Encontrando paz e plenitude na velhice

É possível acumular idade sem ficar velho, mantendo o coração sempre jovem, e envelhecer com graça

Por Viviane Lemos Silva Fernandes

Resenha

Partindo da premissa de que a espiritualidade tem um papel vitalmente importante na saúde mental das pessoas idosas e de que a fé cristã, na dependência da graça de Deus, é crucial para capacitar a pessoa idosa no enfrentamento das circunstâncias que não podem ser alteradas, no livro Velhice com Graça, Wilson Nunes oferece uma série de doze lições solidamente baseadas na Bíblia Sagrada que, admiravelmente, abrem as portas para lidarmos com as mais significativas preocupações das pessoas idosas.

O lançamento é obra de especial interesse para pastores, capelães, líderes de ministério com idosos, famílias e, principalmente, para os próprios idosos que se beneficiarão com a ajuda deste importante recurso. Nesta obra, o autor desenvolve e discute os seguintes tópicos:

Ninguém é velho demais para ser amado
Ninguém é velho demais para crescer
Ninguém é velho demais para mudar
Envelhecendo mas não ficando velho
Que tal aposentar a aposentadoria
Um velho constrói uma grande arca
Nosso chamado para servir
Usando os nossos dons
Resistindo firmes às perdas
Velhice e depressão
Mantendo a perspectiva celestial
Terminando bem

A obra não polemiza doutrinas secundárias, tendo, portanto, um apelo especial para os cristãos de todas as denominações cristãs. Ademais, o e-book vem acompanhado de doze vídeos introdutórios trazendo dicas para o desenvolvimento das lições e questões para reflexão e aprofundamento dos temas. É obra valiosa tanto para o estudo individual quanto para grupos pequenos e pode facilmente ser aplicada em diferentes ambientes educacionais. As lições são bem compreensivas e claras. É literatura perfeita para ser desenvolvida em igrejas (classes de Escola Bíblica Dominical e grupos de idosos), centros-dia, classes de universidade aberta, clínicas geriátricas e instituições de longa permanência.

Recomendo esta obra, não apenas por sua eficácia em extrair do texto bíblico temas vitais sobre o envelhecimento, mas também por sua relevância ligada à possibilidade de preencher uma lacuna na educação cristã que infelizmente ignora completamente os anos da velhice. Os projetos educacionais cristãos têm sido usualmente focalizados nas crianças e nos adultos que ainda trabalham e são ativos. Como resultado muitos idosos se sentem excluídos. Com efeito, vale considerar que, devido às constantes mudanças que a modernidade tem trazido, torna-se necessário desenvolver com as pessoas mais maduras um processo contínuo de educação, capacitando-as a enfrentarem os desafios colocados pela vida no período da velhice. Para isso, não basta uma simples adaptação da educação cristã. O educador cristão tem que ter consciência de que esta é uma faixa etária com necessidades e interesses distintos que exige um currículo educacional distinto. Há que se desenvolver um ensino cristão que corresponda à realidade vivida pelas pessoas idosas de hoje. Desta perspectiva, esta obra se torna uma relevante contribuição para uma nova didática na educação cristã, a geriagogia.

Viviane Lemos Silva Fernandes. Doutora em Ciências e Tecnologias em Saúde pela UnB. Membro titulada Especialista em Gerontologia da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia. Coordenadora do projeto Universidade aberta a Pessoa Idosa – UniAPI da UniEvangélica

Sobre o autor de Viver com Graça:

Wilson Nunes é ministro em júbilo pela Igreja Cristã Evangélica do Brasil, mestre em gerontologia pela Universidade Católica de Brasília e nos últimos 18 anos esteve envolvido em servir e ministrar a pessoas idosas. Há 10 anos é professor na Universidade Evangélica de Goiás, Unievangélica.

Para mais informações sobre o livro, escreva para o e-mail nunesw042@gmail.com.

Imagem: Unsplash.

Leia mais:

60+ também fazem missão?, Notícia

Oportunidades na medida, por Barbara H. Burns

60+ também fazem missão?

Oficina no Congresso Brasileiro de Missões celebra iniciativas e encoraja iniciativas com os 60+

Por Ariane Gomes

Na última terça-feira, 7 de outubro de 2025, Ultimato participou da oficina “os 60+ em missão” promovida pelo Movimento Cristão 60+ no 10º Congresso Brasileiro de Missões (CBM)

O Movimento Cristão 60+ começou a ser organizado há pouco mais de 5 anos, já tem um site e um perfil no Instagram bastante ativos. Já realizou quatro encontros nacionais e dois regionais. Desde junho de 2025, o MC 60+ está organizado a partir de um grupo base e de três grupos de trabalho: gestão e relações públicas, comunicação e publicações e encontros.

É a primeira vez que o MC 60+ participa de um evento como o CBM para apresentar a história e o propósito do movimento e para refletir como os 60+ podem se envolver com a missão de Deus. Para surpresa dos mais de 100 participantes da oficina – que foi oferecida em dois horários para acomodar todos os interessados – aproximadamente 25% dos participantes dessa edição do CBM têm mais de 60 anos.

A oficina “Os 60+ em missão” foi conduzida por Verônica Farias, Daniel Yoshimoto e Stephen Kunihiro, que apresentaram dados da população com mais de 60 anos no Brasil – incluindo a informação que em 2030 o Brasil terá a quinta maior população idosa do mundo – refletiram sobre os 60+ como atores na missão de Deus e sobre novos papéis que esse grupo pode assumir na igreja – talvez, não como protagonistas, mas como mentores experientes.

Verônica, Daniel e Stephen também conversaram com os participantes sobre a importância de reconhecer as mudanças no comportamento social e a presença visível dos 60+ em diversas atividades – que anos atrás eram frequentadas apenas por jovens e adultos. A realidade cultural, social, familiar, nas áreas de cuidado e de saúde exige que não apenas a sociedade, mas que a também igreja pensem em como integrar os 60+ e, em especial, como encorajá-los a assumir posições de mentoria, a investir em uma segunda carreira ou a envolver-se ativamente com a missão de Deus no mundo em missões nacionais ou transculturais.

Alguns participantes contaram como antes mesmo de se aposentar planejaram se dedicar a uma segunda carreira. Outros compartilharam o envolvimento com a missão transcultural e com ministérios da igreja. Muitos expressaram o desejo de saber como iniciar um movimento entre os 60+ de sua igreja e/ou comunidade.

O MC 60+ ofereceu o QRcode ao lado para os interessados em saber mais e participar do grupo Amigos do MC 60+ para troca de experiências, materiais e recursos para encorajamento mútuo.

Leia mais:

>> Segunda carreira e missões, Adércio da Silva Corrêa
>> Novos papéis na igreja, Daniel Yoshimoto
>> Idosos como atores [e campo] da missão, Verônica Farias

2º Encontro Regional reúne cerca de 170 pessoas em Recife

Com o tema “Morrer jovem o mais velho possível”, o encontro aconteceu em parceria com o ministério Águias de Cristo

Por Elias e Mércia Bispo

O 2º Encontro Regional do Movimento Cristão 60+, realizado no dia 20 de setembro em Recife, PE, teve como tema inspirador: “Morrer jovem o mais velho possível”. O evento aconteceu nas dependências da Igreja Presbiteriana da Madalena, em parceria com o ministério de idosos Águias de Cristo, que atua há mais de três décadas.

Reunindo cerca de 170 irmãos em Cristo, oriundos da Região Metropolitana do Recife, do interior de Pernambuco, da Paraíba, do Rio Grande do Norte e do Tocantins, o encontro superou as expectativas iniciais de público – fruto da graça do Senhor, que tocou muitos corações. Participaram representantes de diversas tradições cristãs, promovendo um ambiente de comunhão e aprendizado.

Entre os palestrantes estiveram os pastores Robert Koo (Igreja dos Cristãos em São Paulo), Lutero Teixeira da Rocha (Primeira Igreja Presbiteriana do Recife), Mariano Júnior (Diretor do Instituto Bíblico do Norte), além do psicólogo clínico Ageu Heringer Lisboa. A mediação com o público foi conduzida pelos pastores Marcelo Ramos e David Gladson, ambos da Igreja Presbiteriana da Madalena.

Em consonância com os propósitos do MC 60+ – que visam valorizar e engajar os idosos na vida de fé e serviço — foram abordados temas relevantes como:

  • Desafios da pastoral do idoso ante o rápido envelhecimento da população
  • Envelhecimento: alegrias e constrangimentos
  • Levantem as mãos cansadas e fortaleçam os seus joelhos enfraquecidos
  • Como os cristãos podem atuar de forma colaborativa para evangelizar a população que está envelhecendo

Essas reflexões geraram debates enriquecedores e edificantes.

As palestras estão disponíveis no canal da Igreja Presbiteriana da Madalena no YouTube e podem ser acessadas por todos os interessados.

O evento foi planejado e executado por uma equipe multietária, sob a coordenação de Elias e Mércia Bispo, que já haviam participado de encontros anteriores do MC 60+. Seu envolvimento foi fundamental para o êxito do encontro e para o derramamento das bênçãos do Senhor.

Soli Deo Gloria.

Fotos: Mauro Gomes.

Leia mais:

>> Levantai as mãos descaídas e os joelhos vacilantes: perspectivas bíblicas de encorajamento para a vida após os 60, por Lutero Rocha

>> Amor, edificação, acolhimento – partes da comunhão, por Paulo Andrade

Amor, edificação, acolhimento – partes da comunhão

Relacionamentos na visão do apóstolo Paulo

Por Paulo Andrade

De forma geral, são estes os tópicos que se relacionam ao envelhecimento saudável:

  • Físico: alimentação, exercícios físicos, sono
  • Saúde mental e emocional
  • Relacionamentos
  • Espiritualidade
  • Trabalho voluntário

É consenso que relacionamentos são um dos aspectos mais importantes da vida cristã. E sobre este assunto, o apóstolo Paulo nos oferece importante conteúdo na Carta aos Romanos, a partir do capítulo 12.

Romanos é considerado o maior tratado teológico da Bíblia. A partir do capítulo 12, Paulo passa a falar de aspectos práticos de sua mensagem – assim é em todas as suas cartas – e várias vezes cita a expressão “uns dos outros” (Tradução Revista e Atualizada).

A seguir apresento uma análise sucinta de alguns versículos.

Somos um só corpo

“Assim também nós, conquanto muitos, somos um só corpo em Cristo e membros uns dos outros” (Rm 12.5).

Um corpo, um organismo, um corpo e vários membros. Se alguém não está ligado aos outros membros, pode ser inútil e até prejudicial. Exemplo de uma célula cancerosa (independente).

Não somos uma multidão independente uns dos outros, que só pensam em si. Somos muito mais que um clube, um Rotary, ou outra reunião qualquer que podemos frequentar: somos um corpo, o corpo de Cristo, que se reúne em Cristo. Corpo místico de Cristo. Místico, porque é mais que uma agenda, uma liturgia, um programa, mais que um planejamento estratégico. Mas, sim, a manifestação do Espírito Santo promovendo transformação de vidas, realizando uma verdadeira adoração a Deus.

Primeira característica da comunhão – amor

“Amai-vos cordialmente uns aos outros com amor fraternal, preferindo-vos em honra uns aos outros” (Rm 12.10)

A comunhão exige o amor, amor com ações práticas. Amor intencional – resolver amar. No verso acima, o verbo amar está no imperativo, significa uma ação nossa. Irmãos aponta para um relação fraternal, como irmão de sangue.

“Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se tiverdes amor uns aos outros” (Jo 13.35). Que tipo de amor? O de João 13.34: “Novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei”.

Há uma evolução no conceito do amor nas Escrituras: de “Olho por olho, dente por dente” para “Amar o próximo como a si mesmo”, amar assim como Jesus nos amou e deu sua vida por seus amigos, discípulos.

Segunda característica da comunhão – sem discriminação

“Amai-vos cordialmente uns aos outros com amor fraternal, preferindo-vos em honra uns aos outros” (Rm 12.10)

Amar cordialmente é agir sem discriminação – que não foi a atitude do fariseu com relação ao publicano (“Graças a Deus não sou como esse meu irmão”). Colocar o outro na frente. Não ter inveja, sem ressentimentos, desavenças. Fazer a mesma coisa que você quer que o outro faça para você.

“Nada façais por partidarismo ou vanglória, mas por humildade, considerando cada um os outros superiores a si mesmo. Não tenha cada um em vista o que é propriamente seu, senão também cada qual o que é dos outros. Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus” (Fp 2.3-4).

Preferir em honra significa que se for preciso escolher, você dará a honra a outro e não ficará com ela.

Terceira característica da comunhão – não julgar

“Não nos julguemos mais uns aos outros; pelo contrário, tomai o propósito de não pordes tropeço ou escândalo ao vosso irmão” (Rm 14.13).

Não somos juízes de nossos irmãos, e precisamos lembrar que seremos julgados pelo mesmo parâmetro que julgarmos. “Por que você repara no cisco que está no olho do seu irmão, mas não se dá conta da viga que está no seu próprio olho?” (Mt 7.3).

Quarta característica da comunhão – edificar uns aos outros

“Assim, pois, seguimos as coisas da paz e também as da edificação de uns para com os outros” (Rm 14.19)

Minha atitude, minha intenção para com meu irmão deve ser a de edificação do próximo. Efésios 4.29 demonstra uma forma de edificar: “Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe, e sim unicamente a que for boa para edificação, conforme a necessidade, e, assim, transmita graça aos que ouvem”.

A palavra torpe é malcheirosa, lembra cheiro de peixe podre. De acordo com o verso acima, nossa palavra é boa para a edificação, conforme a necessidade e transmite graça aos que ouvem.

Quinta característica da comunhão – acolher

“Portanto, acolhei-vos uns aos outros, como também Cristo nos acolheu para a glória de Deus” (Rm 15.7)

Precisamos acolher como fomos acolhidos. Acolher para a transformação (essa é a intenção) de todos, assim como nós precisamos ser acolhidos e sermos transformados.

Sexta característica da comunhão – acolhimento afetuoso

“Saudai-vos uns aos outros com ósculo santo. Todas as igrejas de Cristo vos saúdam” (Rm 16.16)

Devemos ser acolhedores. E, na prática, isso pode acontecer de diversas maneiras:

  • Um abraço – pode ser o único abraço que a pessoa vai receber na semana.
  • Um olhar – O olhar “olho no olho” demonstrando atenção.
  • Escuta atenciosa – Dizem que a definição de chato é aquela pessoa que quando você pergunta “Como vai?”, quer explicar, responder detalhes. Mas não é assim. Ouçamos uns aos outros.

Você deve estar pensando: “Isso tudo é impossível!”. Por nossas forças nunca conseguiremos e, nesse sentido, é impossível mesmo. Por mais que nos esforcemos, será falsa a nossa atitude.

E é por isso que o capítulo 12 de Romanos começa assim:

“Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.”

Relacionamentos amorosos, sem discriminação nem julgamento, com acolhimento sincero e edificação só acontecerão se apresentarmos os nossos corpos por sacrifício vivo santo e agradável a Deus e experimentarmos a transformação e renovação da nossa mente. Só assim experimentaremos a boa agradável e perfeita vontade de Deus. E também a comunhão.

Relacionamentos que edificam acontecem somente com uma intervenção do Espírito Santo convencendo cada um de nós que:

  • Sou terrivelmente pecador – meu próximo não é pior que eu, provavelmente eu sou pior que o meu próximo
  • Mereço o inferno
  • Que Jesus me salvou somente pela sua graça
  • Jesus, o Deus Filho, nasceu de uma virgem, viveu entre nós sem pecado, morreu terrivelmente numa cruz, levou todos os meus pecados naquela cruz
  • Agora posso tratar os meus irmãos como tudo que foi dito acima.
  • Posso tratar quem não é salvo com amor e essa pessoa possa ver o que Jesus fez na minha vida e chegue-se à salvação.

Isso é evangelho. Se eu viver o evangelho a todo o momento, vou irradiar o amor de Jesus aos outros.

Paulo Andrade é médico e pastor. Casado com Dora, é pai de três filhos e avô de três netos.

Imagem: Unsplash.

Leia mais:

>> Levantai as mãos descaídas e os joelhos vacilantes: perspectivas bíblicas de encorajamento para a vida após os 60, por Lutero Rocha

>> Uma igreja como a de Filipos, Thomas Hahn

Levantai as mãos descaídas e os joelhos vacilantes: perspectivas bíblicas de encorajamento para a vida após os 60

Ainda que as forças físicas diminuam, a fé pode ser renovada continuamente em Cristo

Por Lutero Rocha

Na sociedade contemporânea, a velhice costuma ser vista de forma negativa, associada à perda da força física, da saúde e até mesmo da relevância social. Essa visão, entretanto, contrasta com o ensino das Escrituras. A Bíblia revela que cada fase da vida possui um propósito diante de Deus, e que a maturidade pode ser um tempo de frutificação, de sabedoria transmitida e de confiança renovada na fidelidade divina. A exortação presente em Hebreus 12:12-13 – “Levantai as mãos descaídas e os joelhos vacilantes” – serve como ponto de partida para refletir sobre a relevância da vida cristã após os sessenta anos.

Em primeiro lugar, o Salmo 92.12-15 ensina que, mesmo na velhice, o justo continua frutificando espiritualmente. Essa frutificação não está relacionada apenas à força física, mas sobretudo à vida de oração, aconselhamento e testemunho. O idoso em Cristo não está em fase de estagnação, mas de contribuição madura para a comunidade de fé.

Por outro lado, o Salmo 42.5 e 11 mostra que a vida também traz momentos de abatimento e solidão. Nesses momentos, o salmista ensina a pregar à própria alma: “Espera em Deus, pois ainda o louvarei”. Esse convite ao diálogo interior convida os cristãos mais velhos a colocarem sua esperança no Senhor mesmo diante das fragilidades e das perdas.

A carta aos Hebreus, especialmente no capítulo 12, compara a vida cristã a uma corrida de perseverança. A exortação “levantai as mãos descaídas e os joelhos vacilantes” é dirigida a crentes cansados e perseguidos. Para os idosos, essa mensagem aponta que, ainda que as forças físicas diminuam, a fé pode ser renovada continuamente em Cristo, fortalecendo não apenas a si mesmos, mas também os mais jovens que acompanham seu exemplo de perseverança.

Outro aspecto fundamental é destacado em Tito 2.2-5, onde Paulo instrui os mais velhos a viverem de maneira sóbria e a ensinarem os mais jovens. Assim, a maturidade cristã é vista como oportunidade de discipulado e transmissão de fé. A velhice, portanto, não significa aposentadoria espiritual, mas ministério ativo de aconselhamento e exemplo.

Por fim, Isaías 46.3-4 apresenta a promessa do cuidado divino até a velhice: “Até às cãs eu vos carregarei”. Diferente dos ídolos que precisam ser sustentados, o Deus vivo sustenta o seu povo do início ao fim da vida. Essa certeza traz conforto e segurança aos que envelhecem na fé, pois o Senhor permanece fiel em todas as fases da jornada.

A Bíblia revela que a velhice não deve ser marcada pela perda, mas pela oportunidade de frutificação, perseverança e confiança no cuidado divino. Os textos analisados – Salmo 92, Salmo 42, Hebreus 12, Tito 2 e Isaías 46 – demonstram que a vida após os sessenta anos continua sendo instrumento de bênção, tanto para o próprio idoso quanto para a comunidade cristã. Dessa forma, os cristãos 60+ são chamados a viver com esperança renovada, conscientes de que Deus ainda tem propósito para sua vida. O maior impacto da velhice não está na força física, mas no poder do Espírito Santo que sustenta, renova e usa seus filhos para a glória do Senhor.

Em Cristo Jesus.

Lutero Rocha

RESUMO

A partir de Hebreus 12:12-13, o texto reflete sobre a velhice como tempo de frutificação espiritual, perseverança e esperança renovada. Em contraste com a visão negativa da sociedade, as Escrituras apresentam a maturidade como oportunidade de testemunho e ensino. Salmos 92 e 42, Hebreus 12, Tito 2 e Isaías 46 confirmam que Deus sustenta e usa seus filhos em todas as fases da vida.

Palavras-chave: Velhice. Frutificação espiritual. Perseverança. Esperança. Fidelidade de Deus.

Lutero Rocha, casado com Laurete e pai de Paulo, é pastor auxiliar da Primeira Igreja Presbiteriana do Recife.

Artigo escrito a partir da palestra feita no 2 Encontro Regional do MC60+, em Recife, em 20 de setembro de 2025. Assista no YouTube.

Imagem: Unsplash.

Leia mais:

>> Envelhecimento, deserto e oásis, por Tânia Wutzki

>> A visão bíblica sobre a velhice, por Erni Seibert

Mentor de aposentadoria: um novo tipo de mentor

Ter um mentor quando sua vida está “entre” o que era e o que Deus tem a seguir para você é um presente

Por Hilda R. Davis

Mesmo na velhice darão fruto, permanecerão viçosos e verdejantes, para proclamar que o SENHOR é justo. Ele é a minha Rocha; nele não há injustiça. (Salmo 92.14-15)

O que Jetro, Noemi, Paulo e Jesus têm em comum? Eles eram todos mentores.

Jetro, sogro do patriarca Moisés, deu conselhos: “Agora ouça o meu conselho. E que Deus esteja com você” (Êx 18.19). O conselho de Jetro transformou a vida de Moisés de um trabalhador improdutivo ouvindo petições de manhã à noite, para a vida de um líder produtivo que lidava apenas com casos selecionados. Noemi orientou Rute, sua nora, uma mulher moabita, educando-a sobre os costumes do povo de Noemi na terra de Judá, bem como aconselhando-a sobre seu futuro: “Um dia, Noemi, sogra de Rute, disse-lhe: ‘Minha filha, tenho que procurar um lar seguro, para a sua felicidade'” (Rt 3.1). O apóstolo Paulo orientou Timóteo, permitindo que se juntasse a ele em suas jornadas (At 16.3). E o mentor mais impactante foi Jesus, que passou os três anos de seu ministério orientando seus doze discípulos até sua morte. As Escrituras oferecem mais exemplos de mentores. Deus leva a mentoria a sério.

Deus leva a mentoria a sério

A mentoria não é apenas essencial em nossas vidas espirituais, mas há uma enorme quantidade de informações sobre mentoria para todos os demais aspectos: como ser um, como encontrar um ou o que faz um bom mentor, que, de acordo com Oprah Winfrey, é “alguém que permite que você veja a esperança dentro de si mesmo”. O mentor que oferece esperança e incentiva o crescimento pessoal é um benefício em qualquer fase de vida. No entanto, ter um mentor quando sua vida está “entre” o que era e o que Deus tem a seguir para você é um presente.

Mentores de aposentadoria

Considere a ideia de se conectar a um “mentor de aposentadoria” que pode influenciar seus próximos passos e encorajá-lo a florescer e dar frutos à medida que envelhece. Essa ideia surgiu de um grupo de discussão que eu facilitei como parte do programa “Third Third Initiative” (Iniciativa para o Terceiro Terço da Vida) do De Pree Center. O Dr. Mark Roberts (cujos comentários aparecerão mais para a frente) é a força por trás dessa iniciativa inovadora para pessoas que estão comprometidas em viver como Deus deseja para as suas vidas após os 55 anos de idade.

Em uma das sessões interativas, fomos convidados a refletir sobre quem foram os nossos mentores e quando fomos mentores de outras pessoas. À medida que os participantes do grupo compartilhavam suas experiências de mentoria, eles começaram a incluir pessoas aposentadas que fizeram uma diferença nas suas vidas. A ideia de um “mentor de aposentadoria” (MA) surgiu dessa conversa.

Então a ideia de um MA começou a germinar em mim. Eu pensei: “Por que não me conecto com alguém próximo à minha idade que está criando uma aposentadoria que lhe permite viver com propósito?” Eu me perguntei como um MA seria diferente dos mentores da minha vida corporativa ou de um conselheiro espiritual.

Eu fiz uma pequena lista de quatro coisas que me vieram à mente sobre um MA:

1. Nós já temos mentores de aposentadoria em nossas vidas.

2. Podemos encontrar mentores de aposentadoria virtualmente: em livros, podcasts, online.

3. Um mentor de aposentadoria pode ser um encontro único ou um compromisso vitalício.

4. Podemos ser mentores de aposentadoria vivendo nossas vidas autenticamente, compartilhando nossas histórias ou validando a jornada de aposentadoria de outra pessoa.

Mentores de aposentadoria na minha vida

Pedi a três pessoas que admiro que contassem suas histórias sobre a aposentadoria. Eu encorajo você a conversar com pessoas em sua vida cuja abordagem da aposentadoria lhe traz alegria ou esperança, ou cujas vidas são fascinantes. Apenas fique curioso e pergunte. (Isso não significa que você não possa perguntar a um estranho. Considere isso como parte de sua aventura de aposentadoria para aprender como outros estão definindo esta parte importante de suas vidas.)

A história de Sharon

O título deste artigo vem em parte da minha amiga de mais de trinta anos, Sharon Sommerville. Sharon se aposentou de sua profissão como terapeuta ocupacional depois de mais de trinta anos. Ela fortaleceu adultos mais velhos e crianças por meio de suas habilidades como terapeuta ocupacional. Quando pedi a ela para escrever algumas palavras sobre sua aposentadoria, ela escreveu o seguinte:

“Cerca de seis meses depois de me aposentar, percebi o quanto não sabia sobre ‘aposentadoria’. Eu sabia que queria me manter ativa fisicamente, passar tempo com a família e amigos, viajar. Eu pensei que teria uma epifania onde eu decidiria como eu continuaria utilizando meus talentos de voluntário para beneficiar os outros.

Agora vejo a aposentadoria como uma fase fluida no meu ciclo de vida que provavelmente envolverá vários objetivos e interesses diferentes. É minha oração que esta fase da minha vida seja “um pouco longa” – o que quer que isso signifique.

Percebo agora que ainda dou valor a mudanças, espontaneidade e crescimento – e não consigo me ver fazendo sempre as mesmas coisas mesmo nos próximos 5 a 10 anos. Eu ainda estou me lembrando de que é tudo bem não ter um plano”.

Sharon disse que “mudança, espontaneidade e crescimento” são seus valores fundamentais para a aposentadoria. Pense em quais você incluiria na sua lista. Para mim esses estão bons.

A história do Victor

Conheci o Dr. Victor Anderson quando ele era meu professor de ética na Vanderbilt Divinity School há cerca de trinta anos. Ele está planejando se aposentar em três anos, e quando eu digo planejamento, quero dizer que isso é um de seus valores fundamentais. Perguntando sobre seus planos de aposentadoria, ele nos deu a chance de por em dia os detalhes das nossas vidas. Essa é uma outra vantagem de entrar em contato com as pessoas que você conhece para perguntar sobre a sua aposentadoria. Você se conecta e aprofunda relacionamentos. Victor disse:

“Aposentadoria não é o mesmo que ser demitido ou quando algo inesperado acontece. É algo sobre o qual tenho controle. Estou ansioso para me aposentar. Eu fiz um investimento nisso e não é o fim de um caminho, mas é uma transição para outras coisas. Planejamos a aposentadoria, mas não o que acontece após a aposentadoria”.

Mas, Victor fez planos para a aposentadoria e compartilhou três pontos desse plano:

1. Finanças pessoais: Quitar a hipoteca e manter dívidas pequenas.

2. Realização pessoal: Atualmente ele está inscrito em um programa de certificação online em edição de texto na Universidade de Nova York e quer obter credenciais para trabalhar como freelancer em editoras acadêmicas.

3. Continuar a ser fiel: “Nāo importa a nossa idade, ainda podemos fazer o bem!”

Se planejamento é o seu estilo, qual é o seu plano para depois da aposentadoria?

A história de Mark

O Dr. Mark Roberts tornou-se um amigo desde que me convidou para escrever para o Third Third Initiative três anos atrás. Ele escreve sobre como ser um mentor e sobre mentoria. Então, eu estava curiosa para saber quem seria o seu mentor de aposentadoria. Sem qualquer hesitação, ele nomeou seu avô. Mark escreve:

“Ao pensar nas pessoas que me ensinaram a florescer na aposentadoria, a primeira pessoa que me vem à mente é meu avô. Donald Williams, a quem chamo “Poppy.” Ele se aposentou após trabalhar quarenta anos como engenheiro civil para uma construtora. Quando ele se aposentou, Poppy finalmente achou tempo para seus hobbies, que eram a sua oficina ou seu jardim. Ele também compartilhou sua experiência em engenharia com instituições de caridade. Uma vez ele me disse: ‘Estou trabalhando tanto na aposentadoria quanto antes, só que agora eu não estou sendo pago’. Mas ele não estava reclamando, ele adorava fazer diferença, o que pode ajudar a explicar porque ele floresceu até a idade de 89 anos.

Poppy priorizou relacionamentos, especialmente seu relacionamento comigo. Ele era realmente o meu melhor amigo enquanto crescia. Tenho certeza de que Poppy não estava ciente de pesquisas mostrando que bons relacionamentos são o fator mais importante no florescimento na terceira idade. Mas ele e eu nos beneficiamos da nossa amizade de 35 anos. Quando eu começo a explorar o novo mundo de ‘aposentadoria’, quero ser como Poppy. Eu quero viver com propósito, criando com alegria, aprendendo continuamente, servindo consistentemente e com amor conectando-me com as pessoas que amo.

Mentores de aposentadoria virtuais

Aqui estão dois livros que considero como mentores de aposentadoria. Meu favorito é o livro de Hyrum Smith, Aposentadoria Com Propósito: Como trazer Felicidade e Significado para a sua Aposentadoria (Purposeful Retirement: How to Bring Happiness and Meaning to Your Retirement). Ele tem um capítulo sobre mentores e mentoria.

“Não se aposente! Junte-se a mim para fazer outra coisa. Se você estiver pronto para criar uma aposentadoria com propósito, leia este livro. Faça planos hoje. Porque ainda não terminamos e definitivamente ainda não estamos mortos!”

“Religar é redirecionar a energia pessoal que você gastou no trabalho em tempo integral para o trabalho em atividades… que podem transformar seu próximo ato no momento mais gratificante de sua vida” (Não se aposente: Redirecione! 5 passos para ter o trabalho que aquece seu coração, onde você é você mesmo e ainda pode encher o seu bolso)1.

Hilda R. Davis é fundadora da Creative Wellness.

Nota:

1. Don’t Retire: Rewire! 5 Steps to Fulfilling Work That Fuels Your Passions, Suits Your Personality, and Fills Your Pocket, Jeri Sedlar e Rick Miners. Jeri Sedlar.

Tradução: James Chen

Imagem: Unsplash

Tradução de “Retirement Mentor: A New Type of Mentor” por Hilda R. Davis, com permissão da Max DePree Center for Leadership, www.depree.org.

Leia mais:

Lutar pelos sonhos é possível após os 60. Sempre pela bondade do Senhor, por Xênia Marques Lança de Q. Casséte

Aposentar não é deixar de ser produtivo, por Robert Liang Koo

Movimento Cristão 60+ faz a sua primeira reunião de oração online

“Senhor, que o MC60+ seja um canal que desperte para esperança, consolo e alegria nas igrejas”

Por equipe Ultimato

No primeiro dia de setembro, às 8 horas da manhã, 24 pessoas se reuniram online para orar pelo MC60+ (Movimento Cristão 60 Mais).

O pastor Paulo Andrade, integrante do grupo base do Movimento, nos dirigiu numa breve devocional com o tema “Relacionamentos a partir do apóstolo Paulo” e, em seguida, sob a coordenação de Dora Bomilcar, foram feitas orações sobre diversos assuntos. 

Foram feitas orações por motivos pessoais conforme solicitação dos presentes e por motivos relacionados ao MC60+. Um dos motivos foi a gratidão pelo fato de o 2º Encontro Regional em Recife ter alcançado o número máximo de inscritos. 

Hoje, 10 dias depois desta primeira reunião de oração, o grupo formalizou uma lista de oração abrangente com 18 tópicos, alguns deles que demandam oração contínua. Destacam-se aqui alguns desses motivos, que deixam claros os propósitos do MC60+, que serão alcançados apenas com a graça de Deus: “que seja um canal que desperte para esperança, consolo e alegria nas igrejas; que as igrejas despertem para uma visão bíblica de valorização da terceira idade e, com isto, os cultos e programações atentem para os 60+; que os idosos tenham oportunidades de servir com seus dons e experiências; que o Movimento 60+ seja um testemunho vivo de fé e perseverança diante das novas gerações”.

Pedidos de Oração pelo Movimento Cristão 60+

1. Agradecimento pelas vidas de todos aqueles alcançados com os encontros. Pela existência do Movimento 60+. Agradecimento pela Editora Ultimato que teve um olhar amoroso para os cristãos com mais de 60 anos;

2. Que Deus renove as forças físicas, emocionais e espirituais de cada idoso envolvido;

3. Por sabedoria e direção do Espírito Santo para o Grupo Base de 12 pessoas e para a Coordenação com 3 integrantes;

4. Que os líderes tenham unidade de propósito e amor fraternal em suas decisões. Que o Senhor derrame ânimo para continuar esta obra;

5. Que o Movimento seja um canal que desperte esperança, consolo e alegria nas igrejas;

6. Pela multiplicação de líderes e voluntários comprometidos com a divulgação e importância da igreja em acolher os 60+;

7. Que as igrejas despertem para uma visão bíblica de valorização da terceira idade. E com isto os cultos e programações atentem para os 60+;

8. Que os idosos tenham oportunidades de servir com seus dons e experiências fazendo um trabalho voluntário transcultural em comunidades carentes;

9. Pela saúde física e emocional dos líderes e dos 60+;

10. Para que o Movimento 60+ seja um testemunho vivo de fé e perseverança diante das novas gerações;

11. Pela expansão do movimento em mais igrejas e regiões do Brasil;

12. Para que cada encontro, retiro e atividade sejam marcados pela presença de Deus;

13. Que os idosos experimentem amizades saudáveis e comunhão verdadeira. Que levem e divulguem os pilares do envelhecimento saudável dentro de suas comunidades de fé;

14. Que o Senhor permita que haja recursos financeiros e logísticos suficientes para sustentar o MC60+;

15. Que a Palavra de Deus seja a base e inspiração de todo o movimento. Que a oração permeie a vida de todos aqueles que fazem parte do MC60;

16. Pelo Encontro Regional em Recife, dia 20/09. Que haja um despertar para o Senhor e a lembrança que ainda é tempo de servir em todo o estado. Que haja cuidado mútuo neste encontro;

17. Pelo Congresso Brasileiro de Missões, a ser realizado entre 5 e 10 de outubro, no qual o MC60+ ministrará a oficina “Os 60+ em missão”. Louvamos a Deus por essa oportunidade e pedimos que o Senhor dê a Daniel Yoshimoto, Verônica Farias e Stephen Kunihiro boa comunicação, ânimo , profundidade e alegria em apresentar o movimento;

18. Pela organização dos Grupos de Trabalho para que a carga seja dividida entre mais irmãos.

O Movimento Cristão 60+ nasceu no coração de um grupo de amigos nesta fase de idade com o objetivo de despertar as igrejas para esta realidade e, ao mesmo tempo, para encorajar os 60+ a não se aposentarem da carreira cristã, ao autocuidado e a servirem à igreja com seus dons, experiências e rede de contatos.

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Vem aí o 2º Encontro Regional do Movimento Cristão 60+

Entra na minha casa

Eis que estou à porta e bato, se alguém ouvir minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele, e ele comigo. Apocalipse (3:20)

Por Wilfried Körber

Estas palavras vieram à minha mente hoje cedo. Logo a seguir me lembrei de dois textos bíblicos que falam sobre o assunto. O primeiro está na história de Zaqueu. Ele não disse essas palavras, mas Jesus lhe disse: “…me convém ficar hoje em tua casa…”, e Zaqueu o recebeu com alegria (Lucas 19:5 e 6).

A outra passagem encontramos em Apocalipse 3:20, que diz: “Eis que estou à porta e bato, se alguém ouvir minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele, e ele, comigo.

Nos dois casos eu vejo que houve alegria em ambos personagens. Nas casas do visitados e no visitante.

Então, meus queridos irmãos, se quiserem viver alegres, permitam que Jesus sempre esteja em suas casas. Isto significa, em sua vida, onde você mora, onde trabalha, andando na rua, visitando algum doente, ou em qualquer outra atividade que Jesus mencionou em Mateus 25, a partir do verso 34. Não se lembra do que está escrito lá? Então abra sua Bíblia e leia.

Outro texto diz que a alegria do Senhor é a nossa força (Neemias 8:10). Assim como o Espírito do Senhor atua dentro de nós, é necessário que o Senhor Jesus seja nosso hóspede, para que nossa alegria seja completa. Isso entendemos quando lemos em 1 João 1:3-4, juntando partes desses dois versículos, que dizem: “…a nossa comunhão é com o Pai e com seu Filho, Jesus Cristo… para que a nossa alegria seja completa. Pronto, o título desse texto também poderia ser: “Alegria completa.” É isso que desejo a todos nós, e posso dizer com certeza que esse também é o desejo de nosso Deus. Se quiser, invente ainda outros títulos para o nosso assunto. Será prazeroso.

Wilfried Körber nasceu em Göttingen na Alemanha em 1931 e vive no Brasil desde 1937. Converteu-se aos 16 anos na então Igreja Alemã Batista Zoar, frequentada por sua mãe. Membro fundador da Igreja Batista Filadélfia de São Paulo, envolveu-se com o trabalho de evangelização de crianças e missões, com sua esposa Gisela, de saudosa memória. Há mais de uma década escreve textos para o devocionário Presente Diário. Atualmente vive em Sorocaba, SP. @lampadaparaosmeuspes_.

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Um bom comportamento, por Wilfried Körber

Andando com Deus, por Wilfried Körber

Envelhecimento, deserto e oásis

Firmados em Deus temos sentido de vida e podemos ser oásis para outros caminhantes

Por Tânia de Medeiros Wutzki

A médica geriatra Ana Claudia Quintana Arantes usa a metáfora do deserto para descrever o envelhecer. Se não morrermos antes, todos passaremos por momentos de vulnerabilidade, exaustão e solidão, a viagem pelo deserto é para os vivos (todos eles). Mas ela continua nesta metáfora, dizendo que a viagem pode ser menos difícil se nos prepararmos para ela, criando antecipadamente e intencionalmente nosso oásis. Os oásis representam a oportunidade de encontrar esperança, refúgio, bem-estar e sentido na velhice.

Refletindo sobre deserto e oásis, busquei na narrativa bíblica algumas situações em que eles aparecem. A primeira lembrança é a travessia do  povo hebreu pelo deserto rumo à terra prometida, e as inúmeras vezes em que Deus providenciou “oásis” para eles, como sinal de sua misericórdia, cuidado e presença, como quando o povo chega a Elim onde havia doze fontes de água e setenta palmeiras (provavelmente, tamareiras) (Êx 15.27). Em Isaías 48.17,18, Deus promete aos pobres e sedentos que abrirá rios nas colinas estéreis e fontes no vale, transformando o deserto em lago e mananciais. É evidente que estes textos se aplicam hoje aos seguidores de Jesus, e cada um de nós pode contar e lembrar as vezes em que, pela providência divina, encontrou oásis em meio aos desertos.

Mas, e a relação entre deserto e envelhecimento e os oásis?

Quando um caminhante avista palmeiras no deserto, ele sabe que elas indicam que naquele local há fonte de água, um oásis. 

O Salmo 92.12 a 14 (texto bíblico escolhido pelo Movimento Cristão 60+) diz que “Os justos florescerão como a palmeira, crescerão como o cedro do Líbano; plantados na casa do Senhor, florescerão nos átrios do nosso Deus. Mesmo na velhice darão fruto, permanecerão viçosos e verdejantes, para proclamar que o Senhor é justo. Ele é a minha Rocha; nele não há injustiça”. Ele nos indica que estar plantado na casa do Senhor, tê-lo como fonte, é estar em um oásis. Por estarmos firmados nele, temos viço e energia, seguimos dando frutos, temos propósito/sentido de vida que é proclamar que ele é justo. Podemos ser oásis para outros caminhantes do deserto.

Crescer como o cedro do Líbano indica que na velhice o justo apresenta estabilidade por ter raízes profundas no seu relacionamento com Deus, força e resistência diante das adversidades.

No “Projeto Oásis”, a dra. Ana Claudia Quintana oferece algumas dicas de como envelhecer com dignidade, saúde e leveza (mesmo no deserto):

  • Viver uma velhice com sentido e dignidade;
  • Fortalecer conexões sociais;
  • Cuidar da saúde mental e física;
  • Lidar com a finitude da vida.

Não é curioso e bonito que estes “promotores” de oásis, podem ser encontrados e vivenciados nas comunidades cristãs? Alguns de forma orgânica e natural, outros inseridos intencionalmente nas programações e espaços de convivência dos discípulos de Jesus. Desta forma, é possível ter cada vez mais idosos e idosas preparados para uma velhice com dignidade, sentido de vida, integrados na vida comunitária, com saúde física e mental, lidando bem com a finitude, pois sua esperança está em Cristo. Encontrando e desfrutando do seu oásis, seguirão dando frutos!

Tânia de Medeiros Wutzki foi coordenadora dos projetos sociais da FEPAS na Convenção Batista Independente, é conselheira da Rede Evangélica Nacional de Ação Social/RENAS, integra o grupo gestor do Projeto Retalhos de Esperança e o grupo base do Movimento 60+. 

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>> Conheça a visão e a missão do Movimento Cristão 60+

>> Como ser forte e corajoso, por Elisa Maria Ferraz Arruda

Imagem: Unsplash

Relacionamento entre juventude e terceira idade

O caminho é unir a sabedoria e a experiência das pessoas idosas à energia e aos novos conhecimentos dos jovens.

Por Kléos Magalhães Lenz César

A desigualdade entre gerações é um fato real. Jovens e idosos têm opiniões, prioridades e estilos de vida diferentes. Essas desigualdades podem produzir os “conflitos de gerações”.

Há valores inquestionáveis na sabedoria da velhice, os quais devem ser considerados pela juventude. Os mais velhos, contudo, não devem ignorar o fato de que grande parte de nossos jovens também conhece valores igualmente indiscutíveis. Às vezes, esses valores, de jovens e de velhos, são os mesmos, porém vistos de maneiras diversas e expressos em ângulos e palavras diferentes. Cabe a cada grupo não se julgar dono absoluto da verdade, que pode estar com uns ou com outros, ou com ambos. O respeito, o diálogo e a tolerância mútua, sustentados pelo vínculo do amor, são as virtudes que possibilitam esse entendimento.

No livro de Esdras, há um interessante relacionamento entre jovens e idosos, com suas igualdades e desigualdades.

Ambos os grupos, igualmente alegres, comemoravam o lançamento dos alicerces do novo templo. Ambos cantavam com vozes altas. Ambos rendiam graças ao Senhor com um mesmo refrão: “Ele é bom, porque a sua misericórdia dura para sempre sobre Israel” (Ed 3.11).

Mas, nos dois versículos seguintes, há uma aparente desigualdade: “Porém muitos dos sacerdotes e levitas e cabeças de famílias já idosos, que viram a primeira casa, choraram em alta voz quando à sua vista foram lançados os alicerces desta casa; muitos, no entanto, levantaram as vozes com gritos de alegria. De maneira que não se podiam discernir as vozes de alegria das vozes de choro do povo.” (Ed 3.12-13).

Os idosos choravam enquanto os jovens jubilavam. Em face dos acontecimentos do dia, quem estava com a razão? Naturalmente que ambos, e cada um tinha o seu motivo.

Os idosos, presos ao passado, choravam porque haviam visto o primeiro e belíssimo templo, construído por Salomão e brutalmente destruído por seus inimigos. Agora, as obras de reconstrução começavam. Os jovens, que não haviam conhecido a primeira casa e, por isso, não sofriam influências saudosistas, emocionavam-se com os fatos presentes e as perspectivas futuras. As lágrimas dos idosos voltavam-se mais para um passado glorioso, enquanto que o riso dos jovens antevia um futuro igualmente glorioso. Mas ambos, vertendo lágrimas ou abrindo-se em risos esfuziantes, estavam igualmente felizes e louvavam ao Senhor pela grande vitória alcançada. Eram manifestações desiguais com intenções iguais.

Entretanto, imaginemos aqueles idosos e jovens se repreendendo mutuamente por suas reações num dia memorável! Os velhos querendo que os novos chorassem com eles, e os novos desejando que os velhos abrissem um riso festivo. Essa intolerância mútua certamente ofuscaria todo o brilho da festa. Mas eis que, mãos dadas e esquecidas as desigualdades, todos, unidos por uma só alegria, louvavam ao Senhor, Deus de idosos e de jovens.

Isso é possível em nossos dias. Só que os jovens precisam entender os idosos, e os idosos, os jovens. Tal convívio tornaria bem mais agradável a vida de uns e outros.

A psicóloga Maria Luíza M. Bisinotto alerta:

No futuro, com a extensão do período de vida, os casais terão, talvez, 30 ou 40 anos pela frente, depois da saída dos filhos de casa. Serão comuns famílias de quatro ou cinco gerações. Carece, então, que, urgentemente, comecemos a mudar os modelos de papel para as relações familiares no estágio tardio da vida. Carece, ainda, que alteremos a natureza dos relacionamentos pais-filhos, os quais mudam no estágio posterior da vida. O caminho é unir a sabedoria e a experiência das pessoas idosas à energia e aos novos conhecimentos dos jovens. A base do novo relacionamento será o rico intercâmbio entre as gerações. É importante nutrir um sentimento de orgulho pela idade, pela própria história e experiência de vida e pela capacidade de lidar com a mudança. O livro dos Provérbios ensina-nos que “adquirir sabedoria vale mais que o ouro” (Pv 16.16).

Nota

1. Maria Luíza M. Bisinotto. Edições Kolbe, julho de 1998, p. 16.

Artigo publicado originalmente no livro Fui Moço, Agora Sou Velho. E Daí?, Kléos Magalhães Lenz César. Ultimato.

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