Viver com Deus é participar de sua eternidade; quem tem um pé no infinito pode aceitar sua finitude. Esse passo decisivo, esse nascer para a vida eterna, podemos dar antes da velhice e da proximidade da morte
Por Elben César
John Cox, ex-secretário-geral da Associação Mundial de Psiquiatria, recomendou a leitura de “Aprender Envelhecer”, do médico suíço Paul Tournier, que fundou em 1947 o Grupo Internacional de Medicina da Pessoa, por “sua capacidade de expressar verdades existenciais complexas e de estimular a fé”. Tournier – que morreu em 1986 aos 88 anos, quase três anos acima da atual maior expectativa de vida (85,9) – escreveu que o livro é dirigido não apenas aos aposentados, mas “principalmente aos que estão na plenitude de suas vidas”.
Uma civilização que despreza seus velhos é inumana (69).
Há uma cumplicidade universal pela qual cada indivíduo é responsável: seja o jovem, que não respeita o velho, ou o velho, que não admite o jovem (69).
Amar uma criança ou um velho é amá-los pelo que são e não pelo que fazem (77).
Já nos ensinaram a amar melhor as crianças, a nos interessar por elas. Agora é preciso aprender a amar os velhos (78).
Uma intimidade harmoniosa entre avós e netos pode vir a ser um tesouro incomparável, um benefício para ambos (83).
Todas as faixas etárias têm profunda necessidade umas das outras. O desenvolvimento individual fica travado, se não se mantém um contato vívido com todas as demais faixas etárias. Os velhos precisam dos adolescentes e das crianças; precisam se sentir amados por uns e outros (85).
A sexualidade já não é preponderante no amor dos casais idosos, mas também não termina de forma tão geral e precoce como a maioria das pessoas acredita (111).
Para a integração dos idosos em nosso mundo atual é preciso que haja uma mudança tanto pessoal como social. Todo idoso precisa ter condições de, na medida do possível, levar uma vida feliz, interessante e útil no seio da sociedade e, assim, reencontrar nela o seu lugar (141).
Entre os sofrimentos dos velhos há alguns que são provocados pelos homens: seus preconceitos, sua falta de amor, seu desprezo, a organização da sociedade e a sua iniquidade (199).
O que o velho deve saber a respeito de si mesmo
Há dois momentos fundamentais na vida: a passagem da infância para a idade adulta e a passagem da idade adulta para a velhice (22).
Para ter uma boa velhice é preciso começar a prepará-la cedo, e não retardá-la o mais possível. Na metade da vida se terá de começar a refletir e a organizar a existência com vistas a um futuro ainda distante, em vez de se deixar levar integralmente pelo torvelinho profissional e social (25).
A rotina envelhece o indivíduo e o envelhecimento precoce o leva à rotina (182).
Não podemos dominar a velhice senão por meio da obediência a ela (200).
A maioria dos velhos mal-humorados, que não suportam o declínio, também não suportou a vida ativa anterior à aposentadoria (201).
Não é fácil aceitar a velhice e ninguém o consegue na primeira tentativa, sem superar o desprezo espontâneo (208).
O envelhecimento começa desde a mais tenra idade e progride de modo muito desigual, conforme a constituição física e a pessoa, mas inexorável (209).
Há alguns anos eu fazia coisas que hoje não posso e não devo fazer; por outro lado, hoje faço coisas que dentro de alguns anos já não poderei fazer. Sim, na velhice há diminuições, há um “menos’” (216).
Se a aposentadoria anuncia a velhice, esta anuncia a morte (240).
Viver com Deus é participar de sua eternidade; quem tem um pé no infinito pode aceitar sua finitude. Esse passo decisivo, esse nascer para a vida eterna, podemos dar antes da velhice e da proximidade da morte (255).
Elben César (1930-2016), fundador e diretor-redator de Ultimato.
Artigo publicado originalmente na edição de setembro/outubro de 2015 da revista Ultimato.
Thomas Hahn, um dos preletores do 1º Encontro Regional do Movimento Cristão 60+, relata as suas impressões sobre o evento. Acompanhado de sua esposa, Christine, com a bênção do pastor Irland Azevedo (também um dos preletores), celebrou seu aniversário de 89 anos na companhia de muitos 60+
Por Thomas Hahn
O Primeiro Encontro Regional do MC60+ aconteceu na Igreja Evangélica dos Cristãos de São Paulo, no dia 17/05/2025 – por coincidência, no meu aniversário: 89 aninhos.
Passar parte da manhã, almoçar com direito a bolo e uma bênção do pastor Irland Azevedo, ouvir palestras que tinham tudo a ver com o propósito deste grupo (que trata dos problemas e necessidades dos idosos, e do papel que a igreja pode desempenhar ) foi uma maneira abençoada de celebrar mais um ano de vida – e mais um ano mais próximo da eternidade com o Deus Triúno!
Logo ao entrar na igreja, soube que estava em um lugar diferenciado. A organização perfeita, nos mínimos detalhes, a cordialidade no receber dos visitantes, a atmosfera de amor que envolvia a todos como uma nuvem de aroma suave – eu estava na igreja de Filipos, aquela que Paulo amava de maneira especial, pelo amor entre os irmãos, a generosidade e a fidelidade às Escrituras. Antes da minha palestra, pude ouvir mais duas.
A primeira foi, realmente, um deleite. A igreja mantém um ministério, o Lírios do Campo, que, na sua essência, é um day-care para idosos. Mas, vejam, o objetivo não é o idoso propriamente dito: é o cuidador, aquele que cuida diuturnamente do idoso, sem descanso ou folga. Que bela ideia! Que delicadeza no pensar naqueles de quem ninguém se lembra.
Ainda bem que o Ageu Heringer Lisboa falou a seguir, dando-me um tempo para me recompor. Ageu, o lutador por boas causas desde sempre, lúcido e animado, nos deu um panorama tanto psicológico quanto espiritual do idoso. Não é fácil encontrar pessoas com tamanha disposição para fazer o bem, mesmo entre os mais jovens.
Ao pastor Robert Koo, à equipe pastoral da igreja, a cada pessoa que deu seu tempo e esforço para a realização deste encontro, meu muito obrigado. Não, isto é pouco para quem me promoveu um aniversário inesquecível. O certo é: Um beijo no coração!
Thomas Hahn, 89 anos, nasceu em Viena, Áustria, mas é carioca por formação. É casado com Christine há 61, com quem tem três filhos. Foi ordenado pastor aos 87 na Igreja Batista da Granja Viana, em Cotia, SP.
Assista à programação do 1º Encontro Regional do MC 60+ aqui.
Os cabelos brancos são uma coroa de glória, quando embranquecem no caminho da honradez. Provérbios 16.31
O envelhecimento da população está ocorrendo em todas as regiões do mundo, à medida que os progressos médicos e tecnológicos e a melhoria do acesso aos cuidados de saúde vão contribuindo para um aumento da longevidade. No Brasil, a expectativa de vida ao nascer aumentou mais de trinta anos desde 1940, sendo atualmente de 76,8 anos.
A Assembleia Geral das Nações Unidas declarou o período de 2020 a 2030 como a década do envelhecimento saudável, procurando encorajar os decisores políticos, a sociedade civil, as instituições acadêmicas e a mídia a cooperarem na melhoria das condições de vida dos mais velhos, suas famílias e comunidades.1
O envelhecimento é um processo fisiológico progressivo e inevitável que conduz à deterioração da estrutura das células, comprometendo a função dos diferentes órgãos e sistemas. Ao nível celular, tem início mesmo antes do nascimento, sendo determinado por fatores genéticos e ambientais. Porém, em termos práticos, faz sentido situá-lo a partir da sexta década da vida, quando o declínio orgânico e funcional do corpo humano começa a manifestar-se com maior intensidade, apesar da grande variabilidade individual. Se dividirmos o tempo de vida de uma pessoa em estações, o envelhecimento é mais notório no outono da vida, quando o cabelo se torna grisalho (ou inexistente), a capacidade física diminui e o peso corporal aumenta. Está geralmente associado à idade de aposentadoria, que na maioria dos países ocorre entre os 60-65 anos.
O envelhecimento não é uma doença. É um fenômeno fisiológico natural que representa uma etapa importante do ciclo de vida das pessoas, apesar de algumas limitações que traz. Sendo inevitável (a não ser que ocorra uma morte prematura), pode ser retardado por meio da adoção de estilos de vida saudáveis, de modo a aumentar a qualidade de vida e a prevenir o aparecimento de doenças associadas à idade avançada, em particular as doenças cardiovasculares e oncológicas. Um dos aspectos mais sombrios do envelhecimento é surgirem com frequência doenças degenerativas do sistema nervoso, entre as quais a doença de Alzheimer e outras formas de demência. No entanto, alguns estudos têm demonstrado que a idade média de aparecimento das doenças crônicas aumentou cerca de dez anos nas últimas décadas.
Em 2002, a Organização Mundial de Saúde introduziu o conceito de envelhecimento ativo, que é o processo de otimização das oportunidades para a saúde, participação e segurança, para melhorar a qualidade de vida das pessoas que envelhecem. O objetivo é que cada cidadão possa envelhecer com saúde e autonomia, mantendo em idades avançadas as capacidades físicas e mentais que lhe proporcionem bem-estar, continuando a participar plenamente na sociedade e a usufruir de uma boa qualidade de vida.
Para um envelhecimento ativo e saudável é importante uma atividade física regular, bons hábitos de sono e de descanso, uma alimentação equilibrada, rica em frutas e legumes e com pouco sal e açúcar, a abstinência tabágica e de bebidas alcoólicas, e a toma de medicação considerada necessária, por exemplo, para o controlo tensional. Uma atividade mental estimulante e desafiadora também é essencial para uma saúde integral, assim como boas relações de afeto e estima no seio da família e da comunidade.
Um dos resultados da aposentadoria, que surge com o envelhecimento, é uma maior liberdade no uso do tempo, sem as imposições rígidas de um horário laboral. A experiência adquirida ao longo da vida e, no caso dos cristãos, a sua esperada maturidade espiritual, torna os mais velhos entre nós um recurso indispensável, embora por vezes desvalorizado e subaproveitado, ainda que muitos se envolvam em diversas atividades de voluntariado, que é uma excelente forma de promoção do envelhecimento ativo.
A Palavra de Deus afirma o valor e dignidade do ser humano em todas as fases da vida, desde a concepção até a morte natural. Na carta a Tito (2.2-3), o apóstolo Paulo realça o papel fundamental e imprescindível dos homens e mulheres mais velhos na comunidade cristã, para que sejam um exemplo de moderação, respeito, sabedoria, fidelidade, amor e perseverança, contribuindo assim para o crescimento e edificação da fé dos mais novos (cf. Salmos 92. 14-15).
A vida humana é limitada e o envelhecimento faz parte dela. John Wyatt, professor catedrático de neonatologia no Imperial College, em Londres, e um cristão convicto, salienta: “A esperança de vida do ser humano é limitada, não apenas como resultado do castigo de Deus, mas também da sua graça e misericórdia”, porque “no cuidado de Deus para com a sua criação, não era possível que o ser humano vivesse eternamente no seu estado degradado e limitado como consequência da Queda”.2 A mensagem do evangelho anuncia a destruição da doença, do sofrimento e da morte, e a esperança de vida eterna, por meio de Cristo e do seu sacrifício na cruz, para salvação de todos os que nele creem. Como refere o apóstolo Paulo em 2 Coríntios 4.14,16: “[Deus,] que ressuscitou o Senhor Jesus, nos ressuscitará também por Jesus, e nos apresentará convosco (…) Por isso não desfalecemos; mas, ainda que o nosso homem exterior se corrompa, o interior, contudo, se renova de dia em dia”.
Wyatt, John. Matters of Life & Death: Human dilemmas in the light of the Christian faith. Inter-Varsity Press, Nottingham, 2009, p. 219.
Jorge Cruz é médico especialista em Angiologia e Cirurgia Vascular, doutor em Bioética, membro do Comitê de Países de Língua Portuguesa da International Christian Medical & Dental Association (ICMDA), membro honorário da Associação Cristã Evangélica de Profissionais de Saúde (ACEPS-Portugal), membro do Conselho Internacional da PRIME – Partnerships in International Medical Education. Mora em Porto, Portugal.
Artigo publicado originalmente no portal Ultimato em janeiro de 2022.
Osvaldo esteve no 1º Encontro Regional do Movimento Cristão 60+, realizado em São Paulo, SP, no dia 17/05/2025, e sua participação rendeu o poema a seguir
Por Osvaldo Filho
Aprendemos a envelhecer com graça,
Não como fardo, mas como missão.
Cada ruga esconde uma esperança,
Cada passo guarda uma revelação.
Espiritualidade que se aprofunda,
No silêncio, no clamor e na oração.
Finitude que já não nos assusta,
Pois a eternidade está no coração.
Lidamos com perdas e com partidas,
Mas no luto também tem alvorada.
Pois Cristo venceu a própria morte,
E a esperança nunca está calada.
O idoso é ponte que liga os tempos,
É elo vivo entre ontem e amanhã,
Traz sabedoria em seus acalentos
E guia os jovens com sua voz sã.
Aprendemos a viver o imprevisível,
Na fé que vê além da escuridão.
Na glória de Cristo, nossa âncora firme,
No hoje, no sempre e na ressurreição.
Consolidamos um ministério ativo,
De troca, afeto e encorajamento,
Onde o vigor não se mede em passos,
Mas no ardor do comprometimento.
Cada dom que a vida nos deu,
Cada história que o tempo ensinou,
É ferramenta na obra do Reino,
Que com entusiasmo se renovou.
Avançamos com alegria e coragem,
Capacitados pelo Espírito de Deus.
E o bem que fazemos com maturidade
Nos devolve paz, saúde e os céus.
Osvaldo Honório dos Santos Filho, missionário e pastor com atuação em diversos campos da missão transcultural — Europa, Ásia, África e América Latina, atua também como palestrante e professor de antropologia missionária e missiologia. Desde os 14 anos, escreve poemas e artigos, e recentemente transformou o Evangelho de João e sua Primeira Carta em poesia. Tudo faço para Ele, “porque dEle, por Ele e para Ele são todas as coisas”.
Assista à programação do 1º Encontro Regional do MC 60+ aqui.
“Seja você mesmo um exemplo de boas obras. No ensino, mostre integridade, reverência, linguagem sadia e irrepreensível!”
O ministério do apóstolo Paulo foi muito mais abrangente do que parece à primeira vista. Se sua primeira tarefa foi testemunhar o que Deus tinha feito em sua própria vida, a seguir sua tarefa era pregar o Evangelho para um público muito diversificado de judeus, gregos e romanos. Cada povo tinha seus próprios costumes e em todos os casos o choque cultural em relação ao cristianismo era muito grande.
Em cada cidade por onde passava, surgiam as novas igrejas cristãs, muito carentes de doutrinas e novas condutas no viver diário. Foi muito difícil. Paulo conseguiu vários auxiliares, também pastores, aos quais ele encarregava a organização das igrejas locais. Um desse auxiliares foi Tito. A respeito dele lemos, que sendo um crente fiel, Paulo lhe deixou as seguintes instruções:
“Foi por esta causa que deixei você em Creta: para que pusesses em ordem as coisas restantes, bem como, em cada cidade, constituísse presbíteros, conforme prescrevi a você: alguém que seja irrepreensível, marido de uma só mulher, que tenha filhos crentes que não são acusados de devassidão, nem são insubordinados. Porque é indispensável que o bispo, por ser encarregado das coisas de Deus, seja irrepreensível, não arrogante, alguém que não se irrita facilmente, não apegado ao vinho, nem ganancioso. Pelo contrário, o bispo deve ser hospitaleiro, amigo do bem, sensato, justo, piedoso, deve ter domínio de si, ser apegado à palavra fiel, que está de acordo com a doutrina, para que possa exortar pelo reto ensino e convencer os que contradizem este ensino” (Tito 1.6-9).
Vejam quantas qualidades excepcionais Tito teve que encontrar, para colocar na direção das novas igrejas, homens que fossem aprovados. O problema não parou por aí. Paulo fez recomendações a homens idosos, às mulheres idosas, aos jovens casais e aos outros ainda mais jovens. Prestem atenção, porque essas recomendações valem também para os nossos tempos:
“Quanto aos homens idosos, que sejam moderados, respeitáveis, sensatos, sadios na fé, no amor e na perseverança. Do mesmo modo, quanto às mulheres idosas, que tenham conduta reverente, não sejam caluniadoras, nem escravizadas a muito vinho, a fim e instruírem as recém-casadas a amar o marido e os filhos, a serem sensatas, puras, boas donas de casa, bondosas, sujeitas ao marido, para que a palavra de Deus não seja difamada. Do mesmo modo, quanto aos mais jovens, exorte-os para que, em todas as coisas, sejam moderados. Quanto aos servos, que sejam em tudo, obedientes ao seu senhor, dando-lhe motivo de satisfação. Que não sejam respondões, nem furtem, mas que deem prova de toda a fidelidade, a fim de que, em todas as coisas, manifestem a beleza da doutrina de Deus, nosso Salvador” (Tito 2.2-9)
Por tudo isso vemos que as pessoas, na época, os novos crentes, não eram melhores ou piores do que as pessoas com que nós também precisamos lidar. Termino com o versículo 7, porque aqui está a recomendação dirigida a você e a mim: “Seja você mesmo um exemplo de boas obras. No ensino, mostre integridade, reverência, linguagem sadia e irrepreensível!”.
Wilfried Körber nasceu em Göttingen na Alemanha em 1931 e vive no Brasil desde 1937. Converteu-se aos 16 anos na então Igreja Alemã Batista Zoar, frequentada por sua mãe. Membro fundador da Igreja Batista Filadélfia de São Paulo, envolveu-se com o trabalho de evangelização de crianças e missões, com sua esposa Gisela, de saudosa memória. Há mais de uma década escreve textos para o devocionário Presente Diário. Atualmente vive em Sorocaba, SP. @lampadaparaosmeuspes_.
Pensar que nada é para sempre pode evocar tristeza e insegurança, mas, noutra perspectiva, é um alerta para aproveitar bem aquilo que experimentamos de bom e a bondade na história hoje
Por Christian Gillis
Recentemente tornei-me um 60+. Fiquei reflexivo, contando e considerando os meus dias, buscando alcançar alguma sabedoria da história vivida para o tempo vindouro.
Tive uma sensação semelhante por volta dos 30, na virada da juventude para a vida adulta, quando elaborava planos para a fase seguinte, contando ainda, porém, com boa saúde. Agora a conjuntura é diferente, o corpo envelheceu e desgastou-se (2Co 4.16); a força e as possibilidades são limitadas; as escolhas, então, mais restritas.
Lembrei-me também do filme dirigido por Robert Redford Nada É para Sempre (1992), que conta, em perspectiva, as mudanças que ocorrem no corpo, nos relacionamentos, nos caminhos… enfim, na dinâmica da vida humana, ainda que alguns anseios e perguntas estejam continuamente subjacentes na alma.
Na Palavra do Eterno, a brevidade da vida humana é um tema recorrente.
Moisés declara: “Os dias da nossa vida […] passam rapidamente; nós voamos” (Sl 90.10) e o profeta Isaías constata: “[…] Toda a humanidade é como a relva, e toda a sua glória como as flores do campo. A relva murcha e cai a sua flor, quando o vento do Senhor sopra sobre eles […] A relva murcha, e as flores caem, mas a palavra de nosso Deus permanece para sempre” (Is 40.6-8).
Tiago, a seu tempo, pergunta: “[…] Que é a vida? É um vapor que aparece por um pouco, e logo se desvanece” (Tg 4.14) e Jó assinala que a existência “[…] foge como uma sombra e não permanece” (Jó 14.2).
Nada é para sempre, nem mesmo as coisas deste mundo que parecem mais sólidas e inabaláveis. Tudo passa. Não seria essa uma perspectiva lúgubre, pessimista? Considerar a finitude, os limites, é antes uma percepção realista, que ajuda a fazer melhores escolhas no presente, pensando nos anos seguintes, e estimula a averiguar o que seria eterno.
O fato é que tudo na vida natural está sujeito a mudanças. Há o envelhecimento e a morte; relacionamentos desgastam e quebram, objetos e instituições acabam ou perdem sua funcionalidade. Como nada aqui é permanente, como o é agora, devemos ser sábios e cuidar daquilo a que o coração se apega.
Na dinâmica deste mundo, como ouvimos de tantas histórias, o que temos pode ser tirado de nós e por isso devemos fundar nossa segurança, significado e sentido em bases consistentes.
Pensar que nada é para sempre pode evocar tristeza, medo, insegurança e até ansiedade, mas, noutra perspectiva, é um alerta para aproveitar bem aquilo que experimentamos de bom e a bondade na história hoje.
De todo modo, a vida nessa configuração é, de fato, impermanente e, na existência atual, as coisas podem mudar rápida ou lentamente, sendo sábio preparar-se para o inesperado e usar bem o tempo hoje, vivendo a vida com densidade, especialmente nas relações pessoais.
Mesmo que algo ruim aconteça, ainda podemos sempre aprender com os erros e tentar seguir em frente partilhando a sabedoria.
Graças ao Deus Eterno, que nos ama eternamente, que é rocha sempre firme, cuja Palavra subsiste para sempre, mesmo que os céus, a terra e tudo à nossa volta passe; o Deus que faz todas as coisas novas e eternas em Jesus, o Deus que dá vida eterna a criaturas que faz novas para habitar a nova criação; graças ao Deus que todo dia, apesar do desgaste do nosso corpo mortal, nos renova interiormente com esperança no coração enquanto peregrinamos por este mundo, até que venham os definitivos novos céus e nova terra.
Christian Gillis é pastor na Igreja Batista da Redenção em Belo Horizonte, MG
Avós podem construir e ou reforçar caminhos do bem na vida dos netos
Por Esther Carrenho
Não tem como começar a escrever sobre relacionamento entre avós e netos sem recorrer às memórias que tenho da minha vida. Minhas duas avós já tinham falecido quando eu nasci. E fico imaginando que possivelmente minha infância teria sido mais alegre se elas ainda estivessem vivas. Mas tive os avôs.
Um deles, aos meus olhos e percepção de criança, era assustador. Vivia de cara feia e reclamando de tudo. Falava muito em esmurrar e até em matar alguém. Como ele tinha um revólver, eu achava que ele podia matar mesmo. Então mantinha distância.
O outro era neto de escravos e totalmente diferente. Era amoroso, acolhedor e eu não tinha medo dele. Quando tinha dez anos, fui morar em sua casa para fazer o último ano do curso, hoje chamado Fundamental I. Ele fez um balanço para mim embaixo de uma mangueira e sempre deixava a rede de que ele gostava livre para que eu me deitasse nela.
A escola oferecia sopa e arroz doce na hora do chamado recreio. As crianças que levavam como contribuição uma quantidade de arroz tinham o direito a comer sopa e arroz doce. Então, além de algum lanche que levava de casa, eu roubava arroz da dispensa com frequência. Meu avô, que já era viúvo e continuava sem parceira, era quem cozinhava e notou rapidamente o saco de arroz diminuindo. Foi fácil descobrir para onde o arroz estava indo. Amorosamente me chamou e disse: “Você só precisava pedir. Acho que você ficou com medo de receber um não. Mas o que tenho para você é um sim”. E me abraçou carinhosamente. Em nenhum momento me repreendeu pela mentira e pelo furto. A atitude amorosa e acolhedora dele, dali para frente, foi um estímulo para que eu me tornasse mais corajosa em pedir e para ser mais verdadeira.
Hoje eu tenho sete netos que têm entre treze e vinte e quatro anos. Com todos tenho uma boa interação. Com alguns convivi pouco, alguns moram bem pertinho outros moram em outro país.
Listo aqui experiências gratificantes que podemos desfrutar no tempo passado com os netos, durante a infância deles.
Contar histórias A primeira é que podemos contar muitas histórias vividas. Os tempos vão mudando e eles amam ouvir as experiências vividas pelos avós em tempos, lugares e situações diferentesv. Meu primeiro neto queria sempre que eu ficasse com ele à noite até o sono chegar contando histórias da minha vida. E a neta mais velha, que morava longe, sempre que nos visitava com os pais, pedia para colocar o colchão dela no chão ao lado de onde eu durmo, para que eu contasse histórias até ela adormecer. E eu contava todas as histórias de meninas e mocinhas da Bíblia.
Outro neto, por volta dos sete anos, era aficionado em histórias de herois. Via os animes e outros desenhos infantis que traziam sempre um heroi invencível. Contei pra ele que eu também tinha um herói. E que o meu era mais forte que todos os heróis dele. E travamos este diálogo: Ele: O meu herói é forte, ninguém derrota ele…
Eu: O meu também. Uma vez ele ficou 40 dias sem comer…
Ele: O meu herói tem muita força e poder, ele aparece do nada…
Eu: O meu também. Um dia seus amigos estavam numa sala e de repente ele apareceu no meio…
Ele: O meu herói voa…
Eu: O meu também. Chegou um dia que meu herói entendeu que não dava mais para ficar na terra e voou para o céu.
Ele: Mas o meu herói, ninguém consegue matar…
Eu: O meu conseguiram matar! E ele morreu, mas acredite, ele não ficou no túmulo. Depois de três dias descobriram que um lenço que era parte da roupa que ele usava estava dobrado no túmulo, mas ele não estava mais lá. Tinha saído vivo.
Ele ficou intrigado, pensativo, curioso e saiu perguntando qual era o nome deste herói. Até que alguém lhe falou que era Jesus de Nazaré. Mas até hoje – já um jovem adulto – ele se lembra dos nossos heróis.
Escutar com o coração A segunda coisa que podemos fazer é escutar, não só com os ouvidos, mas também com o coração tudo que um neto quer contar. Isto significa escutar atentamente, sem censura e sem querer corrigir. Muitas vezes são medos e dificuldades na escola, críticas, apelidos e chacotas que recebem dos colegas. E até queixas e dificuldades com os pais no convívio diário e nas tarefas do dia a dia. Quando ouvimos com atenção damos espaço para que eles falem e, falando, muito peso e angústia saem do seu coração, deixando-os mais leves e livres. Há situações da vida dos netos que não podemos mudar, mas podemos responder com empatia. Podemos deixar claro que entendemos que é muito difícil mesmo, mas que estamos juntos e queremos caminhar perto.
É importante lembrar que, por mais que os avós tenham estudado e adquirido conhecimento, com certeza os netos têm oportunidades de aprendizados de coisas novas e poderão ampliar nosso conhecimento. Então sair do patamar de que sabemos muito e se dispor a escutar o novo que vem dos netos é gratificante para os dois lados. Lembro do dia que depois de elogiar um neto de nove anos porque ele tinha me dito algo que eu não conhecia ele disse: “Tem coisa que você sabe que eu ainda não sei; mas tem coisa que eu já sei e você não sabe”. E ele estava certo!
Ter contato físico A terceira coisa que os avós podem fazer e que contribuirá muito para o bem-estar emocional dos netos é o contato físico. Este contato pode acontecer através do abraço, do toque carinhoso, do colo e até da brincadeira. O brincar pode ser a oportunidade para ficar perto e se tocarem vez ou outra. A pele é o maior órgão do corpo e um meio rápido de registro de prazer. Então quando um deles bate a perna ou o braço, aproveite para fazer uma massagem demorada com algum creme. A dor da batida vai passar e o prazer do contato ficará para sempre registrado na memória corporal. Avós ajudam a construir caminhos do bem Posso citar outras experiências, mas aqui vou deixar a última, que é providenciar algo que crianças e adolescentes gostam e deixar disponível para eles sempre que quiserem e puderem. Pode ser desde construir uma piscina como oferecer uma refeição saborosa ou simplesmente deixar uma caixa de chocolate sempre disponível.
Como psicoterapeuta de adultos, mais de uma vez já ouvi: “Foi muito difícil quando meus pais se separaram, mas meus avós foram acolhedores e amorosos e fizeram toda a diferença na minha vida. Não sofri demais e não fui para caminhos piores por causa do amor e do cuidado dos meus avós”.
Então está claro que, em todo o tempo, os avós podem construir e ou reforçar caminhos do bem na vida dos netos, através da presença, dos passeios, das comidas apetitosas, das brincadeiras, do diálogo, da escuta e do carinho.
Avós, aproveitem e sejam presentes! Façam a diferença! Sejam construtores de bons caminhos e boas lembranças na vida dos netos!
Legenda das fotos 1. Eliel Carrenho [esposo da autora] e Lorenzo, o neto adolescente.
2. O desenho desta caneca (todos os meus 7 netos segurando minha mão) revela como a vida é paradoxal. Já peguei no colo e conduzi pela mão os sete. Uns mais outros menos… No entanto, chegou o tempo que, quando estou com algum deles ou alguma das duas, eu preciso da mão e do braço para suporte! E eles amorosamente me dão o apoio de força que meus joelhos enfraquecidos já não conseguem mais!!! Gratidão por cada um deles e delas!
Esther Carrenho, teóloga, psicóloga e autora do livro: Em Busca do Bem Estar Emocional: Quando espiritualidade e psicologia caminham juntos e outros. @esthercarrenho.
Queremos ajudar os idosos a não só resgatar sonhos adormecidos, mas também a despertar e a direcionar projetos ainda não realizados
Por Letícia Miranda Medeiros, Patrícia Miranda M. Sardinha e Walério Raposo Cavalcanti
O Brasil está envelhecendo. Segundo uma projeção feita pelo IBGE “de 2000 a 2023, a proporção de idosos (60 anos ou mais) na população brasileira quase duplicou, subindo de 8,7% para 15,6%. Em 2070, cerca de 37,8% dos habitantes do país serão idosos”, ou seja, uma parcela significativa dos cidadãos. E o que a igreja brasileira tem a ver com esse dado?
As instituições cristãs precisam se mobilizar e se preparar para atender a esse público com excelência. São pessoas cuja maioria já está aposentada, com filhos criados e que ainda se sentem produtivas, pois auxiliam os netos, além de ajudarem nas atividades da igreja.
Estudos já comprovam que atividade física, alimentação equilibrada, interação social, apoio familiar e estimulação cognitiva são alguns dos pilares para uma vida saudável, principalmente para essa fase da vida.
A Bíblia já deixou registrado no Salmo 92 que os justos “…na velhice ainda darão frutos…” (Sl 92.14a). A partir desse pequeno trecho do belo cântico de louvor apresentado pelo salmista – e que era entoado nos cultos públicos do povo de Israel – somos desafiados a agradecer ao Senhor pelos frutos que colhemos e ainda haveremos de colher nas vidas dos idosos da Primeira Igreja Batista em São Gonçalo (PIBSG), situada na região metropolitana do Estado do Rio de Janeiro.
Com intuito de abençoar esse público, as irmãs e professoras Letícia Miranda Medeiros e Patrícia M. Medeiros Sardinha produziram um material para promover a Oficina Resgatando Sonhos, que vem sendo aplicada desde o ano de 2024. A oficina atende cerca de quinze idosos por ano, com 31 encontros de 1 hora semanal, de março a novembro, e acontece nas dependências da PIBSG.
Oficina Resgatando Sonhos – Turma 2024. Professoras Patrícia e Letícia. Arquivo pessoal.
Os encontros da oficina visam proporcionar momentos de reflexão, de estímulo à escrita autobiográfica, desenvolvimento da escuta ativa e tempo de qualidade com outros idosos para refletir sobre sua própria história de vida, desejos, aspirações, estimulando a interação social, a busca pela realização de sonhos e a orientação de Deus em todo o processo.
Durante os encontros da oficina, a escrita manual é estimulada por meio de tarefas. Apesar da importância do digital na modernidade, acreditamos que é necessário estimular a escrita a caneta/lápis nas atividades educativas, pois “geram maior ativação cerebral despertando a atenção e comprometimento, além de melhorar a comunicação escrita e compreensão da leitura”.1
A narrativa de si é importante, pois promove reflexões internas que podem ecoar na esfera social. A capacidade de narrar memórias surge da vivência passada, e a expectativa é que a escrita narrativa deixe um legado repleto de entusiasmo. Ao redigir uma autobiografia, o idoso não apenas relata sua própria história, mas também contribui para a narrativa mais ampla da sociedade da qual faz parte. Em outras palavras, as ações individuais impactam a comunidade, deixando ressonâncias na história coletiva.
Assim sendo, é preciso desenvolver no idoso uma forma de pensar crítica (Sardinha, 2017), mas não totalmente independente. A proposta da oficina é que cada idoso aprenda a considerar o outro em suas escolhas e viva de maneira interdependente, assim como ensinou o mestre Jesus: “Ame ao seu próximo como a si mesmo” (Mt 22.39). Desse modo, cremos que uma sociedade saudável é constituída de pessoas que estão dispostas a ajudar-se mutuamente em amor e tenham a consciência da relevância de ordenar corretamente os amores – amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo assim como eu devo me amar – para a preservação da nossa integridade emocional/espiritual/social (Medeiros, 2023).
Oficina Resgatando Sonhos – turma 2025. Arquivo pessoal.
Diante disso, a oficina Resgatando Sonhos tem a perspectiva da formação integral do idoso para, não só resgatar sonhos adormecidos, como também despertar e direcionar projetos ainda não realizados. Nesse sentido, as aulas na oficina:
• Promovem atividades que levam os idosos a compreender que a realização de sonhos tem uma relação direta com dedicação, apoio de pessoas, conhecimento adquirido e planejamento entre o hoje e o amanhã;
• Contribuem para a compreensão de que os valores e princípios norteiam a tomada de decisões de maneira consciente e consequente e que cada um deve ser responsável pelas escolhas que faz;
• Consideram que o ponto de partida é a bagagem cultural de cada um e a observância dos princípios bíblicos;
• Contribuem para a capacidade de planejamento e de execução, ações essenciais para a transformação de sonhos, objetivos e metas em realidade, desenvolvendo um conjunto de outras habilidades fundamentais.
Os participantes da oficina apresentaram um feedback muito positivo durante o processo e no final dele. O vídeo de “Retrospectiva da Oficina Resgatando Sonhos” está disponível no canal Bagagem Cultural – Clique aqui para assistir ao vídeo.
Após o sucesso dessa iniciativa, resolvemos disponibilizar o material da oficina, com um preço acessível, para aqueles que desejam iniciar esse trabalho de integração com os idosos de suas igrejas. Clique aqui para conferir.
A Oficina Resgatando Sonhos compõe o Projeto Vida Viva – PROVIVI –, que nasceu no ano de 1992, na Primeira Igreja Batista em São Gonçalo (PIBSG). Mauro Israel Moreira, então pastor presidente, percebendo a grande necessidade de um trabalho específico para os idosos, encorajou um grupo de líderes a escrever um projeto para esse grupo. A carência foi percebida devido ao grande número de idosos na igreja, ao envelhecimento da população no município e à urgência de atividades que contemplassem esse grupo integralmente.
Culto de gratidão a Deus pelos 33 anos do Projeto Vida Viva – PROVIVI. Arquivo pessoal.
O PROVIVI, atualmente liderado pelo pastor Walério Raposo Cavalcanti, tem como missão conduzir o idoso na aceitação do processo de envelhecimento, proporcionando um ambiente de convivência e participação, de modo que obtenha mais saúde. A visão desse projeto é ser um grupo que acolha o idoso com afeto, provendo orientação, a fim de que viva os desafios dessa fase da vida com segurança. A razão pela qual atuamos na igreja com essa faixa etária é o crescente aumento da expectativa de vida no mundo e a necessidade de despertar no idoso o desejo de construir um projeto de vida sob a cosmovisão cristã. Como fruto desse trabalho, desejamos contemplar idosos mais sadios, alegres e dispostos a viver, servindo a Cristo e ao próximo.
Como resultado desse trabalho, um número expressivo de idosos é alcançado com atividades diversificadas, contando com a participação de cerca de cem pessoas nas reuniões semanais. Entre as atividades do PROVIVI estão:
União Ativa de Idosos – UNATI: culto semanal, realizado todas as terças-feiras, às 16h, no salão térreo da igreja;
Oficina Resgatando Sonhos: procura despertar no idoso o desejo de resgatar projetos de vida que ficaram adormecidos. Já detalhada acima;
Passeios culturais e excursões: momentos de descanso e descontração em hotéis e em outros espaços do estado do RJ;
Congressos: acontecem sempre na Semana Nacional do Idoso, onde refletimos sobre temas relevantes a essa faixa etária;
Vem ser funcional: atividade física duas vezes na semana com um profissional qualificado;
Jardim da comunhão: cultos nos lares a fim de assistir a quem apresenta dificuldades para se deslocar até a igreja para o culto público;
Visitação: assistência sistemática aos idosos enfermos da PIBSG.
Assim como todos os ministérios PIBSG, o PROVIVI tem uma equipe de trabalho composta de idosos que planejam mensalmente os temas a serem abordados, e outra equipe multidisciplinar que nos apoia por meio de cursos e treinamentos.
Comemoração do aniversário de 33 anos do PROVIVI, em 2025. Arquivo pessoal.
Em tempo, agradecemos à Revista Ultimato pela contribuição editorial que vem oferecendo, ao longo dos anos, abençoando as igrejas do Brasil. Destacamos a obra Fui Moço, Agora Sou Velho … E Daí?, do saudoso pastor Kléos Magalhães Lenz Cézar, como bastante relevante e inspiradora.
Compartilhamos essas experiências com esperança de que as igrejas pelo Brasil afora também iniciem um trabalho com esse público específico. Que, assim como “as palmeiras florescem e frutificam no deserto” (Sl 92.12), os idosos, das igrejas cristãs do Brasil, possam produzir e oferecer seus frutos a todos que se aproximarem.
Louvamos a Deus pela oportunidade de servir juntos aos idosos. Ao Senhor toda gratidão e glória!
Nota ¹ Ana Luiza Amaral e Leonor Guerra. Neurociência e Educação: olhando para o futuro da aprendizagem. 2022, p.167.
AMARAL, Ana Luiza Neiva; GUERRA, Leonor Bezerra. Neurociência e educação: olhando para o futuro da aprendizagem. Serviço Social da Indústria. Brasília: SESI/DN, 2022. 290 p.
MEDEIROS, Letícia Miranda. A Língua Inglesa nos Centros de Educação de Jovens e Adultos (CEJA): os desafios do sistema semipresencial a partir das vozes de egressos de Letras/Português/Inglês da FFP/UERJ. 2023. 228f. Tese (Doutorado em Educação – Processos Formativos e Desigualdades Sociais) – Faculdade de Formação de Professores, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, São Gonçalo, 2023.
SARDINHA, Patrícia Miranda Medeiros. O Letramento Crítico na Educação de Jovens e Adultos da rede estadual a partir de atividades com canções e outros textos multimodais em Língua Inglesa. 2017. 182f. Dissertação. (Mestrado Profissional em Práticas de Educação Básica) – Colégio Pedro II, Rio de Janeiro, 2017.
Letícia Miranda Medeiros, doutora em educação, pela UERJ/FFP; professora SEEDUC-RJ; membro da Primeira Igreja Batista em São Gonçalo.
Patrícia Miranda Medeiros Sardinha, mestre em Educação pelo Colégio Pedro II;professora SEEDUC-RJ; membro da Primeira Igreja Batista em São Gonçalo.
Walerio Raposo Cavalcanti, pastor do Ministério da terceira idade – Projeto Vida Viva – PROVIVI, da Primeira Igreja Batista em São Gonçalo.
Quem pode esperar se tornar cidadão do reino dos céus? Jesus deixa bem claro: os humildes de espírito (Mt 5.3). E o que significa ser “humilde de espírito”?
Jesus explicita o que é humildade numa passagem que encontramos em Lucas 18.9-14. Ele está no templo, observando dois homens que, lado a lado, estão orando.
O primeiro é um fariseu. Ele apresenta seu currículo a Deus: vou a dois cultos no domingo, faço parte de um grupo de estudo bíblico e oração, dizimista dos mais fiéis, levo sopa para os pobres todo dia 15, não fumo, bebo nem danço. Não é para me gabar, mas, comparado a este publicano que está do meu lado, convenhamos, eu mereço o green card do reino dos céus. Mérito 10 x Humildade 0.
Já o pobre do publicano não tem nada para mostrar para Deus, salvo seus pecados. Sabe que é ética, moral e espiritualmente falido, pois não se compara aos outros, e sim à perfeição de Deus. Restam-lhe apenas as lágrimas nos olhos. Pede misericórdia, já que justiça seria a morte. Mérito 0 X Humildade 10.
Este, diz Jesus, é dos meus. Seu lar no céu está garantido. É humilde de espírito. George Mueller, grande homem de Deus do final do século 19, ao completar 91 anos de idade foi entrevistado por um repórter que lhe perguntou: “Como o senhor se vê hoje?” A resposta: “Um mísero pecador, salvo pela graça misericordiosa de Deus!” Eis uma perfeita definição do que é ser cristão.
Thomas Hahn, 89 anos, nasceu em Viena, Áustria, mas é carioca por formação. É casado com Christine há 61, com quem tem três filhos. Foi ordenado pastor aos 87 na Igreja Batista da Granja Viana, em Cotia, SP.
Imagem: O fariseu e o publicano, James Tissot, 1886-94. Domínio público.
“Senhor meu Deus, quando eu maravilhado fico a pensar nas obras de Tuas mãos
[…]
Então minh’alma canta a Ti Senhor, grandioso és Tu, grandioso és Tu!”
Aqui temos um hino, que de fato é de louvor. Não sei porque, mas há vários autores que escreveram letras diferentes, mas parecidas, sem contudo deixar, todos eles, de dizer: “Senhor, meu Deus, quando eu maravilhado. Seria isso bom ou ruim? Certo é que todos cantam de comum acordo, que estão maravilhados com as obras das mãos de Deus. Falam de montanhas, de florestas, de estrelas no céu, do canto de pássaros e da imensidão do mar, e alguns da cruz de Cristo. “Quão grande és Tu, quão grande és Tu!”.
Fico pensando, será que esses hinos que falam da grandeza de Deus, estão chegando ao seu destino? É assim que o louvor é aceito? Diz-nos a Palavra de Deus, ou seja, o próprio Deus, que os seus pensamentos são mais altos que os nossos pensamentos (Is 55.9). Como deve ser o louvor a esse grande Deus?
No tempo dos sacrifícios e/ou holocaustos, os animais sacrificados deviam ter características sem defeitos; eram escolhidos, alguns entre muitos, para que fossem ofertas agradáveis e perfeitas a Deus. Acredito que os nossos “sacrifícios” de louvor também devem apresentar oferendas que sejam perfeitas. Antes de grandes manifestações de Deus no passado de Israel, havia a necessidade de santificação (Js 3.5). O Cordeiro de Deus a ser oferecido pelos pecados do mundo, precisava ser perfeito e puro para que fosse aceito por Deus.
O louvor é um sacrifício, e como o sacrifício deveria ser puro, aquele que louva, se revista de pureza para comparecer diante do SENHOR. Nunca falte em nós essa preparação para encontrarmos nosso Pai celestial e quando estivermos levando nosso louvor a Ele.
“Quão grande és Tu!”
Wilfried Körber nasceu em Göttingen na Alemanha em 1931 e vive no Brasil desde 1937. Converteu-se aos 16 anos na então Igreja Alemã Batista Zoar, frequentada por sua mãe. Membro fundador da Igreja Batista Filadélfia de São Paulo, envolveu-se com o trabalho de evangelização de crianças e missões, com sua esposa Gisela, de saudosa memória. Há mais de uma década escreve textos para o devocionário Presente Diário. Atualmente vive em Sorocaba, SP. @lampadaparaosmeuspes_.
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