Envelhecimento, deserto e oásis

Firmados em Deus temos sentido de vida e podemos ser oásis para outros caminhantes

Por Tânia de Medeiros Wutzki

A médica geriatra Ana Claudia Quintana Arantes usa a metáfora do deserto para descrever o envelhecer. Se não morrermos antes, todos passaremos por momentos de vulnerabilidade, exaustão e solidão, a viagem pelo deserto é para os vivos (todos eles). Mas ela continua nesta metáfora, dizendo que a viagem pode ser menos difícil se nos prepararmos para ela, criando antecipadamente e intencionalmente nosso oásis. Os oásis representam a oportunidade de encontrar esperança, refúgio, bem-estar e sentido na velhice.

Refletindo sobre deserto e oásis, busquei na narrativa bíblica algumas situações em que eles aparecem. A primeira lembrança é a travessia do  povo hebreu pelo deserto rumo à terra prometida, e as inúmeras vezes em que Deus providenciou “oásis” para eles, como sinal de sua misericórdia, cuidado e presença, como quando o povo chega a Elim onde havia doze fontes de água e setenta palmeiras (provavelmente, tamareiras) (Êx 15.27). Em Isaías 48.17,18, Deus promete aos pobres e sedentos que abrirá rios nas colinas estéreis e fontes no vale, transformando o deserto em lago e mananciais. É evidente que estes textos se aplicam hoje aos seguidores de Jesus, e cada um de nós pode contar e lembrar as vezes em que, pela providência divina, encontrou oásis em meio aos desertos.

Mas, e a relação entre deserto e envelhecimento e os oásis?

Quando um caminhante avista palmeiras no deserto, ele sabe que elas indicam que naquele local há fonte de água, um oásis. 

O Salmo 92.12 a 14 (texto bíblico escolhido pelo Movimento Cristão 60+) diz que “Os justos florescerão como a palmeira, crescerão como o cedro do Líbano; plantados na casa do Senhor, florescerão nos átrios do nosso Deus. Mesmo na velhice darão fruto, permanecerão viçosos e verdejantes, para proclamar que o Senhor é justo. Ele é a minha Rocha; nele não há injustiça”. Ele nos indica que estar plantado na casa do Senhor, tê-lo como fonte, é estar em um oásis. Por estarmos firmados nele, temos viço e energia, seguimos dando frutos, temos propósito/sentido de vida que é proclamar que ele é justo. Podemos ser oásis para outros caminhantes do deserto.

Crescer como o cedro do Líbano indica que na velhice o justo apresenta estabilidade por ter raízes profundas no seu relacionamento com Deus, força e resistência diante das adversidades.

No “Projeto Oásis”, a dra. Ana Claudia Quintana oferece algumas dicas de como envelhecer com dignidade, saúde e leveza (mesmo no deserto):

  • Viver uma velhice com sentido e dignidade;
  • Fortalecer conexões sociais;
  • Cuidar da saúde mental e física;
  • Lidar com a finitude da vida.

Não é curioso e bonito que estes “promotores” de oásis, podem ser encontrados e vivenciados nas comunidades cristãs? Alguns de forma orgânica e natural, outros inseridos intencionalmente nas programações e espaços de convivência dos discípulos de Jesus. Desta forma, é possível ter cada vez mais idosos e idosas preparados para uma velhice com dignidade, sentido de vida, integrados na vida comunitária, com saúde física e mental, lidando bem com a finitude, pois sua esperança está em Cristo. Encontrando e desfrutando do seu oásis, seguirão dando frutos!

Tânia de Medeiros Wutzki foi coordenadora dos projetos sociais da FEPAS na Convenção Batista Independente, é conselheira da Rede Evangélica Nacional de Ação Social/RENAS, integra o grupo gestor do Projeto Retalhos de Esperança e o grupo base do Movimento 60+. 

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Imagem: Unsplash

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