Adércio e sua esposa Ilda compartilharam o seu testemunho no II Encontro Nacional do Movimento 60+. Eles estão desenvolvendo uma segunda carreira, agora na área de missões transculturais.
Quando pensamos em missionário, vem ao nosso imaginário alguém jovem, saudável, teologicamente bem preparado e fluente em línguas estrangeiras, especialmente inglês, que costumamos considerar fundamental para bom desempenho.
Deixo claro, porém, que todos os cristãos, em todos os momentos da vida, são chamados para testemunhar a salvação em Cristo, independentemente de local de origem, idade, sexo, nacionalidade, instrução, origem e condição financeira.
Nesse sentido, quando minha esposa e eu estávamos na Ásia, ouvi um jovem missionário americano dizer que há lugares do mundo que somente quatro tipos de pessoa visitam: pesquisadores, em busca de descobertas; militares, em ações de guerra; milionários, em turismo ou caçada de animais exóticos, e missionários, em proclamação do Evangelho a alguém que ainda não ouviu falar sobre Jesus e, é claro, atendendo ao desafio para deixar tudo e viver apenas com duas malas.
Lembro-me de que, quando jovem, já casado e com filhas, fiz um plano de carreira e decidi: “Com meus 50 anos, desejo estar aposentado e que minhas filhas estejam emancipadas. Assim, poderei servir melhor ao Senhor!”.
Para esse propósito, trabalhei até completar 52 anos. De fato, depois do casamento das minhas duas primeiras filhas, eu me aposentei. Como diz o ditado: “Deus nos chama, mas o Diabo nos atrasa”.
A verdade é que, em cada fase da nossa vida, Deus abre portas para que tomemos decisões com o propósito de expandir Seu reino em todos os lugares da Terra.
Em 2004, fui convidado para assumir a auditoria e a expansão de uma empresa gráfica em Luanda, capital de Angola, na África. Pensei: “Começarei daqui!”. Visitei missionários e igrejas do país, de língua portuguesa, falei sobre minha fé a grandes empresários locais e viajei por várias províncias.
Quando retornei ao Brasil, iniciei uma pequena empresa particular de artes gráficas com o propósito de ajudar missões com os recursos financeiros obtidos.
Em 2012, vendi a empresa, minha esposa e eu fomos exercer nossa segunda carreira profissional. Ela é professora de espanhol, aposentada, e eu sou técnico em artes gráficas também aposentado. Na Ásia Central, trabalhei como voluntário em uma empresa gráfica mista que imprimia material secular e cristão de alta qualidade.
Minha esposa foi convidada para lecionar espanhol, como matéria extracurricular, para o quinto ano de economia de uma universidade. Obtivemos o visto para viver no país.
Aprendemos a língua local – o idioma russo – e testemunhamos a salvação em Jesus Cristo a muitos.
Em 2019, voltamos ao Brasil, e fui convidado para fazer parte da diretoria da nossa missão – W.H. Brasil.
Em razão de tantas mudanças e inserções em culturas diferentes, por vezes, quando comparados a certos embaixadores, até mesmo de grandes países, nós nos sentimos mais bem-preparados do que eles!
De fato, é necessário que conheçamos a cultura na qual estamos inseridos – o que podemos ou não fazer. Para tanto, precisamos estudar o tipo de governança do local e como obter o visto oficial para nos mantermos o maior tempo possível nele, precisamos nos comunicar bem na língua local e precisamos pesquisar e respeitar a religião, a cosmovisão e a antropologia do povo – o que é certo e o que é errado para os nacionais.
Então, a posse dessas verdades se soma ao reconhecimento de que somos pecadores e, portanto, o pecado nos separa de Deus, mas Jesus nos salva da morte eterna. Essa mensagem de vida eterna, que é única, deve ser aceita como pessoal e intransferível.
É exatamente essa mensagem que minha esposa e eu temos pregado para as pessoas em nossas andanças pelo mundo. Na eternidade, quando nos apresentarmos perante o tribunal de Cristo,a fé em Jesus fará total diferença.
Quantos cristãos, porém, têm o chamado para missões, mas têm deixado o tempo passar sem nada planejar! Não falo apenas sobre missões transculturais, pois a missão pode ser feita onde quer que for. Somos chamados para testemunhar nossa salvação em Cristo.
Você está na segunda… terceira… carreira?
Há mais para você… para além do que colocar pantufas e pijamas… até mesmo para além do que só cuidar dos netos!
Cuide da sua saúde física, emocional e mental.
Mantenha uma alimentação saudável.
Pratique exercícios físicos.
Proclame Jesus em todo tempo e em qualquer lugar!
Adercio da Silva Corrêa, casado com Ilda Maria Fernandes, é diretor-presidente da Missão W.H Brasil e autor dos livros Missões na Melhor Idade e Pensamentos de Comunhão com a Eternidade.