Isabel – “Minha segunda carreira foi ser mãe”

Abracem sua segunda carreira de coração, seja ela qual for – algumas vezes será escolhida, outras vezes será imposta pelos acontecimentos. Mas aceitem o que vier de bom grado e Deus será com cada um de vocês

Meu nome é Isabel, que significa “Deus é meu juramento”. Sou da linhagem do primeiro sacerdote: Arão. Vocês devem achar estranho… Em nossa cultura, a pessoa é o nome, ou o nome é a pessoa, sei lá. Para nós, é fundamental saber o significado de cada nome, que, afinal, faz parte da personalidade da pessoa e mostra seu relacionamento com o Deus Eterno. Zacarias esqueceu de mencionar que o nome dele significa “lembrado por Jeová”. Como vocês ouviram, ele foi mesmo lembrado por Deus e contemplado com grandes maravilhas.

Não somente ele. Eu participei de tudo, exceto da visita do anjo no templo. Depois de dispensar a multidão, já em casa, como não podia falar, Zacarias escreveu pra mim um resumo da promessa do anjo. Fiquei extasiada!

Fui a primeira mulher mencionada no Novo Testamento, mais especificamente, no Evangelho escrito pelo Dr. Lucas. Ele foi um grande pesquisador e autor, e deu ênfase especial às mulheres em seu livro. Sou muito grata por isso.

Como Zacarias mencionou, não tínhamos filho e isso trouxe grande sofrimento para mim. Mas não vou me deter nessa parte. Tenho coisa mais bonita pra contar pra vocês!

Deus fez um milagre no meu corpo! Fazia uns dez anos que eu não tinha mais o costume das mulheres. Contudo, acordei um dia com enjoo e descobri que estava grávida, direitinho como o anjo havia dito. Resolvi ficar mais em casa – um costume da minha terra – mas também pra evitar falatórios. Nesse tempo, meu corpo foi se transformando a cada dia e, de certa forma, ficando cada vez mais “vivo”. Quando completei seis meses de gravidez, recebi a visita de uma prima muito querida, a Maria. No momento em que ela foi entrando pela porta, meu filho mexeu muito dentro da barriga, uma mexida diferente de soluço, de chute, de qualquer outro movimento que ele já tinha feito. Parecia um estremecimento de alegria, uma emoção muito forte. Nesse exato momento, fiquei possuída pelo Espírito Santo e exclamei para Maria: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito o fruto do teu ventre. E de onde me provém que me venha visitar a mãe de meu Senhor?” Gente, que tempo especial tivemos o privilégio de viver! Quisera eu que todos vocês estivessem lá. O Espírito Santo, de repente, parecia que estava solto. Enchia um e outro entre um espaço de tempo curto, o que era novidade para todos nós. E eu estava ali, diante da mulher escolhida para ser a mãe do Messias, que tanto aguardamos. O meu Senhor estava sendo gerado no ventre da minha prima Maria! Isso era deslumbrante e muito emocionante!

Maria ficou comigo por três meses. Nessa época, aprendi sobre a intergeracionalidade: ela era tão jovem e eu, nos meus sessenta e poucos (dizem que a mulher para de contar, né?). Uma diferença de mais de 40 anos entre nós duas. Mas tínhamos assunto o tempo todo. Além disso, ela me ajudava em algumas tarefas da casa que já estavam ficando pesadas para uma grávida, ainda mais uma 60+. E ela me ouvia muito, das histórias do templo, dos meus antepassados, das minhas experiências de vida. Que tempo gostoso!

Aí nasceu nosso meninão e Maria fez sua viagem de volta. Afinal, ela também precisava se

organizar para receber seu bebê dali uns meses.

O resto da história Zacarias já contou a vocês. Gostaria de acrescentar apenas (porque é um dos temas deste evento) que não escolhi uma segunda carreira, ela me escolheu – e foi deliciosa! Minha segunda carreira, por incrível que pareça, foi ser mãe. Amamentei o Joãozinho por alguns anos, me diverti e me alegrei muito com ele. Parece que junto com a bênção de ser mãe tive outra bênção, a de me sentir rejuvenescida.

Irmãos, para finalizar, deixo alguns conselhos. Deixem-se surpreender por Deus: esperem dele algo novo e não o óbvio. Esforcem-se por se relacionar com outras gerações, como os jovens, os adolescentes e as crianças; mesmo que haja resistência no início, todos saem ganhando e aprendendo no processo. Abracem sua segunda carreira de coração, seja ela qual for – algumas vezes será escolhida, outras vezes será imposta pelos acontecimentos. Mas aceitem o que vier de bom grado e Deus será com cada um de vocês.

Este artigo é parte da palestra Os 60+ do Primeiro Natal, oferecida no III Encontro do Movimento Cristão 60+.

Délnia Bastos é casada, mãe de três filhos e avó de cinco netos, e serve na área de governança em algumas iniciativas de missão.

Leia mais:

Segunda carreira e missões, por Adércio da Silva Corrêa

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