“Quero contemplar-te no santuário e avistar o teu poder e a tua glória”
Ana, uma 60+ do Primeiro Natal
Por Délnia Bastos
Série “Os 60+ do Primeiro Natal”
Meu testemunho será breve.
Meu nome é Ana. Sou viúva e tenho 84 anos. Estive casada por apenas sete anos, quando meu marido morreu. Sou do grupo de judeus piedosos que aguardavam com fé a era messiânica. Gosto muito de adorar a Deus no templo, com jejuns e orações. Uma das minhas passagens favoritas das Escrituras é um Salmo do Rei Davi. Tem uma parte que diz: “Quero contemplar-te no santuário e avistar o teu poder e a tua glória”. Por isso, estou sempre no templo, principalmente no pátio e arredores.
Já vivi bastante e muitas coisas marcantes me aconteceram. Mas nada foi tão sublime quanto ao que vi na semana passada no templo: o próprio Messias, em carne e osso! Deus cumpriu sua promessa na minha geração. Fui ao templo contemplar o Senhor e de fato vi o seu poder e a sua glória, como bem falou o Rei Davi. Vi o bebê prometido no colo do velho Simeão, outro judeu piedoso. Tanto ele quanto eu não tivemos nenhuma dúvida de que aquele bebê era o Salvador do mundo, ansiosamente aguardado por nós. Que dia glorioso!
A partir dali, não parei de falar do menino a todos os que passavam pelo templo e também aguardavam a preciosa promessa da redenção.
Na nossa cultura, pessoas da minha idade são muito respeitadas. Por isso, todos aceitam a minha palavra e ouvem com atenção quando eu conto essa experiência.
Bom, vocês já ouviram bons conselhos dos meus colegas. Só gostaria de acrescentar um: não deixem de ir ao templo sempre. Quantas oportunidades temos ali e como Deus pode nos usar para sua adoração, mas também para abençoar outros. Disseram-me que hoje muitos templos ficam fechados durante a semana. Que pena! Mas soube também que existem salas adicionais, onde é possível reunir pequenos grupos ou receber alguém para orar – talvez o equivalente ao nosso pátio. Por que não organizar uma escala entre vocês para estarem ali numa sala, disponíveis para receber e ouvir pessoas, e depois orar por elas? Que grande passo já seria este!
Que Deus os abençoe.
Délnia Bastos é casada, mãe de três filhos e avó de cinco netos, e serve na área de governança em algumas iniciativas de missão.
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Movam-se de acordo com os empurrões do Espírito Santo. Maravilhem-se diante de Jesus. Não desistam das próximas gerações
Por Délnia Bastos
Série “Os 60+ do Primeiro Natal
Sou Maria, agraciada por Deus para ser a mãe de Jesus – como vocês bem sabem.
Quero contar algo que nos aconteceu há muito tempo em Jerusalém. Foi algo que jamais esquecerei, pois marcou-me profundamente por toda a vida.
De repente, sem qualquer planejamento, um senhor chamado Simeão apareceu quando José, eu e o
bebê estávamos no templo, durante o ritual da apresentação de Jesus. Simeão simplesmente pegou o bebê no colo e começou a louvar a Deus de forma totalmente inesperada: “Agora, Senhor, podes despedir em paz o teu servo, segundo a tua palavra; porque os meus olhos já viram a tua salvação, a qual preparaste diante de todos os povos: luz para revelação aos gentios, e para glória do teu povo de Israel”. Ficamos muitíssimo admirados!
Depois, ele nos abençoou e me disse que meu filho tinha sido escolhido para provocar a queda de
muitos, mas também a ascensão de tantos outros. E que muitos seriam contra ele, de modo que eu passaria por um grande sofrimento – como uma espada que traspassaria minha própria alma.
Já estávamos sabendo que nosso filho seria o Salvador, pois o anjo nos tinha dito. Mas aquele
homem que nem conhecíamos parecia saber muito mais sobre o nosso próprio filho. Simeão viu muito além de um bebê em seus braços: viu a salvação de Deus, a luz do mundo e também um
motivo de divisão. Ele sabia que, diante de Jesus, a neutralidade seria impossível!
Confesso que fiquei pensativa no que ouvi, principalmente a parte negativa. Anos depois, senti exatamente aquilo que Simeão tinha previsto: diante da cruz, uma espada dilacerou-me o coração. Mas estou aqui pra falar de Simeão, e não de mim.
Creio que, se ele estivesse aqui, daria os seguintes conselhos aos queridos irmãos: Perseverem na justiça e na piedade, enquanto aguardam as promessas de Deus: eu aguardei ansiosamente a primeira vinda do Messias; aguardem, com o mesmo fervor, a segunda vinda. Não parem, mas movam-se de acordo com os empurrões do Espírito Santo. Maravilhem-se diante de Jesus. Abracem-no sempre e louvem a Deus de coração. Busquem o discernimento espiritual para conhecer tempos e épocas. Reconheçam a missão de Deus e participem dela, lembrando que a redenção deve alcançar os gentios, os povos ao redor do mundo. Abençoem os mais jovens, conversem com eles, mesmo que seja necessário falar palavras duras algumas vezes (como Simeão fez comigo, preparando-me para o sofrimento). Não desistam das próximas gerações. Por último, tenham paz, aceitação e serenidade diante da morte. Ela é um prêmio para quem aguarda as promessas de Deus.
Délnia Bastos é casada, mãe de três filhos e avó de cinco netos, e serve na área de governança em algumas iniciativas de missão.
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Deixem-se surpreender por Deus: esperem dele algo novo e não o óbvio
Por Délnia Bastos
Série “Os 60+ do Primeiro Natal”
Gostaria de começar dizendo que tudo o que vou dizer aqui é verdade. E nada que direi será para meu engrandecimento – até porque os irmãos vão conhecer também as minhas falhas.
Sou um pastor, ou melhor, sacerdote do povo. Sou casado com a Isabel. Nós dois somos de ascendência sacerdotal como a nossa lei ordena; ou seja, somos filhos, netos e bisnetos de pastores.
Isabel e eu não tínhamos filhos. Para nossa tristeza, o fim da nossa linhagem parecia próximo, ainda que havíamos orado por um filho por muitos anos. Contudo, estávamos numa idade em que isso já não era mais possível.
Não ter filhos por aqui é impiedoso. É geralmente interpretado como um sinal de desprezo por parte de Deus: “Um homem vive nos seus descendentes”, dizem. Morrer sem filhos significa “ser apagado de nosso país”. Coitada da Isabel! O pior sobrava pra ela, que ouvia comentários de todo tipo. Por exemplo: “Como pode uma filha e esposa de sacerdote sem filhos? O que será que ela fez para merecer isso?”.
Mas Deus é tão bom, que, inexplicavelmente, tanto ela quanto eu não nos tornamos amargurados, revoltados ou entristecidos por causa disso. As pessoas até dizem que somos justos e bondosos. Realmente, durante toda a nossa vida, temos procurado seguir à risca os mandamentos de Deus. E isso com alegria, não por obrigação. Cremos que somos mais felizes e realizados assim, seguindo os preceitos de Deus.
Pois bem. Certa vez, fui sorteado para entrar no santuário do templo para queimar o incenso ao Senhor. Que privilégio! Esta honra é concedida apenas uma vez na vida – quando é concedida. Ao entrar ali, no Lugar Santo, algo incrível aconteceu. Um anjo apareceu no lugar de maior honra, à direita do altar. Por essa eu não esperava! Eu sabia que a última comunicação direta de Deus conosco tinha acontecido há 400 anos. Senti um misto de medo e reverência, um profundo terror misturado a uma irresistível atração pelo que estava acontecendo. Não sabia como me comportar, até que o anjo começou a falar comigo: “Não tenha medo, sua oração foi ouvida. Isabel dará à luz um filho e seu nome será João”. Fiquei mais perplexo ainda! Eu não estava ali por mim, mas por toda uma multidão que eu sabia representar, que até me aguardava lá fora. Eu estava ali adorando o nosso grande Deus, aguardando a promessa messiânica e não podia esperar por uma palavra diretamente para mim. E a coisa não parou por aí: o anjo disse que o filho teria uma missão especial; seu nome significaria “o dom de Deus” ou “Deus é bom”. Ele seria alguém separado por Deus, cheio do Espírito desde o ventre materno! Nossos profetas, até aqui, podiam ter um momento de enchimento do Espírito, mas nenhum deles havia experimentado ser cheio desde o ventre, de maneira permanente. O que era isso que estava acontecendo comigo?! Minha cabeça e meu coração não aguentaram tanta maravilha. Eu não tinha fé suficiente para acreditar no que o anjo dizia. Deixo aqui esta confissão: faltou-me fé. E isso me custou caro. O anjo foi meio bravo comigo, explicou que ele era Gabriel, cujo significado do nome eu conhecia muito bem: “Deus mostrou a si mesmo como é poderoso”. O mesmo Gabriel havia aparecido ao grande profeta Daniel muito tempo atrás. Ele disse que eu ficaria mudo até tudo se cumprir, o que de fato aconteceu.
Eu tinha tanta coisa pra contar, mas não podia. Eu recebi notícias maravilhosas, mas não conseguia transmiti-las. Foi uma disciplina e tanto de Deus para comigo. Eu precisava crescer na fé.
Enfim, nove meses depois, nosso Joãozinho nasceu. No oitavo dia, quando o levamos para ser circuncidado, conforme nosso costume, o povo reunido não queria aceitar a palavra de Isabel, que queria dar o nome de João ao menino. O óbvio era que a criança recebesse o meu nome, do pai, especialmente sendo filho único de pais idosos. Então me perguntaram e eu escrevi numa tabuinha: “João é o seu nome”, concordando com Isabel. Naquele instante, minha fala voltou e fiquei, literalmente, com a língua solta. Não conseguia parar de louvar. Finalmente eu podia expressar toda a minha alegria, exultação, gratidão e louvor a Deus. Foi ali, quando fiquei cheio do Espírito Santo, que saiu o Benedictus, que se tornaria um cântico conhecido de geração em geração.
Enquanto pronunciava aquelas palavras, tive mais discernimento e certeza da majestade e perfeição dos planos de Deus: enquanto orávamos pela vinda do Messias, Ele atendeu a oração particular de um velho sacerdote, e respondeu duplamente: enviou o precursor do Messias e nos agraciou com um filho. João foi nosso filho querido e também o profeta do Altíssimo, o maior entre os nascidos de mulher, diria Jesus anos mais tarde.
Assim, meus irmãos, eu os incentivo a cuidarem de si mesmos e de sua fé, que Deus cuidará de cada um de vocês. Procurem viver de forma justa e irrepreensível. Sejam bondosos para com todos, especialmente para com os mais fracos. Coloquem suas necessidades mais íntimas diante do nosso Deus bondoso. Sejam sempre alegres, mesmo nas circunstâncias difíceis, pois a nossa alegria está na certeza da presença de Deus e nas suas promessas. Arrependam-se quando forem disciplinados por Deus. Deixem-se encher do Espírito Santo, cresçam no conhecimento das Escrituras e, a partir daí, desenvolvam o discernimento. Por fim, não se cansem de falar das grandezas de Deus. Nós, os 60+, temos experiência, maturidade e dons confirmados para falar a todos das grandezas de Deus.
Não nos calemos nem deixemos de ser agentes da História da redenção, pois não há limite de idade para os feitos grandiosos do nosso Deus.
Délnia Bastos é casada, mãe de três filhos e avó de cinco netos, e serve na área de governança em algumas iniciativas de missão.
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