, adolescentes, jovens, adultos e a melhor idade, no geral, uma vez por semana, se esbarram, se escutam, se veem e adoram o Senhor em conjunto!

Ainda adolescente eu conheci uma poesia atribuída a uma senhora que estava internada no hospital, conversando com uma enfermeira… e ela falava: “Enfermeira, quando você olha para mim, o que você vê? E ela descreve a sua condição naquele momento, já debilitada, e necessitando de ajuda, mas de repente ela diz: abra seus olhos, enfermeira, e olhe para mim! Veja a menina de 10 anos em família, a adolescente de 16 querendo viver um amor, a noiva de 20 empolgada com seus votos, a jovem mãe aos 25 e aos 30 cuidando dos seus, a mulher de 40 vendo seus filhos partir, a avó de 50 com a casa cheia de crianças novamente. Essa poesia sempre me tocou e me identifico com essa lembrança de cada fase que vivi e cada pessoa que fui e continuo sendo – está tudo dentro de mim. Nossa história continua em nós e ainda somos a criança, a jovem, o adulto… e tudo que vivemos, fizemos, trabalhamos por e contruímos nos acompanha e é muito valioso.

E por falar em trabalho…

Servimos um Deus que trabalha e que tem escrito uma linda história de amor.

Do caos, da escuridão, do nada, Ele criou.

Bradou e houve luz! Energia, calor, matéria!

A cada dia Ele trabalhou, embelezou, desenvolveu organismos, ciclos, sistemas… pessoas! Então, descansou! Descansou pois concluiu sua obra e testemunhou sua funcionabilidade. Os rios corriam, os animais nadavam, voavam, se moviam sobre a terra. O ser humano recebeu o dom da fala, do raciocínio, da inteligência e da criatividade. Além de autoridade – nomeie, cultive, desfrute!

Deus trabalhou e descansou. Contemplou. Se alegrou. Era tudo muito bom!

Com o pecado humano, o trabalho já não era mais um deleite e se tornou um fardo.

A imagem de Deus é manchada e a identidade humana – que deveria ser relacionada com a filiação ao Criador, se tornou uma busca de reconhecimento, produtividade, recursos que se pode acumular. O ser humano tentando provar seu valor. Que pena!

O ser humano já não sabia quem era, pois se afastou do Seu Criador.

Quem sou eu? Meu trabalho?

Quem sou eu? Meus papeis, minhas funções?

 Quem sou eu? Minha produtividade?

Quem sou eu? O que tenho?

Um dos meus avós foi um pernambucano que migrou de Tacaratu até o Rio de Janeiro a pé. Alguns meses de viagem. Quando criança, foi coroinha da paróquia católica de sua cidade, sempre interessado na Bíblia, certa vez foi advertido pelo seu padre que se continuasse lendo as Escrituras, viraria crente!

Ao chegar no Rio de Janeiro, foi trabalhar como pedreiro na construção da 1ª Igreja Batista de Nilópolis, onde se converteu, conheceu minha avó, casou-se, dedicou os primeiros 5 filhos (de 14) a Deus e mais tarde celebrou bodas de 50 anos de casado no mesmo lugar. Nessa ocasião, o casal que havia chegado ali jovem e sem filhos diante do altar, retornava com toda a família posicionada na área do coral da igreja, mais parecendo uma pequena tribo, um clã com dezenas de pessoas. Frutos dessa união.

Entretanto, na década de 1960, participaram de um movimento de avivamento, deixaram a igreja Batista e migraram para a Obra em Restauração.

Tenho lindas lembranças dos cultos domésticos diários. Das orações solenes do meu avô e da sua voz forte entoando hinos em tempo e fora de tempo. Lembro-me da ação social constante da minha avó sendo diretora de uma creche comunitária num bairro carente por anos, e sendo informalmente, uma “agência de empregos” para as diversas mães que levavam seus filhos à creche.

Deus promete abençoar até mil gerações daqueles que o servem (Dt 7.9). Sou a segunda geração desse casal abençoado e me sinto honrada pela herança espiritual que me deixaram.

Gálatas 6.9-10 nos ensina: ‘Portanto, não nos cansemos de fazer o bem. No momento certo, teremos uma colheita de bênçãos, se não desistirmos. Por isso, sempre que tivermos oportunidade, façamos o bem a todos, especialmente aos da família da fé”.

Jesus falou para olharmos os campos prontos para a colheita. Falou para observarmos as aves dos céus. Falou para contemplarmos os lírios dos campos. Contemplar! Admirar, apreciar, aplaudir, atentar, notar, ver, mirar, fitar.

Envelhecer é um presente. A outra opção é ter uma vida reduzida, interrompida precocemente.

“A vida é muito curta para ser pequena” é um pensamento atribuído a Benjamin Disraeli, que foi um político conservador britânico, escritor, aristocrata e primeiro-ministro do Reino Unido em duas ocasiões durante o século 19.

Quanto mais os anos passam, mais há para recordar. Mais há para agradecer. Mais há para testemunhar. Muito já foi feito. Fases variadas já foram vividas. O mundo é mau, mas Deus é bom. E conscientes de Sua bondade e soberania, podemos caminhar em paz e desfrutar da beleza de cada dia.

A vida começa numa fase de dependência e como precisamos de cuidadores nos nossos primeiros anos de vida.

Vamos crescendo e adquirindo autonomia, desenvolvendo potencialidades e nos dirigindo a alguma linha de profissão e trabalho. Casamos, geramos filhos, trabalhamos, construímos. Amamos a Deus e por isso amamos o próximo na mesma medida que aprendemos a amar a nós mesmos e assim, servimos.

Então, a curva da produtividade alcança seu auge, os resutados são evidentes, mas começam a retroceder. Entretanto, há uma história que não se apaga, há um legado. O plantio produz frutos e é tempo de celebrar.

Já não é possível correr na mesma velocidade, trabalhar a mesma quantidade de horas. Talvez óculos e aparelhos auditivos sejam bem vindos. Eu já preciso dos dois!

Porém, precisamos ser lembrados constantemente que a nossa vida não vale o que produzimos, mas o que realmente somos no Senhor. Filhos amados do Pai – feitos para adorá-Lo.

Podemos escolher apodrecer ou amadurecer. Reclamar ou agradecer. Ressentir ou perdoar. Desistir ou perseverar. Calar ou orar. Ignorar ou amar.

Eu gosto de uma tirinha do Snoopy e do Charlie Brown que eles estão de costas, mirando o horizonte. Charlie Brown parece preocupado e desabafa: “É Snoopy, um dia nós vamos morrer”. E Snoopy responde com toda a sabedoria canina: “Sim, mas em todos os outros dias nós vamos viver”.

Será que todos compreendem dessa forma? O descanso é um sentimento de satisfação ao contemplar a vida como dádiva de Deus.

A cada dia podemos escolher viver. Devemos escolher viver!

Eu lido com a tentação de querer ser sempre útil, produtiva, mas tenho buscado aprender que não fomos feitos para dar resultado, visando uma conquista específica. As próprias interrupções da vida são a vida. Processos, momentos da caminhada. As limitações não deveriam nos apavorar.

Em Deuteronômio 30.19 lemos: “Hoje lhes dei a escolha entre a vida e a morte, entre bênçãos e maldições. Agora, chamo os céus e a terra como testemunhas da escolha que fizerem. Escolham a vida, para que vocês e seus filhos vivam!”.

Jesus é o Caminho, a Verdade e a Vida. Que o Senhor nos ajude a valorizar cada oportunidade de viver nEle, sendo fieis a Ele, exalando o perfume dEle, sendo a carta que comunica Seu evangelho no nosso caminhar, no nosso contemplar, no nosso falar e especialmente em como lidamos com o outro, pois este é o Dia que o Senhor fez – e o deu a mim e a você! Vamos escolher nos alegrar e celebrar nele. (Sl 118.24) E isso é contagiante. Precisamos seguir firmes na confiança em Deus para que possamos terminar bem!

Há muitas bençãos para se lembrar. Muitas coisas para agradecer. Sempre é tempo de contemplar, amar, de orar, de inspirar, de compartilhar e viver. Deus nos faz nos faz florescer e frutificar – que tenhamos alegria em recordar, contemplar e assim colher.

Ágatha Cristian Heap é graduada em ciências sociais, em geografia e em teologia pela Faculdade Nazarena do Brasil. É mestra em ciências da religião, com ênfase em teologia. É membro da APEL – Academia Paulista Evangélica de Letras, professora de ciências humanas e sociais há mais de duas décadas, Ministra ordenada e pastora auxiliar na Igreja do Nazareno, em Atibaia, SP. Atua como tradutora e escritora. Casada com Brian, mãe de Lucas, Victoria e Gabriele.

Este artigo é um registro da devocional “Florescer e frutificar – a alegria de colher”, conduzida por Ágatha C. Heap no 4º Encontro do Ministério Cristão 60+.

Conheça e acompanhe o Ministério Cristão 60+ no Instagram: @mc60mais.



A despedida

Percepções sobre a graça e a fadiga a partir do Salmo 90

Créditos: Tima Miroshnichenko

Por Délio Porto

Houve um homem que resolveu empreender uma grande aventura. Saiu para uma jornada inusitada, uma viagem difícil, uma aventura louca.

O plano: não pretendia demorar; seria rápido (dois anos, talvez?). O alcance e o destino proposto nesta aventura fariam toda a diferença em sua vida.

Entretanto, algo saiu errado com sua previsão. O tempo e a distância não estavam sob seu controle. O tempo correu ligeiro enquanto o homem havia dado somente alguns passos. De repente, percebeu-se velho, de cabelos brancos, enrugado e decaído. Fatigado. Não havia ainda chegado ao destino final de sua aventura. 

Percebendo que não poderia mais continuar, resolveu que ficaria por ali, pelo caminho. Envelhecera e não conseguiria cruzar o espaço que faltava até o destino final. Mas seus filhos, aqueles que teve durante a jornada, estavam crescidos. Eles poderiam seguir em frente e terminar a jornada. 

Tal homem não carregava mágoas por causa desta situação. Não se tornou rancoroso nem achava que o mundo, ou a vida, lhe deviam algo. Estava em paz.

Ao se ver assim, envelhecido e incapaz de continuar, escreveu um poema falando sobre a graça e a fadiga, sobre a bondade e o declínio, sobre a ligeireza de um sonho e o furor da santidade. Foi com este poema que marcou sua despedida. Pediu a seus filhos que não carregassem seu corpo, mas que levassem consigo um livro com suas memórias. Reuniram seus escritos sob o título “O livro das palavras de Moisés, profeta do Altíssimo”. O poema é o Salmo 90. Neste salmo lê-se, nas últimas linhas, o seu desejo final: “Consolida, meu Deus, consolida a obra de nossas mãos”.

Ele se perguntava: “Será que os meus filhos verão os feitos de Deus? E os filhos dos meus filhos?” Quando levantou as mãos sobre seus filhos, para os abençoar, escreveu: “Sejam manifestos os teus feitos aos teus servos, e aos filhos deles o teu esplendor!” (v.16, NVI).

Pediu ainda que seus filhos fossem alvos da bondade e da graça de Deus: “Esteja sobre nós a bondade do nosso Deus Soberano. Consolida, para nós, a obra de nossas mãos; consolida a obra de nossas mãos!” (v.17).

Tal despedida, antes do final do êxodo, não foi um sinal de derrota, pois ele próprio tinha visto a bondade e a graça de Deus. Porque é graça a permissão para que pessoas comuns participem da obra de Deus. E a obra de Deus é uma só: chamar o seu povo, conduzi-lo ao seu destino e dar-lhe a herança eterna.

“Mas, e a fadiga? E o cansaço de nossas mãos? Haveria um propósito para eles?” Sim, pois se as mãos não param no curso diário da vida, é na fadiga que a graça é experimentada.

“O que será dos nossos filhos? Por acaso verão os feitos de Deus?” A esperança é que vejam. “Há um propósito para a fadiga de nossas mãos?” Sim, porque entregamos a Deus essa obra.

“Em que consiste essa entrega?” Ela é uma atitude interior de expectativa alta e positiva. Na entrega há um pedido feito, uma disposição interior e uma espera na graça.

A vida é efêmera. Os cabelos logo ficam brancos e há tantas fadigas, mas em todo o tempo se manifesta a bondosa atenção de Deus. Essa é a nossa aventura, que um dia, de tão envelhecidos e cansados, deixaremos para nossos filhos.

Délio Porto é engenheiro aposentado e mora em Viçosa

Tenho um velhinho para cuidar

Por Wilfried Körber

Ele era bonitão e jovem. Inteligente, forte e trabalhador. Único, durante algum tempo, depois pai, tio, e agora vovô. A beleza e a juventude já se foram. A força descaiu. Não trabalha mais. A inteligência continua perfeita. Os olhos “andam” embaçados, ouvir, só com aparelhinho, a voz um pouco rouca, e na mão usa bengala. Qualquer semelhança é mera coincidência.

Temos na Bíblia um belo capítulo que gosto de ler. Já o li diversas vezes, e pretendo fazê-lo outras. É o capítulo 12 do livro de Eclesiastes. Tomo a liberdade de reproduzir aqui seus primeiros sete versículos:

  1. Lembra-te do teu Criador nos dias da tua mocidade, antes que venham os maus dias e cheguem os anos dos quais dirás: Não tenho neles prazer;
  2. Antes que se escureçam o sol, a lua e as estrelas do esplendor da tua vida, e tornem a vir as nuvens depois do aguaceiro;
  3. No dia em que tremerem os guardas da casa, os teus braços, e se curvarem os homens outrora fortes, as tuas pernas e cessarem os teus moedores da boca, por já serem poucos e se escurecerem os teus olhos nas janelas;
  4. E os teus lábios, quais portas da rua, se fecharem; no dia em que não puderes falar em alta voz, te levantares à voz das aves, e todas as harmonias, filhas da música, te diminuírem;
  5. Como também quando temeres o que é alto, e te espantares no caminho, e te embranqueceres, como floresce a amendoeira, e o gafanhoto te for um peso, e te perecer o apetite; porque vais à casa eterna, e os pranteadores andem rodeando pela praça;
  6. Antes que se rompa o fio de prata, e se despedace o copo de ouro, e se quebre o cântaro junto à fonte, e se desfaça a roda junto ao poço,
  7.  E o pó volte à terra, como o era, e o espírito volte a Deus, que o deu.

Até aqui só se falou do homem, mas há também a mulher, cuja sorte pode não ser diferente.

Geralmente ela vive mais, mas de tanto lavar roupas e louça, costuma ter mais rugas. Um brinquinho aqui, um esmalte ali, e um pouco de batom, ajudam a enganar inocentemente o velhinho a seu lado. Ela não usa bengala, segue em cadeira de rodas.

Para terminar, gostaria de acrescentar ao sermão de Jesus mais uma bem-aventurança: “Bem-aventurados os antigos quando os levarem às reuniões da família, para não esquecerem o passado, pois ficarão satisfeitos”.

P.S. Nada como ter bom humor, também nos momentos sérios.

Wilfried Körber nasceu em Göttingen na Alemanha em 1931 e vive no Brasil desde 1937. Converteu-se aos 16 anos na então Igreja Alemã Batista Zoar, frequentada por sua mãe. Membro fundador da Igreja Batista Filadélfia de São Paulo, envolveu-se com o trabalho de evangelização de crianças e missões, com sua esposa Gisela, de saudosa memória. Há mais de uma década escreve textos para o devocionário Presente Diário. Atualmente vive em Sorocaba, SP. @lampadaparaosmeuspes_.

Crédito da imagem: Miki, Flickr.

O Senhor do tempo

Por Stênio Marcius

Mestre, me veja menino
Deixa-me correr com Teus pequeninos
Mestre, de rosto amigável, de sorriso largo, de sereno olhar
Eu fui a Ti criança e me recebeste de braços abertos
Que estranha distância agora
Senhor, lembra do menino que eu fui outrora

Mestre, lembro que eu buscava
E me derramava, choro adolescente
Lembro daquele caderno onde eu anotava minhas orações
Jovem busquei a Ti, o refúgio certo para um moço aflito
Que estranha distância agora
Senhor, lembra do rapaz que eu fui outrora

Mestre, estou bem mais velho
E o amor que eu tinha, onde foi parar?
Mestre, fala a esse homem, que se emocione, vá recomeçar
Faz-me correr e assim retornar ligeiro ao primeiro amor
Deixa-me ver novamente o meu nome
Escrito nas santas mãos do Senhor do Tempo

Deixa-me ver novamente o meu nome
Escrito nas santas mãos do Senhor do Tempo

Clique aqui e ouça a canção “O Senhor do tempo”.

Stênio Marcius é compositor.

Ilustração: @ste.illustra

Vem aí 4º Encontro do Movimento Cristão 60+

Na “era dos avós” é preciso aprender a envelhecer

Não é difícil perceber, nas ruas, nas famílias e na igreja, que a “era dos avós chegou”, como afirmou a revista The Economist, em 2023. Os avós representam quase um quarto da humanidade. A Divisão de População das Nações Unidas estima que o número de pessoas com 65 anos ou mais deve dobrar nos próximos trinta anos, de modo que, até 2050, entre 16 a 22 por cento da população global terá 65 anos ou mais.

O Movimento 60+ sabe disso.

O MC60+ nasceu no coração de um grupo de amigos nesta fase de idade com o objetivo de despertar as igrejas para esta realidade e, ao mesmo tempo, para encorajar os 60+ a não se aposentarem da carreira cristã, ao autocuidado e a servirem à igreja com seus dons, experiências e rede de contatos.

Uma das principais formas de atingir os seus objetivos é a promoção de eventos. Em 23 a 25 de setembro de 2024 será realizado 4º Encontro.

A programação é rica: devocionais, palestras a partir do tema “É tempo de colher, mas ainda é tempo de plantar”, apresentação do contexto da velhice no Brasil, mostra de oportunidades de serviço e de boas práticas. Além disso, o programa prevê tempo para convivência e compartilhamento de experiências, workshops e atividades guiadas. Os preletores também são 60+. Confira abaixo os detalhes da programação. 

Se você quer aprender a envelhecer, ou compreender melhor o envelhecimento de seus familiares ou membros de sua comunidade, ou se equipar para um ministério profícuo com os 60+, não perca a oportunidade de estar presente neste Encontro. Inscreva-se aqui.

HORÁRIOAtividades
15:00Recepção | Pesquisa de interesses e de talentos
18:00Jantar
19:00Abertura: É tempo de colher, mas ainda é tempo de plantar
Visão Geral
Louvor e Adoração – Lili Yoshimoto 
19:30Palestra
– A visão bíblica sobre a velhice – Dr. Erni Seibert
20:30Cenário: Panorama dos 60+ no Brasil – Oseas Heckert
21:00Chá | Descanso
HORÁRIOAtividades
07:00Café da Manhã
08:00Comunhão e Relacionamento / Caminhada em volta do lago
08:30Louvor e Adoração
09:00Devocional
Florescer e frutificar – A alegria de colher – Ágatha Cristian Heap
09:30Palestras
– Novos papeis na igreja – Daniel Yoshimoto
– O que a igreja pode fazer pelos 60+ e o que os 60+ podem fazer pela igreja
10:00Intervalo | Cafezinho | Alongamento
10:30Relato da experiência de Águias de Cristo. Recife, PE – Elias Bispo

Em grupos:
– Que experiências das relatadas em plenário são apropriadas à sua igreja?
– O que a igreja pode fazer e o que os 60+ podem fazer, na sua realidade local?
– Que novas iniciativas você sugere?

Compartilhamento dos grupos em plenário
11:10Plenário
Relato de experiências e oportunidades para os 60+ nas obras do Reino
– Oportunidades em RENAS – Oséas Heckert
– Desafios e envolvimento – CristoIândia
– Ação para fora, ACEV – Mara Danielli  
11:50Roda de conversa em grupos
– Qual a sua perspectiva pessoal diante do envelhecimento?
– Qual é a realidade da sua igreja diante do problema de 3ª Idade?
– Que novas iniciativas você sugere?  
12:30Almoço
14:00Workshops, atividades guiadas ou tempo livre

Workshops
1. Envelhecer com sentido, dignidade e relevância – Ageu Heringer Lisboa
2. Sucessão – processo de transferência de conhecimento, cultura, valores e legado da atual geração para a nova geração. Na empresa, família e igreja. Eduardo Almeida e Brian Heap
3. Revisão de vida aos 60+: arrependimento e renovação – Dora Bomilcar e Paulo Pereira de Andrade
4. Como enfrentar as doenças, especialmente as demências, na velhice? – Eli Miranda Soares e Maria Aparecida Soares Roch
5. Solidão e depressão na velhice – Estabelecendo rede de apoio. Samila Batistoni

Atividades guiadas
1. Canto e instrumental, músicas preferidas dos anos 70 e 80 – Lili Yoshimoto
2. “Retalhos de Esperança”: conhecer o movimento que coloca as habilidades manuais e a oportunidade do encontro, à serviço de pessoas em situação de refúgio e vulneráveis, tecendo fios de esperança. O grupo vai confeccionar peças. Até 20 pessoas. – Tânia de Medeiros Wutzki. Conheça o perfil no instagram.
3. Atividade física, jogos e lazer grupos de interesse (artesanato, patchwork, experiências de leitura etc).
15:00Intervalo | Cafezinho
15:30Workshops, atividades guiadas ou tempo livre
>>> Vamos repetir aqueles para os quais houver demanda
18:00Jantar
19:00Louvor e Adoração
19:30Palestras
– Novas oportunidades de trabalho – Robert Koo
– Segunda carreira – o que é?
– Desafios e alegrias na aprendizagem e no exercício da segunda carreira – Volney Faustini
20:30. Testemunhos práticos de segunda carreira
21:00Chá | Descanso
HORÁRIOAtividades
07:00Café da Manhã
08:00Comunhão e Relacionamento / Caminhada em volta do lago
08:30Louvor e Oração
09:00Devocional
Florescer e frutificar – Vida abundante para os 60+ – Dora Bomilcar
09:30Palestra
Novas maneiras de cuidar de si mesmo – Pr. Gilton Medeiros
10:00Intervalo | Cafezinho
10:30Apresentação dos grupos de interesse
– Integração igreja e 60+
– Segunda carreira
– Autocuidado e serviço
11:00Divisão em grupos por tema de interesse – próximos passos
Volta ao plenário
12:00Celebração da Ceia e despedida
12:30Almoço

SERVIÇO:

4º Encontro Nacional MC 60+

É tempo de colher, mas ainda é tempo de plantar

Quando: 23 a 25 de setembro de 2024

Onde: Estância Árvore da Vida, em Sumaré, SP

Para inscrever-se, clique aqui.

“Velho é trapo!”

Por Sandra Regina Schewinsky

Quando eu era criança uma amiga de minha mãe tomava café da tarde lá em casa todos os dias. Era a Dona Ângela, uma italiana com mais de 70 anos, animada e amorosa. Tínhamos um ritual, eu abria a porta e dizia: “Oi véia!”.E ela sempre respondia: “Velho é trapo!”. E eu replicava: “Oi trapo!”.

Ríamos muito da singela brincadeira, que de forma alguma significava uma afronta ou desrespeito.

Agora, mais de cinquenta anos depois, como estamos em relação ao nosso envelhecimento? Levamos o envelhecer com bom humor?

O número de idosos subiu em 57,4% em doze anos, o que significa melhora de qualidade de vida em vários aspectos, mas… nem tudo são flores.

Atuo como psicóloga e neuropsicóloga e vejo uma grande dificuldade de as pessoas com mais de sessenta anos aceitarem tranquilamente a arte do embranquecimento! O número de procedimentos estéticos no Brasil cresceu 390% e, alguns podem colocar a saúde da pessoa em risco.

Ao dar um “Google” na palavra “velho”: “passado, ultrapassado, gasto, superado”. Já a definição de “idoso”, de acordo com a lei, “é considerada pessoa idosa o cidadão com idade igual ou superior a 60 anos”. Entre os direitos garantidos, por exemplo, estão a gratuidade de medicamentos e transporte público – além de medidas que visam a proteger e dar prioridades às pessoas idosas.

Qual a diferença entre jovem e jovial? “Jovem: aquele que tem pouca idade, que ainda não alcançou todo o seu desenvolvimento”. Enquanto “jovial” é que tem e manifesta alegria; que gosta de divertir-se; alegre, contente e leve.

Impossível querer parar o tempo, perigoso não reconhecer as mudanças no corpo e os cuidados que ele requer.

Baixa autoestima, doenças, negação da idade, aposentadoria, queda financeira e isolamento são armadilhas cruéis.

Os idosos são considerados o grupo populacional de maior risco para o suicídio em todo o mundo. Apesar disso, esse fenômeno ainda recebe pouca atenção das autoridades da área de saúde pública, de pesquisadores e da mídia.

Temos o massacre midiático em relação a beleza e juventude que escraviza e traz vazio interior. A maior causa do suicídio é a depressão não tratada, que pode ser causada por perdas, lutos, dores, não querer depender, o medo de atrapalhar os outros e sensação de que se perdeu na vida.

Na minha opinião envelhecer bem não é necessariamente manter a beleza do corpo, mas sim da alma, que pode ser alimentada pelos vínculos afetivos, por investimento na qualidade dos relacionamentos, pelos amigos, sinceridade com os familiares e principalmente pela disposição de ser sempre jovial no sentido lato do termo.

Porque senão, como diria a Dona Ângela: Velho é trapo mesmo!

Sandra Regina Schewinsky é psicológa pelo PUC-SP, mestre em psicologia do desenvolvimento pela Universidade São Marcos, doutora em psicologia social pela PUC-SP, especialista em psicologia hospitalar pelo CFP. Trabalhou como psicóloga no Hospital das Clínicas de São Paulo de 1988 a 2022 e como neuropsicóloga no Hospital Sírio Libanês desde 2008. É professora em vários cursos e escritora. @schewinskysandraregina.

Crédito da imagem: Pixabay.

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Tenho dons

Por Wilfried Korber

Quando o apóstolo Paulo fala em dons, relaciona os dons do Espírito Santo. A explicação que ele dá em 1 Coríntios 12.4-11 é a seguinte:

“Ora, os dons são diversos, mas o Espírito é o mesmo. E também há diversidade nos serviços, mas o Senhor é o mesmo. E há diversidade nas realizações, mas o mesmo Deus é que opera tudo em todos. A manifestação do Espírito é concedida a cada um visando um fim proveitoso. Porque a um é dada, mediante o Espírito, a palavra de sabedoria; e a outro, segundo o mesmo Espírito, a palavra do conhecimento; a outro, no mesmo Espírito, a fé; e a outro no mesmo Espírito, dons de curar; a outro, operações de milagres; a outro, profecia; a outro discernimento de Espíritos; a um, variedade de línguas; e a outro, capacidade para interpreta-las. Mas um só e o mesmo Espírito realiza todas essas coisas, distribuindo-as como lhe apraz, a cada um, individualmente.”

É extraordinária a clareza da informação de Paulo. Pena é que não vemos mais hoje alguns desses dons em ação. A igreja precisa reagir e buscar uma renovação para que o padrão original seja reconquistado. Tudo isso se refere aos dons espirituais. Além desses, existem outros dons que são concedidos e devem ser usados para glória de Deus.

Aqui quero lembrar o que Jesus ensinava em Mateus 25.14 e próximos. O texto diz: “Pois será como um homem que, ausentando-se do país, chamou os seus servos e lhes confiou os bens”.

Acho que conhecemos bem os detalhes dessa parábola. Aqui não se fala de dons espirituais, ou eventualmente, sim, mas das habilidades que todos nós temos para usá-los no desenvolvimento do reino de Deus. Além do talento recebido pelos pregadores para anunciarem o Evangelho, está a capacidade musical, que é diversa e de grande importância no culto a Deus. Temos também aqueles que são profissionais técnicos, com habilidades médicas, ou os dentistas, por exemplo. Eles são requisitados pelas missões que trabalham em lugares remotos, e onde o povo sofre com a falta de tudo. Temos as organizações missionárias que voam a lugares inacessíveis com seus aviões e helicópteros, levando auxílio e trazendo doentes, etc. Esses pilotos receberam talentos e os utilizam na distribuição de auxílio humanitário e necessário. Existem carpinteiros que constroem capelas e mecânicos que consertam veículos utilizados nas missões. Muitas vezes esses serviços são feitos voluntariamente, sem remuneração. A lista de serviços necessários é interminável.

Todos nós temos dons que podem ser úteis no reino de Deus; não esquecendo os redatores e editores, os que produzem revistas, folhetos e Bíblias. Meus leitores, muitas vezes do grupo 60+, às vezes acham que suas tarefas já foram cumpridas. Será? Máquinas paradas, enferrujam. Articulações com pouco movimento, calcificam. Mente vazia se torna oficina do mal. Quero lembrar das orações intercessórias, ou uma voz consoladora ou encorajadora. Todos, todos nós temos condições de fazer alguma coisa para o desenvolvimento do reino de Deus, no qual nosso Mestre é o Rei.

Wilfried Körber nasceu em Göttingen na Alemanha em 1931 e vive no Brasil desde 1937. Converteu-se aos 16 anos na então Igreja Alemã Batista Zoar, frequentada por sua mãe. Membro fundador da Igreja Batista Filadélfia de São Paulo, envolveu-se com o trabalho de evangelização de crianças e missões, com sua esposa Gisela, de saudosa memória. Há mais de uma década escreve textos para o devocionário Presente Diário. Atualmente vive em Sorocaba, SP. @lampadaparaosmeuspes_.