Confissão

Por Adair Porto Fassoni

Olho pela janela do mundo,

Que vejo?

Medo, ódio, rostos insatisfeitos, perversidades,

guerras, miséria, fome, inveja…

Um vento fino surra meu rosto e

sinto o gosto amargo da solidão!

O que vejo, o que sinto é real?

Identifico-me com essa humanidade

Faço parte desse quadro vivo

Ah! Esta fraqueza humana!

Meus olhos encharcam-se de lágrimas,

caí por terra e senti vergonha

de tamanha podridão.

Agora olho para o longínquo horizonte.

Que vejo?

Uma rústica cruz, no cinzento nevoeiro

e a voz do Senhor: “Vinde a mim

todos os que estais cansados e

oprimidos, e eu vos aliviarei”!

Uma brisa suave acaricia meus cabelos

Ah! Senhor! Como somos ingratos!

Eu me rendo aos Teus pés,

pronta para ser Teu instrumento,

para rir e chorar… mas Contigo,

presa no teu amor!

Senhor, aceita-me!

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Para um “dia de depressão”

Adair Porto Fassoni, 92 anos, membro da Igreja Presbiteriana de Jacarezinho, PR, professora de português aposentada.

Janeiro de 1981

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Imagem: Edson Fassoni